Aviso de Gatilho: O conteúdo deste capítulo aborda alguns temas que podem gerar desconfortos e ate mesmo gatilhos (suic...., abus...). Caso queira prosseguir com a leitura, esteja avisado.
[—————————————-]— Tristan...
— Vir aqui é apenas um lembrete de quem eu realmente deveria ser — interrompi Julian com minhas divagações — Eu tentei Julian, você melhor do que ninguém sabe o quanto eu tentei não ser como esse desgraçado, mas parece que quanto mais eu tento mais a vida fica me colocando em situações que só servem para me machucar.FLASHBACK ON:
Antes de fazer aquilo, eu abri um sorriso sem humor com raiva de mim mesmo por estar me prestando aquilo. Soltei um longo suspiro e então virei a maçaneta adentrando o ambiente.
Logo o cheiro de éter subiu-me o faro acompanhado do odor das inalações. Era para aquele ambiente ser mais um cômodo da nossa casa, mas era nítido quão parecido era com um quarto de hospital. Ele havia sido adaptado exatamente para aquilo.
Ao notarem minha presença, o médico e a enfermeira largaram tudo o que estavam fazendo e saíram nos deixando sós.Olhei ao redor.
A cama hospitalar, o monitor de sinais vitais, o suporte onde ficam o soro e as outras bolsas com medicações aplicadas na veia.
A televisão, a bancada com os remédios e a bengala com joias incrustadas no punho encostada em um canto.— O que você quer? — Questionei aproximando-me da cama e observando-o. Era estranho vê-lo tão frágil e caquético, apenas a sombra do que foi um dia. Não que ele tenha sido grande coisa.
— E-eu não preciso da sua pe-pena! — disse com a voz empoeirada, eu abri um sorriso em resposta — Pena? — eu repeti gargalhando, logo em seguida puxei uma poltrona e me sentei — Nada me da mais prazer do que vê-lo definhar! — dei uma pausa ajustando meu terno — Foi você quem me chamou aqui sobre o pretexto de que estava morrendo, então seja rápido e eu não estou me referindo ao seu problema de falar.
Ele começou a tossir, era uma tosse seca e parecia ser dolorosa. O observei puxar um lenço de papel da caixa que estava na bancada próxima a sua cama e leva-la ate a boca para conter a tosse.
Soltei um longo suspiro e verifiquei meu relógio de pulso.— Eu não tenho o dia todo Christopher, você vai morrer? Devo fazer os preparativos? — questionei sem um pingo de paciência.
Ele finalmente parou dando uma longa suspirada, provavelmente na busca de ar para seu diafragma.
— Você — começou falando pausadamente mantendo a voz letárgica — É realmente cruel! — Concluiu com dificuldade.
— Eu aprendi com o melhor! — Respondi sem um resquício de culpa, levantei-me.
— Bom, você provavelmente não vai morrer e me chamou apenas para me fazer perder tempo. — Conclui suspirando de frustração — Quem sabe no próximo ano hein? Se você não morrer antes, obviamente — Declarei indo em sentido a porta, mas parei assim que o ouvi.— Espere! — Ele pediu em um tom alto, provavelmente juntando as forças que lhe restavam para conseguir pronunciar uma palavra com tanta força.
Soltei uma risada nasalada e me virei para olha-lo.
— Eu... preciso falar com meus filhos! — exigiu e eu gargalhei de novo.
— Oi?
— É o meu direito — disse me lançando um olhar de desafio — Você não pode me negar isso!Me aproximei de Christopher novamente depois de mais uma risada sem humor.
— Direito? Quem você pensa que é para vir me cobrar qualquer tipo de direito?! Você acabou com a minha vida Christopher... você não tem direito a porra nenhuma. O que você tem é sorte, em todos esses anos, oportunidades de acabar com você não me faltaram! — "cuspi"Ele puxou o ar novamente com dificuldade e agora eu notava todo o seu corpo tremer-se, provavelmente odiando o fato de estar completamente impotente e não poder me devolver um tapa na cara ou soco no estômago como quando cada vez que eu questionava suas ordens ou a forma que ele controlava minha vida durante minha adolescência.
— Na-não — negou — Eu te tornei forte.Abri um sorriso sem humor novamente me contendo para não estragar nada. Eu o queria exatamente naquela posição.
— Não — eu rebati — Você me tornou cruel, mais cruel do que você. E esse foi o seu pior erro! — pronunciei.
— Eu quero falar com Bryan! — desta vez ele conseguiu falar com a voz firme.
— Mas não vai, Lisa esta viajando e Bryan esta longe dessa toxicidade. Nenhum deles precisa de você — Esclareci controlando minha raiva.Ele começou a tossir de nervosismo novamente e levou o lenço ate a boca, aguardei ansiosamente ate ele acabar de tossir e observei o papel branco com manchas de sangue. Abri um sorriso.
— Seria tão fácil meter uma bala na sua cabeça — debochei — Indolor demais, ver você se desfazendo aos poucos foi a melhor decisão que tomei na vida. Fraco, impotente e patético. Você vai morrer sozinho e essa é a melhor vingança que eu poderia ter. — Articulei e o observei tremer-se de ódio, antes que eu saísse do maldito quarto o escutei murmurar com dificuldade.
— Te vejo no inferno filho!
Então eu parei novamente, retirei da minha calça a semi automática, verifiquei o cartucho da pistola e logo em seguida carreguei-a e coloquei em cima do colo de Christopher. Ele me olhou confuso.
— O inferno vai congelar antes de eu deixar você falar com Bryan ou Lisa — avisei com um sorriso.
— Mas você pode tentar me impedir! — sugeri olhando para a pistola.Ele respirou fundo.
— Mas você não tem coragem não é? Afinal de contas, eu sou o seu maior investimento — Conclui — Então aqui vai uma alternativa muito mais útil: Você pode pegar essa pistola, apontar para a sua cabeça e encerrar o seu sofrimento! — instiguei dando-lhe as costas — E ainda dizem que eu não tenho misericórdia! — expressei deixando aquele maldito antro.
Esperei por alguns segundos do lado de fora, nenhum barulho de disparo. Christopher era covarde demais para isso.
FLASHBACK OFF
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Mr. Blake - King Of Crime (Sem Revisão) Hiatus
Hayran Kurgu"Meu pai me forçou a entrar nisso e uma vez que dentro você acaba se acostumando, não existe dignidade, sua alma é corrompida, você não se reconhece mais, chega um ponto em que você começa a gostar do seu lado sombrio. Eu nunca quis ser um criminoso...