Bo2.

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-- Já não estou entendendo é mais nada dessa vida.

Giulia diz, olhando pro telão grudado na parede da área aberta do refeitório principal. Estamos encarando a tela como se ela fosse um grande enigma azul turquesa, que mostra vários nomes diferentes de pessoas que nem sabemos de quem ou de onde sairam, para no final ficarmos sem entender absolutamente nada. A área aberta do prédio está repleta de pessoas amontoadas para ver os nomes no telão.

É final de teste educacional do semestre. Assim que acabar --- daqui há alguns meses --- poderemos ter uma mini férias do Saves para o prêmio ao qual não sabemos, e assim podermos voltar pra cá, de novo.

-- Vamos, não adianta tentar. São muitas letras para mim. Tenho que poupar a fadiga. - toco no cotovelo dela, apontando para o corredor vazio.

-- E o que a fadiga tem a ver com isso?

-- Nada. Só quis deixar claro.

Ela dá risada, virando a direita. É manhã, metade do mês. Acabamos de tomar café da manhã na cantina, e agora estamos caminhando até a ala estudantil enquanto ela me conta do seu namoro sério com o Rahim. Eles conversaram bastantes e resolveram todas as questões pendentes. Até agora.

Pior parte, tenho que ficar de escuta porque é isso que amigos são obrigados a fazer. Quem decretou isso? A puta que pariu.

-- Fico feliz por você. - eu digo subindo as escadas ao lado dela para o segundo andar na sala 082.-- Mas onde eu me encaixo nisso? Quem namora é você. Eu não quero ter que ir na casa da sua sogra. É estranho e desconfortável.

-- Por que? Você é o meu amigo. Não tem nada de estranho nisso. Você só vai acompanhar a sua amiguinha preferida até a acasa da sogrinha dela. Não é maravilhoso? Um passeio de amizade feliz.

-- É agora que eu demonstro a minha humilde opinião?

Ela abaixa o óculos até o nariz para olhar pra mim. Eu até acho engraçado, se ela logo em seguida não fingisse se importar demais com a minha resposta muda.

-- Qual é, Jeongguk? É só dessa vez. Eu nunca passei por isso antes. - ela junta as mãos, em súplicas.

-- Uma hora ou outra iria acontecer. Está com medo de que?

Ela dá as costas, fugindo da minha pergunta quando chegamos no nosso destino.

-- Nada.

-- Isso foi um sim?

-- Não.

-- Parece um sim.

-- Mas foi um não.

Rolo os olhos.

-- Olha, eu até que poderia ir, na verdade. Mas eu tenho compromisso. Então não vai dar.

-- Eu tenho que fazer isso sozinha de qualquer jeito.

Ela está com os braços encostados na parede da sua próxima sala. Estou de frente para ela.

-- Por que está tão nervosa? Só vai conhecer a família do seu namoro-alguma-coisa.

-- Exatamente. Eu namoro o filho, não achei que também precisaria conhecer a família. É chato! Já passei por isso uma vez e foi tudo tão ruim. Sinto vergonha até de pensar.

Ela está parecendo uma personagem de filme antigo com um lenço verde na cabeça.

-- Foi tão ruim assim?

-- Aham. Eu até fiquei sabendo que a família da minha ex espalhou fofoca sobre mim depois que terminamos o namoro. Meio que eu estava saindo com duas irmãs ao mesmo tempo, mas eu não sabia.

 ̶,̶R̶e̶s̶p̶o̶s̶t̶a̶s̶ ̶C̶o̶n̶t̶é̶m̶ ̶P̶e̶r̶g̶u̶n̶t̶a̶s̶.̶ Onde histórias criam vida. Descubra agora