Porta.

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Quando abro os olhos, sinto as minhas pálpebras pesarem, enquanto a minha boca entreaberta solta a respiração, e aquele choque intenso de algo passando pelo corpo se esvaindo, conforme o meu coração acelerado deixa claro a minha manhã de segunda que acabara de começar --- daquele jeito --- prazerosa o suficiente para dizer um "bom dia" mais alegre hoje. Entro no banheiro para tomar um banho gelado, que só assim, irá acalmar os meus nervos aflorados.

Estou atrasado, escovo os dentes rapidamente, quase deixando um pouco de pasta de dente cair na roupa.

Quem diria que eu estaria assim. Nessa situação? Confesso que tenho receio de ser taxado de hipócrita, mas no momento, só estou preferindo sentir o momento e as sensações que ele possa me causar durante a minha procura pela sensação.

Tudo se resume a isso: sentir, afinal.

As minhas frustrações são consequências avassaladoras de coisas que já me aconteceram antes, eu sei disso perfeitamente. Mas por agora, não posso conter o sentimento de me reunir ao extremo de uma grande questão que martela na minha cabeça: Devo continuar, ou parar enquanto anda dá tempo? Não é muito sobre mim, mas sobre o que envolve, e mesmo que eu negue, sim, tenho medo de acabar gostando demais disso.

Mas eu só quero foder, não me comprometer. Então, o meu "acho", talvez se transforme em um exemplar "Sim, foda-se."

-- Você parece bem. Qual foi a da vez? - Yoongi pergunta, sentado na cadeira ao meu lado da sala 081. -- Você conseguiu dormir bem?

-- Quem me dera. A minha noite foi terrível, e eu nem digo isso por ter quase sido morto pelas crianças. Tive uma dor de cabeça muito forte, mas consegui tirar um cochilo perto do amanhecer.

Estamos sentados mas últimas cadeiras da terceira fileira. O professor está tirando alguns papéis de uma maleta azul turquesa, enquanto os alunos se aposentam nos devidos assentos.

-- Fiquei sabendo que o professor vai fazer uma viagem extracurricular. - Yoongi diz, masclando um chiclete de cereja, ao meu lado esquerdo. -- Ele e a esposa dele. A professora que te expulsou da aula. Lembra?

Fico surpreso.

-- Eles são casados? Eu não sabia.

-- Agora sabe. O professor é dono de uma alfaiataria no México, ele vai ficar de licença amanhã, junto da esposa. Acho que vai entrar alguns professores substitutos. - ela faz um bola com o chiclete. -- Espero que pelo menos o professor seja bonito.

-- Você nem sabe se são "eles."

Mexe os ombros.

-- Eu sou sensitivo, ok? Da outra vez eu falei que ia chover, e choveu. Você deveria me agradecer por ter compartilhado isso com você.

-- Uau! Mudou a minha vida saber do segundo emprego do professor. - zombo.

-- Não é só isso. Tem boatos que ele sai com a secretária do comitê do Saves. Eu não sei ao certo, mas eu acho que a esposa dele sabe, porque eu já vi eles discutindo um tempo desse, no terraço.

Arregalo os olhos.

-- Eles foram pro terraço?

-- Sim. Não só ele, a maioria daqui vão. Você acha o que? Nem todo mundo é virgem igual a você.

Ele estoura a bolha de chiclete, olhando para mim. Os olhos pequenos podem parecer inocentes, mas a língua é afiada como um bisturi amparado de um médico cuidadoso.

-- Como sabe que eu sou virgem?

-- Você é mesmo?

-- ... Nasci em setembro. Então sim, eu sou de virgem.

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