Irradiação.

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Estou sentado na minha cama, com as costas na parede, enquanto leio o maldito livro de MBTI que infelizmente ganhei. Eu não deveria, mas fiquei interessado em tentar descobrir o porquê das pessoas gostarem tanto de se rotularem assim. Confesso que já tive a minha fase de signo, mas acabei me aposentando quando a as coisas começaram a sair do meu eixo. Não dá para controlar tudo. E eu estou aprendendo  isso agora.

Escuto alguém bater na porta repetidas vezes. O estrondo é  como se a porta estivesse recebendo uma dúzia de pedras. Na verdade, a garota de cabelos azuis está a vinte segundos em pé, tentando escutar do lado de fora o som da minha respiração do lado de dentro.

-- JEONGGUK?

-- Tô dormindo!

Escuto ela estalar a língua no céu da boca, enquanto eu mudo a página do livro.

-- Precisamos conversar, é importante.

-- Achei que não precisasse mais da minha ajuda. Agora que está namorando com o irmão do Matheo, e me usou como cobaia para conseguir bolo.

-- Para com isso, Jeongguk! Eu não estou namorando o Rahim, e também eu dividi o bolo contigo.

-- Uma migalha.

-- Problema seu!

Ela bate na porta novamente, com mais força. É terça, de manhã, as aulas foram suspensas porque um professor que tinha se aposentado acabou falecendo, e como a TV do estado apareceu aqui para fazer a reportagem do dia em homenagem. Giulia ficou lá embaixo para participar dando entrevistas, já que o sonho dela é  ser famosa e rica. Até me perguntou se eu queria dar meu humilde depoimento, e a minha resposta foi subir a mais rápido possível para o meu quarto. Na verdade, ninguém está nem aí pra isso. O batalhão que faço parte, está cheio de antissociais e introvertidos. Formos os primeiros a subir. E pode até parecer falta de empatia, mas eu não o conhecia, então estou na minha razão de não me preocupar com isso.

-- Jeongguk...

Eu fecho o livro e fico de pé para abrir a porta. Ela é insistente, e não vai parar até conseguir o que quer. Viro a chave na tranca, e abro a porta, voltando a me sentar na cama.

-- Se for por causa do bolo, pode ir embora. - eu digo, prestando atenção no livro em mãos. -- Estava ruim.

Ela está parada no meio do quarto, olhando para mim.

-- Não é sobre isso. Olha me escuta. Acabei de chegar da casa do meu pai e-

Ergo o olhar para ela.

-- O seu pai?

-- Sim, me escuta. - ela está nervosa, e um tanto inquieta quando fala. -- Eu vim correndo pra cá, e até levei uma multa por excesso de velocidade, mas acho que você precisa saber porque-

-- Se for mais uma das suas baboseiras, a resposta é não.

-- Não é, eu juro. Você precisa acreditar em mim. Só você pode me ajudar.

-- Não sou o Messias.

Ela pega o livro da minha mão.

-- Mas é um Jeon. E isso serve!

Solto um longo suspiro, cruzando os braços ao redor do peito. Eu acordei bem cedo hoje, e aproveitei para da uma caminhada já que todos estavam dormindo. Então estou um pouco cansado e com dor de cabeça.

-- Ok, fala.

-- Eu acabei de chegar da casa do meu pai e acabei descobrindo que o Charles 2 faleceu e agora estão decidindo quem irá ficar na liderança do Saves.

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