Sendo quem sou.

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É dia, quinta feira, estou no quarto do alojamento, com a vassoura na mão, enquanto a Yuna segura uma pá, para que eu pegue o lixo enquanto ela reclama de ter acabado de fazer as unhas antes de vir até o meu quarto, tentar me convencer que preciso arranjar coragem e sair da minha toca.

-- Papai me disse que veio aqui alguns dias atrás. - ela diz, abaixada perto cama, enquanto eu limpo a minha sapateira, depois de ter jogado o lixo fora.

-- Ele disse tanbém que foi o maior erro da vida dele?

-- Não, mas pela cara dele quando chegou em casa, ele pensou bastante nisso, com certeza. A sua sorte é que eu sou muito legal, e não contei pra mamãe. Caso o contrário, você estaria com o sapato agulha enfiado no fundo da sua garganta por ter gritado com o papai daquele jeito.

Ela joga o pano branco em minhas costas. O pego, e vou limpar a estante, enquanto ela está sentada no chão, passando um pano em meus livros de Direito.

-- E o jeito que ele falou comigo, não conta?

-- Não. Você não tem opinião.

Ergo o meu dedo do meio para cima, de costas para ela. Toda quinta, é dia de faxina e o quarto, é regra do alojamento, já que nessas últimas semanas, a demanda de visitantes está mais elevada do que antes, depois que uma propaganda enganosa pôde fazer as cabeças das pessoas acreditarem que aqui é o famoso paraíso que tanto almejam encontar.

Yuna está sentada na minha cama, depois de eu ter trocado o forro da cama, me olhando terminará de passar pano no chão. Tive que lutar bastante para poder sair da cama. A preguiça bateu de com força nessa manhã, eu estava dormindo quando a mimada da Yuna avisou que estava subindo, e que eu me levantasse rápido.

Coloco os meus pôsteres de banda na parede ao lado da cama, e mudo a posição do abajur que fica pregado na parede acima da cama. Para terminar, passo um spray de lavanda pelo quarto, em seguida em um ponto mais específico sobre a garota que cobre o nariz, reclamando do cheiro.

-- Não sabia que você fazia esses tipos de coisas? Aqui não tem nenhuma pessoa que arrume os quartos? Afinal, vocês estão pagando para ficar nesse lugar. - ela diz, com uma perna sobre a outra, encostada na parede.

-- Para eles, eu sou um doente. O que me diferencia dos outros, é que eu não sou babaca como muitos daqui são.

Ela ri.

-- E também que você é privilegiado por ter um quarto só seu. Bem legal...!

-- Não escolhi isso.

-- Você não. Mas, mamãe sim.

Seguro o rodo com a mão direita, erguendo a sobrancelha para a garota.

-- O que isso tem a ver? - ela mexe os ombros.

-- Nada.

-- Quem nada é peixe.

-- Bom pra eles.

Ela engatinha até o travesseiro, deitando de barriga para cima, olhando para mim.

-- Yuna?

-- O que? - ela ri. -- Eu não vou dizer nada se você quer saber.

Ela está escondendo alguma coisa, e claramente está usando da facilidade de manipulação, para ter algo ao seu favor. Com um sorriso maléfico, procuro as minhas meias pelo quarto. Amanhã vai ser o dia de lavar roupas sujas, então há uma boa quantidade de meias usadas no cesto. Pego a meia suja, erguendo para ela, que está negando ao mesmo tempo que rir nervosa.

-- Jungkook, não! - ela diz, ficando de pé na cama. -- Por favor, tudo menos isso. Você fede.

-- Me diz o que sabe, daí você não vai precisar sentir.

 ̶,̶R̶e̶s̶p̶o̶s̶t̶a̶s̶ ̶C̶o̶n̶t̶é̶m̶ ̶P̶e̶r̶g̶u̶n̶t̶a̶s̶.̶ Onde histórias criam vida. Descubra agora