Enraizado.

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Acordei bem mais cedo do que o normal, com uma dor de cabeça terrível, pelo abuso do álcool ontem a noite. Consegui chegar uns dez minutos adiantado do tanto que eu fiquei pedindo ao motorista que acelerasse o carro, sendo que o atrasado era eu. Assim que pisei os pés no alojamento, foi o tempo que tirei uma foto da Yuna babando no proprio braço, pelo décimo quinto sono também adiantado. Minha mãe não desconfiou de nada, por incrível que pareça.

Assim que amanheceu, eu fiz questão de deixar o liquidificador ligado, misturando a vitamina, para que isso fosse a prova viva de um possível arrependimento da confiança que deixei sobre ela, que acordou assustada e com enxaqueca.

-- O que tem pra comer? - ela perguntou já tomada banho, vestida em uma roupa de algodão que deixou aqui há um tempo, caso "precisasse."

-- Garota burra mimada, ao molho de estupidez, com cobertura de desconfiança e incredibilidade, Servida?

Estou com o meu traseiro apoiado na bancada da pequena mini cozinha do meu quarto, perto de uma pequena sapateira preta. Não dividir quarto com outra pessoa tem o seu valor.

-- É sério isso? - ela levantou a sobrancelha e entreabriu os lábios. -- Eu já disse. Não vou fazer mais. E outra, ele terminou comigo, então não precisa ficar com essa raivinha besta.

Eu até estava pensando em cortar algumas frutas para por junto com as folhas do suco verde. Mas depois dessa, que se foda um adoçante.

-- Você não tem ideia do que aconteceu ontem, né? Encheu a cara de cachaça pura, e agora quer dar uma de vítima?

-- Eu já falei. Eu não bebi nada, o máximo que eu fiz foi fumar um cigarrinho. Que saco! Urgh!

Ela se sentou na cama, com uma carranca no rosto, calçando os tênis.

-- Tem noção da gravidade da situação que você se meteu? Poderia estar morta agora. Quem era aquele cara? Por quê não me contou? Você poderia ter morri-..

-- Mas não morri. - ela se levantou. -- Tá bom? Eu não morri. Estou vivíssima como nunca. Se espera que eu agradeça, Obrigada. Agora não me venha bancar o certo da família. A sua ficha é mais suja que a minha. Só estou seguindo os seus caminhos, irmãozinho.

Será que eu era tão insuportável a esse nível quando tinha dezesseis anos?

-- Você traiu a minha confiança.

Ela bufou, pegando o copo de vitamina da minha mão. Estou com a mão sobre a tampa do liquidificador.

-- Hum.. E o que mais? - ela limpou a boca com a palma da mão. -- Diga! O que mais eu fiz para você? Qual é? Vai me dar sermão agora? Eu sempre te ajudei quando você queria dar os seus pulos a noite. E agora vem bancar o irmão perfeito pra cima de mim? Me poupe, Jungkook! Estou cansada.

Ela amarrou os cabelos no alto. Ela sempre faz isso quando está magoada. Algo a mais aconteceu.

-- Se você quer que eu peça desculpas, vá se foder! Mimada do caralho!

Ela ficou chocada. Vejo ela franzir o cenho e dobrar a manga da camisa, emburrada. Sei que uma chuva de xingamentos virão. Então liguei o liquidificador no máximo, observando as diversas expressões de raiva, ódio, e drama que se pode existir no mundo. Cruzei os braços, esperando os lábios pararem de se moverem conforme as mãos balançam em nervosismo.

Quando ela se acalmou mais, eu segurei o botão. Mas ouvi bem o "Seu merda", então liguei novamente, deixando que o meu suco verde esteja bem triturado.

-- ...Você é um frouxo, otaku, merda, egocêntrico, desnecessário, nojento, narigudo, orelhudo, dentuço, fedorento e...Eh...

-- Resto de aborto?

 ̶,̶R̶e̶s̶p̶o̶s̶t̶a̶s̶ ̶C̶o̶n̶t̶é̶m̶ ̶P̶e̶r̶g̶u̶n̶t̶a̶s̶.̶ Onde histórias criam vida. Descubra agora