Otimismo

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Três meses depois

Foquei meu olhar na garrafa de licor por longos segundos, eu odiava aquela merda, mas parecia ser a única bebida que tinha restado em casa. Eu até mandaria algum subordinado me trazer meu bom e velho uísque, mas o insuportável do Julian havia dado ordens para que eles ignorassem meus pedidos por qualquer outra droga que piorasse meu maldito humor.

Puxei a maldita garrafa e abri a tampa, tomei um gole considerável, era suave e doce demais para meu gosto, por hora serviria.

Voltei a fixar meu olhar no telefone.
Já faziam três malditos meses. Seria mais fácil se eu não tivesse que lidar com além da perda, o  fato dela estar me ignorando de todas as formas possíveis. Ignorava minhas ligações e visitas, Dominic tinha ate me informado que ela desejava encerrar nossa parceria. Eu só queria apoiá-la, afinal de contas, ela não foi a única a perder um filho. Mas eu compreendia, até porquê eu era exatamente igual. Nos meus piores momentos eu sempre afastava os outros, somente agora eu percebia como isso era uma merda.
Apesar disso, a gota d'água pra mim, foi vê-la beijando aquele homem.
Então, eu era o problema?

Bebi mais um gole do licor, novamente nada do meu agrado. Me levantei e joguei a garrafa contra a parede completamente irritado, eu precisava de uma bebida que prestasse, ignorei a sujeira da bebida e os cacos de vidro. Sai do escritório e para meu desprazer dei de cara com Julian.

— O que foi isso? — Ele questionou preocupado me olhando e olhando além de mim.
— NADA, AGORA SAIA DO MEU CAMINHO QUE EU PRECISO DE UMA BEBIDA DE VERDADE! — Gritei irritado.

— Tristan — Castle pronunciou meu nome — Isso não vai tornar as coisas melhores!
— Foda-se Julian — Reclamei com raiva — Eu preciso de uma bebida de verdade antes que eu perca o pouco de sanidade que me resta — Murmurei dolorosamente.

Flashback ON

Dominic, Kaleb, Julian e eu havíamos traçado um plano, no entanto, as coisas mudaram por completo no último momento.
Victória conseguiu entrar em contato com Dominic e isso nem me surpreendia. Na verdade, por um momento agradeci a Deus enquanto observava Dominic falar com ela e minha ansiedade me consumia.

— Tem uma pessoa querendo falar com você!  — Ele declarou me passando o maldito telefone, levei o objeto ate minha orelha com a mão trêmula.
— Você esta bem? — Foi a única coisa que o nervosismo me permitiu questionar, mas eu realmente estava preocupado com ela. Ela não estava bem, estava longe disso, mas ela era forte, ou pelo menos tentava ser naquele momento.
— Estou sim! — A ouvi responder do outro lado da linha, era audível que não estava, mas ela se mantinha.
Soltei um longo suspiro, eu já havia ensaiado o que eu pretendia falar tantas vezes na minha cabeça, eu ja deveria ter dito a muito tempo, mas eu era covarde demais para admitir aquilo em voz alta.
Aquele não era o melhor momento e nem a melhor situação, mas eu sentia que eu iria explodir se eu não falasse.
O que eu pretendia dizer era perigoso, nos tornava expostos e vulneráveis. Muitas pessoas poderiam ser aproveitar disso. Mas eu sinceramente estava pouco me fodendo, ser cauteloso nunca havia me levado a lugar nenhum.

— Escuta, sei que não sou uma boa pessoa e nem que consigo me expressar abertamente, mas eu queria te falar que EU TE AMO! Eu amo você e essa criança e no que depender de mim, daqui a algumas horas vocês dois estarão seguros comigo dentro de um avião. — Eu coloquei pra fora sem sequer esperar que ela fosse me responder de volta, ela deveria estar me achando um completo emocionado e iludido, mas eu particularmente não me importava. Eu queria que ela soubesse, eu necessitava que ela estivesse ciente disso.

Victória ficou em silêncio por alguns segundos provavelmente absorvendo, como minha maldita ansiedade estava me controlando eu resolvi chamar-lhe de volta.
— Vic? — Questionei ja me preparando para uma possível não reciprocidade.
— Eu também te amo! — Ela se declarou e meu coração pareceu parar por um momento, eu estava feliz pra caralho, mas não consegui expressar.
— Eu preciso passar a ligação para o Mr. Pink agora.  — Ela se despediu brevemente, provavelmente tentava digerir o que havia acabado de acontecer, assim como eu.  Nós havíamos nos permitidos sermos frágeis durante aqueles minutos.

— Ola senhor Blake — O homem cumprimentou. — Parece que estamos em posse de alguém muito importante — Ele concluiu com cinismo.
— Diga o seu preço — Exigi sem paciência.
— Calma, nós estamos apenas começando a negociar — O homem tentou, mas eu estava impaciente pra caralho.
— Você esta com a minha mulher e o meu filho, estou disposto a fazer qualquer coisa por eles e a minha paciência já se esgotou a  meia hora atrás — Resmunguei.  — Apenas me diga seu preço e vamos agilizar logo isso, eu ainda tenho que matar Lorenzo hoje. — Declarei impaciente.

— 4 milhões e 4 lugares em um avião particular — O homem condicionou.
— Feito — Falei — Meu parceiro vai ajustar o detalhes com você — Falei passando o celular para Dominic e seguidamente o tablet com o mapa da região aberto.

Dominic pousou o celular na mesa e o colocou no viva-voz enquanto mexia no outro eletrônico analisando a localização. Eles discutiam sobre o ponto da entrega de Victória e onde posicionaríamos o avião.
Kaleb entrou no quarto novamente, ele havia tornado a algumas horas atrás esperançoso sobre te encontrado alguns familiares e aliados restantes que não haviam sido dizimados por ele, Victória ou Lorenzo.

Fui ate ele — Conseguiu? — Questionei.
— 30 homens! — Ele revelou.
— Isso é muito pouco — Conclui — Seu irmão deve ter um exercito.
— 30 ex-militares Blake — Kaleb corrigiu-se e eu não pude deixar de abrir um sorriso no rosto.
— Mesmo assim,  os homens dele devem ser bem preparados também — Conclui analisando.
— Duvido, Lorenzo nunca se importou com esse tipo de coisa.
— Bem, ele nunca havia dado resquícios de armar um golpe e aqui estamos! — Ironizei sobre o óbvio — De qualquer forma, parece que a sorte esta a nosso favor.

— Como assim?

— Victória entrou em contato com Dominic, Lorenzo deixou mercenários encarregados de cuidar dela e pelo que eu entendi, os homens estão dispostos a trai-lo.
— Isso é uma ótima notícia, mas eu não sou tão otimista. Podemos confiar nesses caras? E se isso for uma armadilha?

Kaleb estava expondo justamente as dúvidas que eu tinha nos últimos segundos. Nós não podíamos simplesmente agir por puro e simples otimismo. As coisas nunca haviam sido fáceis na minha vida, não era agora que começariam a ser...

Flashback OFF

Mr. Blake - King Of Crime (Sem Revisão) HiatusOnde histórias criam vida. Descubra agora