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─ Ora pai, quantas vezes terei que pedir para não insistir nisso? ─ praticamente rosno enquanto caminhava pela calçada, e o meu tom de voz chama a atenção de quem caminhava ao meu redor

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─ Ora pai, quantas vezes terei que pedir para não insistir nisso? ─ praticamente rosno enquanto caminhava pela calçada, e o meu tom de voz chama a atenção de quem caminhava ao meu redor.

─ Vincenzo, não me peça para ficar quieto, você sabe muito bem onde deveria estar neste exato momento! ─ bufo ─ e não bufe para mim, imagine só a minha surpresa ouvir de sua secretaria que não apareceu na empresa hoje e que nem te encontrou em casa! Onde você está, Vincenzo Ferrari?!

─ Eu te avisei, te disse que iria tirar um tempo para mim! E prefiro não dizer o meu paradeiro, pelo menos por enquanto ─ respondo e tive certeza de que se tivéssemos cara a cara neste momento ele teria voado em meu pescoço.

─ Mas eu não concordei com essas férias, achei que tivesse deixado isso claro na última vez que nos vimos! ─ rebate raivoso.

─ E o que eu quero não deve ser levado em questão?! Já disse, são apenas alguns dias, então não venha me encher! ─ não lhe dou tempo para responder e desligo a chamada.

O sermão virá com certeza.

Já deveria sim ter me acostumado pelo fato do meu pai ligar mais para a empresa do que para o próprio filho.

Não vou negar que gosto de administrá-la, mas acabou ficando cansativo com o tempo, sempre fazer a mesma coisa, acordar, tomar café, ir para a empresa, ficar lá até o anoitecer e posteriormente seguir em direção para casa, acabou virando um ciclo sem fim.

Tem sido assim a um ano e meio, desde que meu pai decidiu que estava na hora de se aposentar e passar a Ferrari adiante.

Acabei decidindo retomar as rédeas da minha vida, mesmo que seja apenas por alguns dias e decidi passa-los em um apartamento que tinha no centro da cidade, era simples e aconchegante, totalmente o oposto de minha casa.

Mas o melhor, era que ninguém sabia de seu paradeiro, nunca cheguei a comentar com minha família sobre ele e se depender de mim permanecerá assim, ao menos terei um lugar onde poderei respirar longe da loucura de ser quem eu sou.

Mesmo estando no anonimato, uma simples palavra sobre o meu sobrenome e todos passam a saber quem sou e o que faço.

─ Não! Espere por favor! ─ uma fala em francês chama a minha atenção, e avançando um pouco mais na rua, vejo a dona da voz doce ─ Mi sono perso, voglio solo alcune informazioni ─ "Eu estou perdida, apenas quero uma informação" ─ pareceu estar um pouco desesperada, então por que não ajuda-la?

─ Com licença? A escutei dizer que estava perdida, eu posso ajudar, se quiser! ─ pronuncio perfeitamente em francês. Uma vantagem de ser filho de quem sou é saber o máximo de línguas possível, a maioria dos acionistas e colaboradores eram de outras nacionalidades.

A francesa de cabelos loiros se vira para me encarar, e talvez tenha passado um minuto o fazendo, já que notei seus olhos me analisando.

─ Senhorita?

─ Ahn? ─ ela pareceu acordar do transe em que estava ─ ah, sim, sim, estou precisando de uma pequena informação ─ parando de falar, ela retorna a me encarar enquanto eu a esperava falar qual era a tal informação.

Não pude deixar de analisa-la também, se ela estava o fazendo na cara de pau, por que eu não poderia também?

Seus olhos castanhos brilhavam com a luz do sol, e seus cabelos loiros balançavam a cada ventania que dava, aparentava ter no mínimo uns vinte e três anos.

─ Sabe para onde fica a Via del corso? Eu estava indo para lá, mas em algum momento acabei me desviando ─ pergunta após sair do transe e consequentemente me tirando do meu também, onde eu prestava atenção em cada detalhe seu.

─ Ela fica para lá ─ aponto para o lado oposto em que ela estava indo ─ me acompanhe que eu te levarei até lá ─ não espero uma resposta e logo começo a caminhar em direção, sentindo a mesma me seguir ─ é nova por aqui né? Eu teria me lembrado de ter visto um rosto tão bonito ─ brinco, a vendo corar com o comentário.

─ Estou aqui a passeio ─ fala meio envergonhada, provavelmente por minha causa.

─ Deu para perceber, acho um pouco impossível algum italiano não saber como chegar a uma das ruas mais principais do centro da cidade ─ sorrio, e seu olhar desce para a minha boca, mas ela rapidamente desvia o olhar.

─ Bom, que tipo de turista eu seria se não me perdesse na minha primeira viajem a Itália? ─ foi sua vez de brincar.

─ É a sua primeira vez aqui? Vamos fazer valer a pena então! Conheço vários lugares aqui que você irá adorar ─ posso sim ter me empolgado um pouco, principalmente por ser a primeira vez em que seria o guia de alguém e a prova disso foi eu ter lhe segurado pela mão praticamente correndo e a mesma me seguir rindo.

Por um momento, me esqueci de meus problemas e do que me afligia, e ela era a autora disso, não nos conhecíamos, mas parecia que sim.

Depois de arrasta-la pelas ruas, chegamos em seu destino, uma rua que ela queria conhecer, a via del corso, uma das ruas mais famosas da cidade, fato dado por suas igrejas e catedrais, lojas de souvenirs dentre vários outros pontos para visitar.

Sua admiração pelo local era clara, dado o olhar que a mesma dava, ao passar os olhos em cada canto, não pude deixar de lhe admirar também, já que talvez seria esse o nosso ultimo momento juntos, querendo ou não, me senti na obrigação de guardar seus traços em minha memória.

─ Aqui está o seu destino, signorina ─ dou um meio sorriso.

Grazie per avermi portato qui ─ me agradece em italiano, e eu não pude deixar de rir por conta da pronuncia, mas tenho certeza que com prática, ela iria pronunciar as palavras perfeitamente.

─ O seu italiano é fofo ─ a vejo encolher os ombros brevemente.

─ Fala sério! Eu sei que ele é péssimo, não precisa me adular, talvez foi por isso que aquela senhorinha saiu correndo! ─ começo a rir com sua afirmação e ela me acompanha, me dando o prazer de ouvir sua risada.

─ Ah, não acredito que ainda pensa neste infeliz encontro ─ sorrio brincalhão ─ achei que tinha feito você esquecer, mas acho que vou ter que me esforçar melhor então ─ seus olhos capturam o momento em que minha feição muda ao me aproximar dela.

Talvez a tenha deixado sem falar.

─ O-o qu─ a silencio colocando meu indicador em seus lábios.

─ Não sabe o quão feliz fiquei pela velha ter sido uma escrota contigo, me deu a chance de te conquistar.

Não sei o que deu em mim, com tantas preocupações, deveria correr de relacionamentos.

Mas, algo nela me fazia querer ficar, aos meus olhos, a francesa cativa cada canto que estiver.

Seu riso solto, sua beleza, sua voz que aquece a minha alma.

Ali caiu a ficha, em meio a esses pensamentos.

Eu a queria.

E ao menos fazia 24 horas desde que a conheci, o que me deixava mais intrigado em conhecê-la.

Una storia d'amore in Italia- EM REVISÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora