Já faz duas semanas que estou preso nesse lugar ridículo. Não posso usar meu celular, nem computador, ou qualquer coisa que possa me distrair das revisões diárias de saúde. Estou de saco cheio até das pessoas que passam por mim, como se quisessem me devorar por ódio ao qual eu não sei explicar o motivo.
Não é como se eu fosse um problema aqui, eu nem falo com ninguém. Sempre que passo pelo corredor, apresso os meus passos e ergo a cabeça, clamando para mim mesmo, poder correr e me ver longe de todos que me olham estranho. Sempre que passo pelo refeitório, pego a minha comida, e corro para as arquibancadas afim de ler um livro enquanto como a comida sem gosto algum.
"Até o meu paladar aguçado está confuso com isso tudo."
Às vezes eu converso com o Yoongi sobre algumas coisas, nos aproximamos um pouco, mas é bem vago. Ele participa de algum tipo de clube provisório do hospital, que fornece alguns rendimentos comparados aos outros que não fazem nada. Eu.
O que eu faço é: Ficar no quarto olhando para a parede, ou fazendo alguns abdominais, enchendo a minha cabeça com os livros que leio, andando igual a um zumbi, faltando algumas aulas vocacionais obrigatórias, ou dormindo o dia inteiro. Nem sei para que estou aqui, não está me servindo de nada desse jeito.-- Você já parou para pensar em como nada faz sentido, e que talvez as coisas só acontecem do nada?
Yoongi proferiu depois de me chamar de "cuzão" por tê-lo obrigado a faltar aula de confissão pela manhã.
-- Não fazer sentido, tem sentido.
-- E qual é?
-- Não fazer sentido.
Ele mostrou o dedo do meio para mim. Estou deitado na parte mais alta da arquibancada do campo de esportes, aproveitando a pouca sombra que faz quando a nuvem fica a frente do sol. Yoongi está sentado em um banco abaixo do meu, encurtando as vistas por conta do sol.
-- É sério. Idiota. Pense bem, você é melancólico e depressivo. Às vezes é triste até demais. Não faz nada o dia todo, e fica fugindo das obrigações a maior parte do tempo. Não presta para nada, e só falta me bater quando eu abro a boca, tipo agora...
Eu ja disse que ele calado é um poeta?
-- Quer levar um soco?
Ele riu.
-- Eu só quero dizer que nada do que você faz, faz sentido. Mas ao mesmo tempo faz sentido porque você está fazendo, e isso está resultando em algo.__ele olhou para frente, onde alguns caras estão correndo pela quadra. -- É estranho mas...se eu estou vivendo, então porquê me sinto morto?
Essa é o tipo de pergunta que eu me faço todas as manhãs quando acordo. E mesmo que eu tente achar sentido, não encontro nenhum, e acabo me auto afirmando como sem sentido também, é estranho, mas fazer o que!
-- Talvez você esteja vivendo do jeito errado.
Essa é a desculpa que uso sempre.
-- Então qual a maneira certa para que tudo isso passe? __ele voltou a olhar para mim. -- Você está me entendendo, Jungguk. Você também pensa desse jeito, não é?
Algo em Yonngi transparece sobre mim. Muitas das coisas que ele pensa ou se pergunta, em algum momento da vida já passou pela minha cabeça oca e sem sentido de respostas ou convicção.
-- Eu também me faço essa pergunta, Yoon. Na real, estou tão perdido quanto você.
Ele riu negando com a cabeça.
-- Você não está perdido. É só uma confusão de um cara sem motivação.
Ele se levantou, e ajeitou o cinto da calça olhando para mim.
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̶,̶R̶e̶s̶p̶o̶s̶t̶a̶s̶ ̶C̶o̶n̶t̶é̶m̶ ̶P̶e̶r̶g̶u̶n̶t̶a̶s̶.̶
FanfictionOlá leitores do meu Diário, aqui a quem vos fala sou eu, Jeon Jeongguk. Um Jovem que cresceu tendo um péssimo relacionamento com o meu pai biológico, que me deixou com minha mãe quando eu tinha apenas cinco anos de idade. Tendo dificuldades de conví...