Uma Taça de Sophie, por favor?

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— Como Lisa está? — Damasceno pergunta preocupado puxando minha mão e dando aquela encostada de ombro básica como cumprimento.

— Melhor. — Respondo sem lhe dar muito detalhes, em seguida retorno ao meu canto, ele se senta.

— Precisamos conversar garoto, já faz uma semana. — Ele diz.

— É! — Respondo sem querer tanta intimidade, a essa altura do campeonato a informação só podia ter vazado dele, ninguém seria tão estupido a ponto de me trair. Todos sabem a forma como lido com traidores, eu elevava em todos os níveis o significado de crueldade.

— O que? — Damasceno tinha uma expressão de indignação no seu rosto — Não acha que eu vazei a informação não é? — Questionou surpreso e me parecendo ofendido.

Olho para os lados, o Luigi's não era um dos restaurantes com a melhor estrutura da cidade mas a comida... Bem, essa com certeza era. Os criminosos de L.A consideravam lá um ponto de encontro também.

— Sei! — Respondo não convencido.

— Eu lhe garanto que isso  não vazou de mim Tristan! — Damasceno repete reforçando sua seriedade.

— Eu não suspeito de você mas creio que haja algum rato na sua operação— Divago.

Ele põem as mãos em cima da mesa e entrelaça os próprios dedos me lançando uma expressão preocupada e claramente  decepcionada.

— Pelo que eu sei também pode ter sido um dos seus Tristan! — Rebate fitando os dedos.

Eu gargalho sarcasticamente e me aproximo um pouco mais da mesa procurando encarar Damasceno.

— Os caras me conhecem Damasceno, estão cientes de como eu resolvo esse tipo de coisa. — Digo num tom desafiador, ele levanta os olhos e me encara.
— Ninguém é tão estupido assim! — Respondo seguro.

— Não sei não Tristan, foram estupidos o suficiente de atentarem contra você por que acha que eu devo acreditar nisso?

Passo a mão na testa mantendo minha tranquilidade.

— Julian e Lisa são muito minuciosos em relação a essas coisas Damasceno. É como eu lhe disse, meus empregados me conhecem, eu não contrato qualquer um.
Ele solta um longo suspiro como se estivesse impaciente e então arqueia a sobrancelha.

— Se você diz — Percebo uma expressão de dúvida porém resolvo ignorar — Não se preocupe, vou investigar isso!

Como se isso pudesse me deixar tranquilo.

— Tem alguma pista? — Pergunta curioso.

— Infelizmente não... — Minto — ... Talvez seja bom o bastardo que fez isso, encobrir direito porque eu pretendo acabar com ele de uma maneira épica! — Digo em tom de ameaça.

— Espero que esteja convencido de que eu  não tive na haver com isso,  estou a sua disposição caso precise...

(...)

Me jogo no pequeno sofá e em seguida observo a expressão de cansaço em Julian, em cima da mesa haviam alguns comprimidos, pó e erva.

— Jesus, você nunca dorme? — Pergunto

— É um clube noturno. — Argumenta deixando implícito sua devoção pela farra.

— Está ciente de que não é obrigado a vir todos os dias não é? — Entro na onda de cinismo, ele gargalha.

— Não posso reclamar Tristan, foi a vida que pedi a Deus! — Ele argumenta após colocar a maconha em cima do papelzinho e começar a enrola-lo cuidadosamente, lhe lanço um olhar repreendedor e Julian fingi que não vê.
Passo a mão no rosto, eu também estava morto.

— Pare de chapar e vá pra casa, merda, preciso de um homem amanhã e não de um zumbi chapado.

— Um homem? — Ele repete irônico — Você sabe que eu não jogo nesse time! — Tira sarro de mim.

Julian acende o bagulho e dá uma longa tragada.
Balanço a cabeça negativamente, mas que merda.

— Estou cansado demais pra lhe devolver uma resposta à altura! — Argumento — Amanhã, a festa daquela atriz lá... — Eu nem sequer me lembrava do nome da mulher.

— Que atriz?

— Esqueci o nome... — Tento me recordar. — Ela fez um filme com Nicholas Cage... Está numa série ou algo do tipo.

— Por que ela convidou o bandidão de L.A? — Pergunta com uma expressão de divertimento.

— Eu sinceramente não sei, mas nós vamos! — Digo me levantando e tomando o cigarro da sua mão junto com o saquinho de pó.

— Ei! — Ele reclama tentando pegar de volta.

— Sério? Maconha?! Você não é mais nenhum adolescente! — Digo.

— Eu só estava querendo relaxar — Argumenta um pouco estranho.

— Eu não preciso de um sócio viciado. — Digo.

Julian revira os olhos.

— Você não tem me sido útil nem sóbrio, avalie chapado!

Deixo Julian e seu uísque me dirigindo a saída da Star Night mas antes me livro das drogas querendo acreditar que ele não tinha mais nenhuma.

(...)

Julian e eu finalmente chegamos a maldita festa, entramos no evento e eu acabei chamando um pouco da atenção como de costume.

— O que os maiores criminosos de L.A fazem na festa de uma
atriz? — Julian questiona confuso, o ignoro e vou na direção do garçom que me oferece gentilmente uma taça de champagne, dou um gole e retorno para o lado de Julian.

— Lana é sobrinha de Alexander Callegari! — Meus olhos analisam ao redor procurando o maldito italiano.

— Deixa eu ver se entendi, me carregou pra essa festa idiota apenas pra escutar um "foda-se" do italiano? — Julian arqueia a sobrancelha.

— Deixa de ser pessimista! — Digo sínico.

— Você cuspiu na cara da máfia italiana Tristan, não acho que eles estejam dispostos a compartilhar uma pizza da paz — Julian constata irônico.

Ignoro a provocação de Julian e continuo procurando Alexander entre os convidados até que eu acabo encontrando Kyle e Ethan conversando com algumas pessoas.

— Parece que Kyle trouxe a putinha — Informo irônico.

— Estou me sentindo num covil do mal — Julian continua achando que suas piadas são engraçadas.

Observo tico e teco com desprezo e então volto a procurar Alexander, meu olhar para na entrada da festa e então ela surgi distraída com alguma coisa dentro da bolsa, ela levanta a cabeça e seu cabelo loiro se movimenta, logo seu par de olhos azuis mortais veem de encontro aos meus e ela abre um sorriso de satisfação digno de um oscar. Foi só olhá-la e eu sabia exatamente o que ela iria fazer, me tremi de ódio mas mesmo assim continuei com meus olhos fixos em sua direção.

Ela vinha caminhando no meio de um pequeno aglomerado de pessoas graciosamente desfilando, qualquer um que a visse sabia o quão segura de si aquela mulher era. Ela vinha na minha direção, com aquela expressão corporal perigosa e suas provocações carregadas de veneno. Eu não estava disposto a permitir que ela me visse fraquejar então continuei a encarando.

Mr. Blake - King Of Crime (Sem Revisão) HiatusOnde histórias criam vida. Descubra agora