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Foi extremamente difícil adormecer na noite anterior. A cena do beijo com o dono dos olhos negros continuava a se repetir na minha mente, me fazendo questionar se era real ou apenas fruto da minha imaginação.

A lembrança da textura macia de seus lábios e do sabor daquele beijo delicioso queimava meu rosto. Era uma experiência inédita para mim, e eu daria qualquer coisa para vivenciá-la novamente.

As borboletas no meu estômago estavam mais agitadas do que nunca, e meu corpo inquieto não conseguia ficar parado. Eu caminhava de um lado para o outro em meu quarto, sentava na cama e levantava segundos depois.

Finalmente, me desloquei até a janela com vista para o gramado do campus.

— Eu não estou apaixonada, Lilly. Foi apenas um beijo... — disse ao telefone.

Olhei pela janela e observei o céu cinzento e as nuvens escuras que amanheciam. Tentei me convencer de que não estava apaixonada, mas sabia que estava mentindo para mim mesma.

Enquanto refletia sobre isso, percebi que o tempo nublado com indícios de chuva não me incomodava, o que era incomum, já que normalmente preferia dias ensolarados. No entanto, o cinza lá fora me fascinava, assim como as covinhas encantadoras de Daehyun, que faziam meu coração bater mais rápido.

Manuella, te conheço tempo suficiente para saber sobre a promessa de não beijar até se apaixonar, depois do beijo horrível com Dudu na oitava série.

— Urgh. — Sacudi a cabeça e fiz uma careta quando voltei de meus pensamentos. — Aquele beijo foi nojento, pensei que engoliria a língua do cara.

Lilly gargalhou do outro lado da linha, mesmo que já tivesse contado a história várias vezes, ainda se divertia com meu infortúnio. Pigarreou em seguida.

Não fuja do assunto, dona Ella. Qual é o problema em se apaixonar?

— Não posso me apaixonar, Lilly. — Deitei-me de bruços, acomodando-me na cama e apoiando o queixo sobre o punho. — A última vez que isso aconteceu, fiquei com o coração mais quebrado que minha conta bancária. E, também... foi incomparavelmente mais traumático do que o beijo babado do Eduardo.

Lilly riu, mas não era para ser engraçado.

Deixe o passado onde ele está e permita-se, amiga. O gatinho "made in South Korea" talvez não seja como os outros.

— E se ele for... — Um nó se formou em minha garganta, quase me sufocando com a hipótese. Não suportaria outra desilusão amorosa. Lucas não foi uma pessoa ruim para mim. Ele é gentil, de fato. Fui eu que me enganei, e acabei despedaçada no final. — ...E se ele estiver brincando comigo, ou sei lá, não gosta de mim de verdade. — Continuei.

E se ele realmente gosta? Será tão difícil ter uma visão positiva das coisas?

— De toda maneira, isso não importa. Porque não estou apaixonada. — Senti um tremor percorrer meu corpo, fazendo meus pelos se arrepiarem.

Não sou uma pessoa que costuma mentir, e minha falta de habilidade para fazê-lo se manifesta em minhas reações físicas, agindo como uma autenticidade involuntária.

Eu não estava certa em que momento vacilei e permiti que isso acontecesse. Repetir várias vezes que não sinto nada por ele, na tentativa de me convencer, simplesmente não está funcionando.

Eu sabia que a verdade era o oposto do que acabara de dizer, e Lilly também estava ciente disso. — Huh, então tá.

Minha amiga deixou o assunto de lado, e eu agradeci mentalmente por isso. Desliguei a ligação, depois de mais alguns minutos de conversa.

Amor de Algodão DoceOnde histórias criam vida. Descubra agora