Rebuscar.

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Yoongi piscou algumas vezes, ainda tentando conectar os pensamentos. Ele levou a mão preguiçosamente ao canto da boca, limpando a baba com as costas da mão e estreitando os olhos em minha direção, como quem tenta focar em algo que parece estar embaçado.

— Hã? Festa? — Ele bocejou, inclinando a cabeça para o lado, os cabelos bagunçados indicando que o travesseiro de braço não era dos mais confortáveis. — Do que você está falando? Eu só dormi umas... três horas, acho. — Ele esfregou os olhos e deu de ombros. — Acordei mais cedo pra vir pra cá, e olha onde isso me deixou.

— Nossa, que sacrifício! — ironizei, cruzando os braços e encarando-o com um sorriso provocativo. — Se soubesse que você ia dormir aqui, tinha trazido um travesseiro.

Ele franziu a testa, meio emburrado, mas havia um brilho de cansaço no olhar que denunciava que ele não estava com energia para rebater de verdade.

— Você sempre chega distribuindo graça logo de manhã? Ou guardou essa pra mim? — perguntou, jogando o corpo contra a cadeira e coçando a nuca, onde uma marca avermelhada do braço também começava a aparecer.

Eu ri, girando levemente a cadeira para frente e para trás.

— Claro, um privilégio só seu, Yoongi. Não se sinta tão especial. — Meu olhar caiu novamente sobre o jeito desleixado dele, o cabelo desarrumado, o olhar sonolento... Era difícil não rir. — Mas sério, da próxima vez, tenta não babar no braço, tá? Vai parecer que tá derretendo em público.

Ele revirou os olhos, apoiando o queixo nas mãos enquanto deixava escapar um suspiro teatral.

— Claro, vou me lembrar disso quando estiver exausto de novo. Obrigado pela dica de etiqueta, Jungguk.

Eu soltei uma risada curta. Yoongi era um caso à parte, mas, por algum motivo, essa interação boba tornava o início da manhã um pouco mais suportável.

Yoongi ainda parecia flutuar entre a consciência e o torpor enquanto me lançava um sorriso preguiçoso, os olhos semicerrados e as pálpebras pesando mais do que ele provavelmente queria admitir.

— É sério, cara. — Ele deu uma risada fraca, a mão permanecendo no meu ombro como se precisasse de apoio para não escorregar de volta para o sono. — Você não sabe o que perdeu. Tava bom demais. Gente dançando, música alta, um caos maravilhoso.

Eu arqueei uma sobrancelha, afastando a mão dele suavemente.

— Gente suada se esmagando ao som de música ensurdecedora? Ah, é claro, minha definição de paraíso! — disse com sarcasmo, girando os olhos.

Ele deu de ombros, os dedos coçando o próprio braço.

— Você é muito amargo. Tem que se soltar mais.

— Ou talvez você que devesse aprender a ficar quieto e dormir no conforto da sua cama em vez de no braço da cadeira da "escola"— Retruquei, jogando o corpo para trás na cadeira.

Yoongi riu novamente, mas o som saiu rouco e fraco, quase como se o cansaço estivesse cortando pela metade qualquer tentativa de entusiasmo. Ele voltou a fechar os olhos, a cabeça encostando de leve no encosto da cadeira, e parecia pronto para adormecer novamente.

— Não é justo... — murmurou, sem abrir os olhos, a voz quase sumindo.

— O quê? — perguntei, me inclinando para entender o que ele dizia.

— Você fica todo certinho e me julga, mas no fundo aposto que queria ter ido. — Ele abriu um olho só, como se estivesse me avaliando. — Qualquer dia, Jungguk, eu te arrasto pra uma dessas festas.

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