̶,̶R̶e̶s̶p̶o̶s̶t̶a̶s̶ ̶C̶o̶n̶t̶é̶m̶ ̶P̶e̶r̶g̶u̶n̶t̶a̶s̶.̶

Contínuo.

Os estudos dizem que pessoas que criam gatos, vivem mais. Contudo, e as pessoas que gostam de gatos mas não podem criar, vivem metade do tempo?

Isso sim é um pensamento que pode mudar uma vida inteira.

-- Aqui diz que os porcos gozam trezentos ml, durante trinta minutos. Dá pra acreditar? - Giulia proferiu apontando para a revistas de curiosidades animal que ela encontrou na biblioteca.

-- Nossa! Por isso a expressão. "Gozar feito porcos." - Yoongi disse, deitado na segunda fileira da arquibancada, com um livro de psicologia sobre o rosto.

Estamos aqui há uma hora. Tivemos aulas práticas e em grupos hoje, meu pior pesadelo. Ter que me apresentar para multidões é sempre uma atitude muito chata para mim, que mal gosto de sair, muito menos sair e ter que conversar forçadamente com algumas pessoas. Será que sou uma pessoa ruim por isso?

-- Por que a gente bota a calça, e calça a bota? - perguntei. Giulia tocou o queixo em um modo pensativo. Já Yoongi, permaneceu calado.

-- Boa pergunta. - ela disse, assinto.

-- Mudou a minha vida. - Ele debochou. Estou sentado na fileira do meio, então o chuto de leve para o lado, o que o fez desequilibrar e quase cair na outra fileira.

-- Pare de ser chato. Não foi tão ruim assim.

Ele ficou sentado, olhando para mim.

-- Você é péssimo.

-- Ah, então o seu " Chamamos de meio ambiente, porque destruímos a outra metade", Foi melhor que o meu?

-- Sim.

-- Pelo menos a minha é pra rir, não pra chorar.

-- Ele tem um ponto, Yoongi - Giulia disse folheando as páginas.

O azedo deu de ombros, ajeitando a camisa no corpo, sem olhar para mim. Isso tudo é porque eu o acordei mais cedo do que deveria, quando o meu celular descarregou, e eu não parei de ligar do interfone para ele as quatros e meia da manhã.

-- Não importa, otários. - ele se levantou, olhando para a gente.-- Estou indo almoçar. Vocês vão?

-- Depois. - digo. -- Não quero ter que enfrentar fila.

-- Vocês que sabem. - ele desceu os degraus de dois em dois, e desapareceu depois do poste cinza.

-- Será que ele ficou com raiva por eu ter discordando dele? - Giulia perguntou olhando para a revista.

-- Não. É só típico dele fazer isso, ele nunca vai confirmar. Mas eu sei que adora um drama.

Ela sorriu. Acabamos nos encontrando por acaso quando o sinal tocou da última aula, e ela acabou tendo que estudar aqui, na arquibancada, depois que a biblioteca fechou, por causa da hora do almoço.

-- Às vezes eu acho que ele não gosta muito de mim.

-- Por que diz isso?

-- Sei lá. É algo que eu sinto, é difícil de explicar.

Ela abaixou um pouco olhar, mesmo que não dê para ver direito, o rosto se tornou mais sério.

-- Eu entendo, tanbém sentia isso no começo. Não é sua culpa achar isso. - ela parou de folhear.-- Às vezes até eu fico pensando se ele está sendo sincero com o que diz. Mas também me sinto culpado por pensar nisso, aliás, é o meu amigo, não é fácil saber que ele pode estar mentindo até quando diz que é o meu amigo. Mas não acho que seja isso, ele gosta de você.

Ela assentiu, pensativa. Houve alguns segundos de silêncio, somente sendo ofuscado pelo barulho do vento varando na bandeira grande pregada em um arame no teto aberto.