A aposta

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Observei aquela lápide idiota.

"Invejamos os anjos pois estão perto de ti, te amamos pai!"

Li em voz alta com desgosto.

— Que frase de merda — resmunguei, eu sempre olhava aquela frase e pensava quão estupida ela era, apenas hoje eu havia falado pela primeira vez em voz alta.
— Anjos? — solto uma gargalhada rancorosa — Se eu tenho certeza de alguma coisa na minha maldita vida, é que Cristopher nunca estaria rodeado de anjos! — murmuro com deboche.

Flashback ON

Fui desperto dos meus pensamentos ao ouvir Julian dando uma leve batidinha na porta que estava aberta.
Parei de encarar o telefone para olha-lo.

— Mandou me chamar?
— Sim — Respondi reparando que eu segurava a base do meu copo de uísque com as duas mãos e ele estava completamente vazio.
— Aconteceu alguma coisa? — Ele questionou aproximando-se, afastei minha cadeira da mesa e puxei a garrafa de uísque que estava em cima do birô, abrindo-a e enchendo meu copo novamente.
— Christopher deve estar sentado no colo do capeta nesse exato momento! — Anunciei com deboche fechando a garrafa e a pousando onde estava.

Julian me olhou confuso por alguns segundos e logo em seguida entendeu o que eu havia falado, ele sentou-se.

— Você esta bem? — questionou com o tom preocupado.
— Por que não estaria?
— Porque era seu pai! — Rebateu e eu gargalhei — A única coisa que esta me incomodando e ter que ligar para Bryan!
— Ele merece saber Tristan.
— Eu sei e ele também precisa vir para o enterro! — Declarei.
— Preciso que você faça alguns preparativos Julian! — Falei pegando o celular e o enfiando no meu bolso, logo em seguida afastei a cadeira e peguei o copo de uísque levantando-me.
— Claro, você tem alguma preferência pela cor do caixão? — Ele questionou levantando-se e eu ri.

Julian voltou a me olhar confuso.
— Eu não estou falando de caixão Julian, deixe isso para qualquer organizadora, me refiro a festa! — Revelei e ele me olhou com uma expressão de completo desentendimento.
— Festa?
— Daqui a uma semana — declarei levando o copo ate minha boca e bebendo todo seu conteúdo em um único gole, suspirei e pousei o copo em cima. — Festa? — repetiu confuso novamente.

— Uma comemoração, quero que você dê a melhor festa dessa cidade. Porém, só daqui a uma semana. Por agora nós precisamos manter as aparências para o restante do mundo. — expliquei e logo em seguida me abaixei pegando a alça da grande mala/bolsa, ergui o objeto e abri seu zíper, logo em seguida a joguei nos pés de Julian.
— Que droga é essa Tristan? — Ele questionou observando o dinheiro que havia caído pra fora.
— Você ganhou a maldita aposta — O parabenizei.
— Tristan nós estávamos bêbados e eu falei zoando.
— Seu palpite foi entre 1 e 6 anos, eu cravei em 7 anos — o relembrei — A única coisa que me frustra e saber que ele poderia ter passado mais um ano sofrendo! — completei.

Julian e eu havíamos apostado um milhão de dólares sobre quanto tempo Christopher duraria, já faziam cinco anos que o velho estava definhando então o desgraçado havia acertado.

— Parabéns! — Felicitei.
— Tristan que porra é essa? Eu não sei nem como reagir.
— Você deveria comemorar comigo Julian, nós dois o odiávamos.
— Eu sei, mas ainda sim é muita...
— Frieza? — completei e ele ficou em silêncio — Julian pelo amor de Deus, hoje é um dos dias mais felizes da minha vida! — Informei tentando tirar qualquer peso que ele achava que tivesse em suas costas — A única coisa que me deixa triste é ter que contar para Bryan e Lisa, porquê infelizmente eles sentem algum tipo de empatia por aquele miserável.

...

Respirei fundo e sai do escritório, indo para o jardim e discando o número de Bryan. Eu sequer sabia se ele iria me atender.

— Por que esta me ligando? — O ouvi questionar após o segundo toque e me surpreendi.
— Uau! — Murmurei.
— O que?
— Eu achava que você não ia me atender. — admiti.
— Você não me liga então eu suponho que algo grave deve ter acontecido.
— Sim — concordei — Christopher esta morto! — informei com frieza.

Bryan ficou em silêncio.

— Eu não matei ele, infelizmente não posso me dar esse crédito. — debochei com frieza, ele permaneceu calado.
— Bryan? — o chamei — Você esta bem?
— Eu não sei — ele respondeu com o tom de voz embargado.
— Bom, você e Lisa conheceram a parte "bonitinha" de Christopher então era de se esperar que fiquem abalados — conclui — O velório e o enterro é na quarta, dia 18 as quinze horas — informei.
— Estou permitido a ir em Los Angeles? — ele questionou com sarcasmo.
— Para o enterro sim, afinal de contas, precisamos manter as aparências. Mas depois disso, você vai embora! — informei.
— E como você esta se sentindo? — ele mudou de assunto.
— Você realmente quer saber? — questionei — Em um fucking carnaval. Um dos melhores dias da minha vida! — respondi mais amargurado  e sarcástico do que eu gostaria.
— Não é possível que você seja tão frio assim Blake!

Eu gargalhei — Estou apenas fazendo o papel para o qual ele me designou — declarei convicto — afinal, ele queria que eu fosse igual a ele!

Flashback OFF

"Amado pai" — resmunguei lendo mais uma das inscrições da lápide.
Eu de verdade não entendo essa sua maldita vontade de se torturar! — Julian resmungou, ele estava escorado em outra lápide com os braços cruzados.
— Nem eu Julian, nem eu. — concordei em desabafo.

Mr. Blake - King Of Crime (Sem Revisão) HiatusOnde histórias criam vida. Descubra agora