Querer.

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É sábado, e eu estou há três minutos esperando o imbecil de cabelos castanhos, sentado na cadeira alta do bar que costumava frequentar há alguns anos, no ensino médio.

A cada segundo que passa, olho para o meu relógio preto de pulso, batucando os pés, enquanto observo a Bargirl morena agitar uma bebida verde no copo e entregar a um casal de garotas que estão sentadas ao meu lado.

Escolhi esse lugar porque é o mais próximo da minha antiga casa, então, qualquer coisa que aconteça, posso fugir para lá. Não sou muito de sair, então não conheço muitos lugares por aqui. Este é o único que ainda me sinto confortável. Para resolver algo sério, preciso estar em um ambiente familiar.

No entanto, como nem tudo é perfeito, acabei pisando em espinhos.

O lugar está lotado, com vários universitários bêbados. Na mesa mais ao fundo, há uma comemoração, talvez um aniversário. À direita, vários caras barbudos, repletos de tatuagens, com garrafas de cerveja espalhadas pela mesa, deixam claro que a diversão por aqui não tem limites. Não era isso o que eu queria, só queria um lugar tranquilo, mas percebo que passei tempo demais sem sair de casa, e o barzinho peculiar que costumava frequentar mudou. Agora, é um lugar vibrante, com cores azul, lilás e rosa, e poltronas aconchegantes que estão sendo aquecidas por pessoas de toda parte.

– Não vai beber nada? – a garota barista perguntou, apontando para a pilha de garrafas na estante atrás de mim.

– Não. Estou esperando uma pessoa. – Ela sorriu. O som estava alto, então ela se aproximou mais do balcão para que eu pudesse ouvi-la. – Mas valeu.

– É aquele ali?

Desviei o olhar na direção do dedo dela, apontando para alguém atrás de mim.

Lá estava Taehyung, perto da porta, procurando por mim. Quando me viu, sorriu e começou a caminhar na minha direção. Não sei se é impressão minha, mas sua expressão mudou: as sobrancelhas franzidas e um leve rubor nas bochechas.

– Onde você estava? Eu te liguei mais de dez vezes. – Ele levantou o celular na minha frente, mostrando as chamadas não atendidas.

– Eu estou aqui há mais de vinte minutos. O celular descarregou. A pergunta é: onde você estava, não eu?

Ele ergueu uma sobrancelha, olhando para todos os lados, como se estivesse procurando por alguém. Eu tentei ligar, mas me perdi no caminho e a bateria do meu celular estava quase no fim, então só deu tempo de abrir o GPS e procurar o local.

Ele suspirou e balançou a cabeça, voltando a olhar para mim.

– Poderia ter pedido o celular de alguém, né? – Ele se sentou ao meu lado e colocou o celular sobre o balcão. – Dado um jeito.

– Você está atrasado. Sem opinião.

Ele rolou os olhos. Eu desviei o olhar para a barista, que estava preparando outra bebida.

– Por que esse lugar? Aqui está muito barulhento. Não vai dar para conversar.

Olhei para ele, tapando os ouvidos com as mãos.

– Parece que mudou muito mesmo. – Olhei ao redor. – Tem algum outro lugar em mente? Eu só quero acabar com isso de uma vez e voltar para o dormitório.

– Hoje é o dia de folga do Saves.

– Dos outros, não o meu.

Só de pensar em voltar para casa e escutar os sermões da minha mãe e ter o Liul apontando meus erros, já me dá crise de ansiedade. Prefiro ficar no dormitório. Pelo menos lá, no meu quarto, ninguém me julga.

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