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Uma tarde ensolarada em Haeundae, a brisa marítima acariciava meus cabelos enquanto eu me acomodava na areia dourada. A vista deslumbrante do mar cintilante capturava minha atenção, e eu me perdia em pensamentos.

O calor agradável de vinte e oito graus envolvia Busan, uma cidade que havia roubado meu coração de maneira inesperada. Turistas animados circulavam ao meu redor, e o som hipnotizante das ondas quebrando na praia criava uma melodia perfeita para o momento.

Meus olhos se fixaram no horizonte, onde o azul do céu se encontrava com o azul do mar, formando um espetáculo de tirar o fôlego. De repente, uma lembrança hilária invadiu minha mente, fazendo-me rir alto.

Recordava-me da nossa chegada a Busan. Todos já haviam saído do ônibus, exceto o coreano sonolento ao meu lado, que dormia profundamente com a cabeça apoiada em meu ombro. Tentei acordá-lo gentilmente, mas sem sucesso. Com o tempo se esgotando, minha paciência também.

Num impulso travesso, empurrei sua cabeça sem delicadeza e corri em direção à saída. Ele acordou com um "aigoo" confuso e bateu a cabeça no vidro. Corri ainda mais rápido, mas tropecei nos degraus e caí, ralando os joelhos. A dor era insignificante comparada à urgência de escapar antes que ele me alcançasse.

Sentada na areia, agora olhava para o céu azul acima de mim. Nos últimos dias, senti-me incrivelmente bem, com o coração leve e grata por cada momento vivido.

Já se passaram cinco semanas desde minha chegada na Coreia do Sul e os dias pareciam voar e arrastar-se ao mesmo tempo. Eu estava me adaptando melhor à vida aqui, embora desejasse que as coisas fossem mais fáceis.

A verdade era que eu não falava coreano fluentemente e tinha poucos amigos além de Luana. Ainda não havia explorado todos os pontos turísticos que desejava. No entanto, sentia uma profunda gratidão por estar vivendo essa aventura incrível e sabia que cresceria muito com essa experiência.

Afinal, alguém que antes mal conseguia sair de casa sozinha, agora estava do outro lado do mundo realizando seus sonhos.

Peguei meu smartphone e liguei para Lilly via chamada de vídeo. Já era pouco mais que meia-noite no Brasil, mas sabia que ela estaria acordada.

— Olha só esse lugar incrível, Lilly — mostrei a paisagem deslumbrante com o celular.

— É maravilhoso — ela concordou, irradiando felicidade. — Ella, tenho uma novidade empolgante! — Sua voz transbordava entusiasmo.

— Não vai me fazer adivinhar, vai? — brinquei.

Ela tocou pensativamente no queixo.

— Adivinha? — Seu sorriso brilhava como o sol.

— Ah, não me deixe na expectativa. Fale logo — pedi.

— Pierre me pediu em casamento! Vamos nos mudar para Toronto — revelou ela, exibindo orgulhosamente o anel cintilante em seu dedo.

Pierre era um canadense encantador que Lilly conheceu durante o carnaval do ano passado. Eles começaram a namorar logo depois.

— Vocês vão se casar? — fiquei surpresa. — Como você pode fazer isso? Vai se mudar para outro país e me deixar sozinha?

— Essa história te soa familiar? — Ela respondeu com um toque de ironia na voz.

— Não é justo! Vou ficar na Coreia até o final do ano, e você vai embora para sempre!

— Para sempre é muito tempo. Você pode nos visitar no Natal! — ela riu.

Lilly e eu nos conhecemos na escola quando ela se transferiu para minha turma no meio do ano letivo. Parecia improvável que nos tornássemos amigas; éramos opostas como água e óleo.

Enquanto eu me esforçava para ser uma aluna exemplar, Lilly era uma rebelde de espírito livre, sempre se destacando com seus longos cabelos cacheados e pele morena.

Eu me pus de pé e caminhei nervosamente pela areia, com o celular na mão, tentando fazer Lilly mudar de ideia sobre o Canadá.

Mas então me dei conta de que estava sendo injusta. Minha melhor amiga estava noiva, e este deveria ser o momento mais feliz de sua vida. Era minha obrigação celebrar com ela.

Prestes a me desculpar e dizer que ela merecia toda a felicidade do mundo, trombei em alguém atrás de mim.

Amor de Algodão DoceOnde histórias criam vida. Descubra agora