Sem mais vez, sem mais vez.

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Kim Taehyung

Quando abro os olhos, a primeira coisa que vejo é um Jeongguk dormindo com as bochechas amassadas e levemente rosadas pelo chão frio, expressão calma e solene, enquanto os lábios estão um pouco abertos por conta da posição. Eu até acho fofo. Se eu fosse um desconhecido, diria que ele é uma pessoa doce, calma, e que adora estar com as outras pessoas. Mas como não sou, o que me resta é admirar de longe, e congelar o momento com a câmera do meu celular. Porque de indefeso e delicado, esse touro valente não tem nada.

Enfim, o estressadinho.

-- Eles já foram? - é a primeira coisa que diz quando abre os olhos grandes, escuros e levemente inchados.

Numca o vi sendo mais educado, mas posso dizer que até agora esse jeito intimidador seja inconsequente da parte dele.

-- Já. Acabaram de sair. Como foi a sua noite? Dormiu bem? Ouvi o seu ronco, sabia? Parece um porco rabugento. Mas um porco tão lindo e doce, que me dá "Bom dia" assim que acorda. Que é gentil e que-

-- Tão cedo e você já quer levar um murro na boca?

-- Que tal uma bitoquinha?

Ele não diz nada, e rola no chão para se levantar, o que eu acabo achando graça da atitude. Jeongguk não sabe, mas o jeito "difícil de lidar dele" é uma das coisas que eu mais gosto. Porque não é uma coisa que consegue evitar, é natural, e que ele aprendeu assim. Eu entendo e me atraio por isso. Pessoas valentes.

Quando me levanto, tenho a visão perfeita de um quarto rústico de ton neutro e dourado, móveis caros e bem cuidados, e paredes de gesso branco. A luz do sol que passa da janela de vidro, ilumina o local bem diferente do que vi hoje de madrugada.

-- Aqui é bem bonito. - eu digo, olhando ao redor. Jeongguk está fazendo o mesmo, mas ao contrário de mim, ele não parece querer concordar muito.

-- É sim. - ele diz, arrumando o cinto da calça. -- Mas já vi melhores. Vamos embora. Já cansei desse lugar. - ele se afasta, eu ainda fico admirando o lugar com a boca aberta. Sem mais, acabo tirando foto desse lugar bonito. Aposto que é o quarto principal da casa. -- KIM TAEHYUNG!

-- Já vou! já vou!

Guardo o celular em meu bolso, e desço as escadas devagar. Há cacos de vidros para todos os lados, e um dono da festa tentando acordar os bêbados jogados no chão.

-- Bom dia para mim, péssimo para você que está com a casa destruída. - eu digo para o meu amigo canadense que está de mau humor. -- Acharam o cara?

-- Não. Também não liguei para a polícia. Ainda estou de porre. Mamãe vai chegar semana que vem, tenho tempo de arrumar tudo.

Vini é um cara de vinte e cinco anos, que faz faculdade de administração. Ele é bem legal, e cheio da grana, e eu adoro quando divide um pouquinho comigo.

-- Bom, já vou indo. Ligue pra Rô, ela vai saber como te ajudar.

Troco um high five com ele, deixando bem claro o quanto ele foi burro e metido por isso tudo ter acontecido. O conheço há anos, então tenho a sensibilidade de ser um péssimo amigo e ex colega de quarto. Quando chego na calçada, vejo Jeongguk falar ao telefone, enquanto uma das mãos contorna a cintura, e a expressão de raiva, o rosto.

-- Tá, eu vou desligar. É, é. O idiota chegou. Não, não, ele é Estúpido. Ew. Eca. Não! Ok. Até mais. - ele desliga a ligação, sem parar de digitar rapidamente. -- Por que demorou tanto? Não reparou que eu estou apressado?

 ̶,̶R̶e̶s̶p̶o̶s̶t̶a̶s̶ ̶C̶o̶n̶t̶é̶m̶ ̶P̶e̶r̶g̶u̶n̶t̶a̶s̶.̶ Onde histórias criam vida. Descubra agora