Em cima do flow.

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A imagem é: o meu corpo totalmente dolorido, sangue escorrendo da minha boca cortada do lado, nariz quebrado enquanto tento me manter em pé com o dedo mindinho todo rasgado. A dor é insuportável. Mas nada comparado a ter que ver o meu pai depois de anos, olhando para mim sem demonstrar nada. Nenhuma emoção. E essa é a pior sensação que eu já pude ter.

Tem sangue para todo lado, o chão da minha casa está pintado ao vermelho mais vivo, das pessoas mais mortas. É tarde, mas tão escuro dentro de mim. A minha visão está embassada pelas lágrimas grossas que não param de cair, enquanto a minha postura é de uma pessoa derrotada e a beira do abismo.

E sim, eu tenho menos de dez anos de idade.

As marcas de mãos com sangue estão pintadas nas paredes e janelas, enquanto o cabelo longo da minha irmã está espalmado sobre o sofá, com mais sangue, e ela sem respirar. Olho para o lado e percebo Giulia caída no chão, tocando o abdômen, enquanto percebo os membros separados do Liul em um rastro pela casa até a cozinha. É uma sensação mista de desespero, preocupação, mais desespero, e tudo que é de ruim.

- Volte pra cama, Jeongguk.

Ele diz, com as bochechas cheias de sangue do meu amigo, enquanto mantém a pose de bravo como sempre fez. O meu mundo está caído bem na minha cabeça, olho para o lado e não vejo paz. Só as trevas que me permitem ser a pessoa que sou hoje a procura de algo para manter o meu corpo vivo.

Porque a alma, já se foi.

Tudo isso porque papai não está em casa. Ele não quis ficar em casa... comigo.

- Eu não...

Tento gritar, a voz está na minha garganta, mas não sai, não consegue sair. Ninguém me escuta. Isso é terrível. Minhas mãos tremem, enquanto o meu coração está acelerado e desesperado, eu realmente não sei o que fazer. A casa está em um silêncio absoluto. O sol brilha lá fora, eu me afogo aqui dentro. Desvio a minha atenção para o lado, e vejo a minha mãe agachada olhando pela brecha da janela. O seu rosto está inexpressivo, ela está neutra, somente me observando tentar gritar por ajuda, enquanto o meu pai continua a matar.

- PAI!

- Não se assuste, campeão. Volte a dormir. Amanhã você tem aula e precisa estudar.

Posso sentir o meu peito dolorido, posso sentir a minha cabeça doer, e até o sangue escorrer, mas nada se compara ao ver o meu pai destruir tudo que eu consegui manter. Tudo que me sustenta até aqui. Tudo que lutei para conseguir, e agora está se esvaindo como areia sobre o vento. É tão fácil perder, e tão doloroso poder ganhar. Dor. Apenas dor.

Papai não está em casa. Papai precisar ser homem de verdade.

Grito pela minha mãe, mas ela não faz nada. Sequer fica de pé para me abraçar. O que ela quer com isso tudo? Porque fica de canto olhando as minhas atitudes sem me ajudar, como se estivesse esperando algo acontecer?

- Jeongguk!

Essa voz...

Quando olho para o lado perto da parede da porta da sala, vejo Taehyung sentado no chão, com a perna direita um pouco levantada enquanto faz sons estranhos com a boca tocando o pescoço. Ele está sem ar, com o rosto vermelho e ensanguentado. Me desespero e corro até ele.

- Taehyung...

Ele ergue o olhar para mim, está chorando, e procurando oxigênio limpo.

- Olha pra mim! Olha pra mim!

Ele está ficando roxo, entao passo os meus braços pelo tronco dele, tentando ajudá-lo a levantar. Mas as suas pernas estão pesadas, como se estivessem pregadas no chão. Ele não levanta, e por mais que eu faça força, acabo o machucando sem querer, e choro por isso.

 ̶,̶R̶e̶s̶p̶o̶s̶t̶a̶s̶ ̶C̶o̶n̶t̶é̶m̶ ̶P̶e̶r̶g̶u̶n̶t̶a̶s̶.̶ Onde histórias criam vida. Descubra agora