Não sei o que me deu quando decidi que assinaria outra vez o cartão de consulta com o senhor wattanabi. Depois de um surto interno que tive comigo mesmo ontem a noite, conclui que faria uma visita ao psicólogo do Hospital. Ele ficou surpreso com a minha presença, acho até que deixou um suspiro escapar dos lábios por tanto que piscou os olhos ao me encontrar sentado na cadeira de frente para a mesa bagunçada dele.
-- Que surpresa boa. - ele disse, animadamente. -- Ao que devo essa honra de tê-lo aqui em minha humilde sala, outra vez, senhor Jeon.
-- Não sou senhor. E só Jeongguk está de bom tamanho. Obrigado.
Ele ajeitou o jaleco. Gosto do jeito educado dele, mas para mim é muito mais fácil ser direto ao ponto, do que enrolar e não acabar falando nada, porque já é difícil eu estar aqui, imagine sair sem que as minhas preces não sejam ouvidas.
-- Ok, então. - ele abriu a tampa da caneta e olhou para a prancheta na mesa. -- O que quer falar comigo?
-- Não vai me perguntar como foram os meus dias desde a última consulta?
Ele olhou para mim por instantes.
-- Tudo bem, então. Como foram os seus dias desde a nossa última conversa?
-- Eu não bati em ninguém. Estou indo as aulas sempre que posso. Meu amigo arranjou um passatempo novo. Estou melhorando na minha alimentação aos poucos, a minha família ainda me odeia, e eu odeio um garoto. - ele está em silêncio. -- Ou seja, não mudou muita coisa. Mas sigo em frente.
-- Quer falar dessa raiva com esse garoto?
-- Não. Ele é um idiota qualquer, não vou com a cara dele, mas não é sobre isso que eu quero conversar hoje.
-- Diga então.
Eu posso simplesmente sair daqui, mas não dormi direito ontem pensando nisso. Então é melhor eu encara e perguntar se uma vez por todas.
-- É um pouco estranho falar sobre isso. Mas... Será que existe alguma magia ou sei lá, qualquer coisa que mude as atitudes de uma pessoa rapidamente?
Com certeza ele está confuso, a sobrancelha arqueada demonstra claramente isso.
-- Tenho receio em perguntar o motivo.
Eu ri.
-- Não é nada demais, é só...uma coisa que venho pensando bastante. O senhor me disse para ir anotando cada ideia ou mudança em minha vida, eu estou fazendo isso. Mas preciso de uma resposta.
Tudo bem que pode parecer estranho, e é, mas o que é normal? Nem eu sou.
-- Jungkook, meu filho. Já procurou algum especialista?
-- Estou de frente pra ele.
-- Sei lá. Uma cartomante, bola de cristal, horóscopo...
É legal que ele sempre seja essa pessoa mais descontraída, eu gosto disso. Mas quando é para falar sério, gosto de manter as coisas firmes e diretas. Ele deve ter percebido isso, que não demonstrei graça com a sua piada, então se ajeitou mais na cadeira, olhando fixamente para mim.
-- É sério, Doutor. Eu estou em uma corda bamba interna.
-- Bom, para isso. Precisarei que você me diga do começo. Do que realmente se trata esse desespero todo? - Suspirei profundamente. Relaxando os meus ombros.
-- Talvez o senhor não tenha percebido, mas...eu não me dou muito bem com a relação "Pais", em questão.
-- Nossa! Nem percebi.
É até estranho falar essa palavra, na real, nem sei se ela faz parte do meu verdadeira vocabulário ou -sei-lá-o-que- que eu tenho.
-- É até estranho falar disso, de verdade. Eu estou querendo ir embora agora. - desviei o olhar para as mãos que transpiram.-- Mas...Depois da nossa primeira conversa, eu me senti mais, hm..Aliviado. Foi como escrever um segredo, entende? Por isso só quero que me escute e depois me responda da melhor maneira.
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̶,̶R̶e̶s̶p̶o̶s̶t̶a̶s̶ ̶C̶o̶n̶t̶é̶m̶ ̶P̶e̶r̶g̶u̶n̶t̶a̶s̶.̶
Fiksi PenggemarOlá leitores do meu Diário, aqui a quem vos fala sou eu, Jeon Jeongguk. Um Jovem que cresceu tendo um péssimo relacionamento com o meu pai biológico, que me deixou com minha mãe quando eu tinha apenas cinco anos de idade. Tendo dificuldades de conví...