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— Lucas... — murmurei ao telefone, com a voz trêmula entre lágrimas e soluços, enquanto me encolhia em posição fetal, como se meu corpo tentasse proteger-se da dor acumulada ao longo do último mês, uma dor que hoje parecia mais insuportável do que nunca. — E-eu... E-eu o vi beijando outra! — balbuciei, tentando em vão secar as lágrimas incessantes com a ponta dos dedos. — Nunca imaginei que uma dor tão devastadora pudesse existir, uma dor que aperta o peito com tanta força, que torna cada respiração uma luta desesperada. Sinto como se algo dentro de mim tivesse morrido, como se eu estivesse apenas sobrevivendo em um mundo sem cor, sem vida. Me diz, Lucas... Me diz que um dia isso vai passar...

Pouco mais de um mês desde que Daehyun e eu terminamos. Nunca pensei que poderia sentir uma tristeza tão profunda, uma dor que me consome e me sufoca, me arrastando para as profundezas de um sofrimento sem fim.

Nem mesmo quando me afastei de Lucas, senti algo tão intenso e cruel. Na verdade, antes de Daehyun, eu não sabia o que realmente era o amor. Mas agora, tenho certeza de que o amava de verdade.

Melhor dizendo, ainda o amo.

A primeira semana após o término foi a mais difícil. Eu mal conseguia dormir, não tinha apetite e sequer encontrava forças para sair da cama. Sentia-me presa em uma tristeza tão profunda que me impedia de viver. Não consegui nem mesmo ir às aulas...

Naturalmente, perdi peso, e minha aparência se tornou lamentável. Luana implorava para que eu comesse algo, pelo menos um pouco, para evitar adoecer. Mas cada esforço físico parecia impossível, como se a vida tivesse drenado todas as minhas forças.

Eu me via presa em um ciclo de arrependimento profundo, remoendo as decisões que tomei. Pensava incessantemente em recuar, em atender as ligações que ele não parava de fazer, em responder suas mensagens desesperadas, ou até mesmo em correr até ele, confessar que errei, que nunca quis realmente terminar.

Daehyun não desistia de me procurar, insistia em tentar conversar, mas eu fugia. Evitava sua presença a qualquer custo, não suportava a ideia de ouvir sua voz. Sabia que, se nossos olhares se cruzassem por um único instante, tudo desmoronaria, e eu cederia. Mas não podia fazer isso, não quando entendi que o problema estava enraizado dentro de mim.

Essa maldita insegurança me fez perder o homem que eu amo. No entanto, continuar ao lado dele, sem resolver os conflitos internos que me corroía, não seria justo. Eu precisava de cura, mas agora, envolta nessa dor implacável, não sei se isso é sequer possível.

Com muito esforço, finalmente consegui bloquear o número dele, apagar todas as nossas fotos, todas as lembranças. Cada clique, cada gesto, foi uma facada no peito. Quando finalmente reuni forças para sair do meu quarto, para voltar a frequentar as aulas, eu evitava como uma condenada qualquer caminho que pudesse me levar até ele.

Os dias se arrastam para mim, longos e implacavelmente crueis.

Lucas tem sido minha âncora. Ele me liga todas as noites, sem falhar. Fica comigo ao telefone até que eu adormeça, e sem sua amizade, tenho certeza de que já teria me afogado nessa escuridão. Ele tenta me distrair, falando de coisas triviais, contando piadas que mal conseguem arrancar um sorriso, mas que, de alguma forma, são um alívio para a dor constante.

Luana também tem sido um pilar. Sem ela, tudo teria sido ainda mais insuportável. E Lilly, claro, mesmo não concordando com as decisões que tomei, mesmo insistindo que eu deveria reconsiderar, voltar atrás, porque ela via o quanto Daehyun trouxe cor e alegria à minha vida, nunca deixou de me apoiar. Ela sabe o quanto o amo, mas ainda assim, permaneceu ao meu lado, respeitando a tempestade que atravesso.

Eu ainda choro todas as noites, como se o peso da ausência dele esmagasse meu peito com uma força implacável.

É uma dor que me desperta de madrugada, sufocante, como se cada batida do meu coração fosse uma lembrança cruel do que já não tenho. Choro de novo pela manhã, quando meus olhos se abrem para a realidade fria de uma tela vazia, sem a doce mensagem de ‘bom dia’ dele que antes iluminava meus dias.

Amor de Algodão DoceOnde histórias criam vida. Descubra agora