Amor de Algodão Doce

Especial: Pov Dae hyun Parte II

Eu estava encostado no balcão da balada mais exclusiva de Gangnam, o lugar onde os ricos e famosos vinham se exibir. Entrar ali não era para qualquer um, mas um velho amigo da época em que eu ainda acreditava na ilusão de ser um ídol me arranjou uma entrada VIP. Mal sabia ele que estava me fazendo um favor ao me entregar a porta do inferno de bandeja.

As luzes neon piscavam e rodopiavam, refletindo nas garrafas vazias de soju e cerveja que se acumulavam ao meu redor. Cada gole ardia como fogo descendo pela garganta, um contraste violento com o sorriso amargo que eu ostentava. Minha cabeça pendia para frente, os olhos fixos na multidão que se movia ao som ensurdecedor da música, corpos suados e sorridentes, todos vivendo uma mentira que eu conhecia bem demais.

Eu ria, mas o som era áspero e vazio. O cenário à minha frente era patético, um circo de desesperados tentando se convencer de que estavam vivos. Mas eu? Eu estava morto por dentro, e nem o álcool conseguia me ressuscitar. Estava em frangalhos, um espectro de mim mesmo, perdido entre o que era e o que nunca seria. Quantos copos já haviam sido? Não importava, o efeito estava longe de ser suficiente.

Chamei o barman de novo, a voz rouca e exigente. Pedi mais um "somaek", aquele coquetel que prometia apagar qualquer dor, qualquer memória. Só que não estava funcionando. Ela ainda estava lá, grudada na minha mente como uma maldita sombra. Não importa o quanto eu beba, ela se recusa a sair, a me deixar em paz. Eu preciso de mais. Mais álcool, mais esquecimento, mais qualquer coisa que me tire dessa agonia. Mas tudo o que conseguia era sentir o vazio crescer, uma escuridão que nem o neon mais brilhante consegue dissipar.

Foi aí que Maysane apareceu, deslizando em minha direção como se soubesse que aquela era a hora certa. Ela sempre teve uma queda por mim, e naquela noite decidiu que era hora de tentar a sorte. Eu sabia disso, mas não conseguia enxergá-la realmente. A imagem de Ella era uma marca queimada na minha mente. Maysane falou algo, sorriu com aquele jeito sedutor, mas minhas respostas saíam automáticas, vazias, enquanto eu seguia mergulhado na dor de ter perdido a única mulher que realmente importava.

Ainda assim, Maysane não desistiu. Quando ela me puxou para dançar, hesitei, mas acabei aceitando. Ela se movia com uma confiança que eu não conseguia mais fingir, seus toques eram seguros, cheios de intenção. Enquanto ela sensualizava ao meu redor, fui me rendendo pouco a pouco. Até que, num movimento quase desesperado, cedi e a beijei.

Mas, ao abrir os olhos, o choque me atingiu como um soco. Por um segundo, pensei ter visto Ella ali, como um fantasma pairando sobre nós, testemunhando cada segundo daquilo que para mim, de repente parecia traição. Balançando a cabeça, tentei afastar a visão, convencido de que era o álcool ou já estava completamente louco.

Maysane, porém, não estava interessada em meus fantasmas. A insistência dela me fez aceitar a proposta que me trouxe até aqui: ir para um motel próximo. Por que não? Era o que o velho Dae Hyun teria feito, e naquele momento eu estava disposto a me enterrar na ilusão de que poderia ser aquele homem de novo.

Agarrei a cintura de Maysane com uma força quase desesperada, puxando-a de volta para a cama. Havia uma necessidade visceral dentro de mim, algo que eu precisava provar, uma verdade que eu queria desesperadamente acreditar: que eu ainda podia sentir desejo por outra pessoa que não fosse a Ella.

Minhas mãos deslizavam pelo corpo de Maysane, numa tentativa frenética de encontrar alguma fagulha, algum vestígio de tesão que pudesse me libertar. Mas, por mais que ela fosse linda, seu corpo era apenas uma lembrança pálida, uma sombra da perfeição que era o corpo de Ella.

A comparação era inevitável, cruel, mas eu a afastei com toda a força que consegui reunir, e beijei Maysane com uma intensidade forçada, como se ao devorar seus lábios eu pudesse arrancar Ella dos meus pensamentos.