Eu fui jogada no chão com violência e senti uma dor aguda pelo corpo. Parecia que eu era uma porcelana frágil que se quebrava facilmente. Olhei para os meus braços e cotovelos e vi que estavam arranhados e sangrando. Mas eu não podia me preocupar com isso, pois o meu olhar se fixou em Daehyun e Matthew, que se encaravam com raiva.
— Quem é você? — Matthew perguntou, tentando se soltar da mão de Daehyun, que o segurava pela camisa. Ele tinha um olhar duro, mas não tanto quanto o de Daehyun, que parecia disposto a fazer qualquer loucura. Isso me assustou muito.
A garota me ajudou a levantar e me perguntou se eu estava bem. Como eu poderia estar bem vendo Daehyun tão furioso, prestes a brigar por minha causa?
— Talvez eu seja alguém que goste de dar uma lição em canalhas como você — Daehyun respondeu com arrogância. — Já que você se acha o valentão, por que não enfrenta alguém do seu tamanho? — Ele soltou Matthew e ficou frente a frente com ele.
— Daehyun, não precisa disso. Eu resolvo isso sozinha com ele. — Eu me coloquei entre os dois para evitar uma confusão.
Engoli em seco ao tentar entender o que os olhos de Daehyun, fixos em mim, queriam dizer.
— Matthew, vamos embora daqui? — A coreana que estava com ele pediu, mas ele não se mexeu e parecia querer mais confusão.
— Olha só! Escuta essa vadia e cai fora. Aproveita que eu estou de bom humor e não quero te arrebentar todo. — Matthew provocou. Eu tentei impedir que Daehyun reagisse, mas foi em vão. Ele me afastou e empurrou Matthew com força.
— O que você disse? — Daehyun estava irado, pressionando Matthew contra a parede mais próxima.
Na rua, quase não havia pessoas, e algumas até desviavam o caminho. Os poucos clientes na cafeteria assistiam a tudo com espanto de dentro.
— Qual parte? A que eu chamei essa doida de vadia ou... — Matthew não terminou a frase, pois levou um soco no nariz de Daehyun. Sua cabeça foi lançada para trás, seus olhos lacrimejaram e quase não conseguiram abrir.
A garota que estava com ele foi embora nesse momento, prometendo nunca mais vê-lo.
— Diga isso novamente, que eu te mato! — Os olhos de Daehyun queimavam intensamente, e meu coração afundou ao notar um vestígio de sangue escorrendo de seu nariz, pois Matthew retribuiu o golpe.
— Pare! Por favor, pare! — gritei quando Matthew começou a socar Daehyun na barriga, fazendo-o cair de joelhos com dificuldade para respirar. Matthew imobilizou seu oponente com um chute na costela. Meu coração subiu até minha garganta, e todo o ar queimou em meus pulmões.
— Seu desgraçado! — Eu estava explodindo de raiva e bati no peito dele com toda minha força na tentativa de pará-lo.
Daehyun arrastou-me para trás de si, e eu senti quantas vezes ele arfava. Eles estavam prestes a iniciar uma nova batalha quando Matthew fugiu ao ouvir o som da sirene do carro da polícia.
— Vai embora! — Daehyun exigiu, e eu neguei com a cabeça repetidas vezes. — Vai agora... saia daqui. — Ele foi firme, mas eu não conseguia mover os pés do lugar.
Dois policiais se aproximaram e o interrogaram. Alguém fez uma denúncia sobre a briga, e não sabemos quem. Eu não conseguia entender o que eles estavam falando, mas tinha certeza de que Daehyun disse que não me conhecia, que eu apenas estava passando no momento errado e não tinha nada a ver com o incidente.
Comecei a sentir minha cabeça girar, e o mundo rodando diante dos meus olhos. Ele estava em apuros por minha causa, e eu não sabia o que fazer se ele fosse preso ou algo pior.
Virando-me, vi que ele deu um suspiro aliviado quando foi liberado por falta de acusações, já que Matthew não estava presente para prestar queixas.
— Você é louco, Daehyun? Não tinha que se envolver nessa briga — disse enquanto me aproximava dele o mais rápido possível e começava a limpar o sangue de seu rosto com a manga da minha blusa. — O que te deu na cabeça?
Ele não respondeu às minhas perguntas e segurou meu braço com cuidado, estendendo a manga da minha blusa até o cotovelo.
— Por que aquele babaca estava te importunando? — Ele analisou os ferimentos em meu braço com um olhar afável e indagado. —Você sai com ele?
— O quê? Não! Eu não tenho nada com aquele idiota.
— Então, por que ele fez isso com você? — Sua entonação era rígida e áspera, e seu rosto não expressava reações, mas seus olhos sim.
Neste ponto, já entendi que seus olhos são onde ele não consegue esconder nenhum sentimento. Ele estava inquisitivo e aborrecido ao mesmo tempo. Trocamos um rápido olhar, e me forcei a soltar um suspiro pesado e a passar os dedos pelo cabelo.
— É uma longa história.
— Estou muito interessado em ouvir. —Aqueles olhos perspicazes voltados para mim não me deixaram outra opção senão revelar todo o ocorrido com Luana e Matthew. — Você se expõe a perigos por alguém que nem acredita em você? — indignou-se.
— Ela é minha amiga, Daehyun. Uma hora vai cair na real, mas eu não posso deixar de fazer o que está ao meu alcance para ajudá-la.
— Você não pode se arriscar assim pelas pessoas… — Há confusão e raiva em sua voz. — Andando por aí como se pudesse salvar o mundo.
— E, você… — Deixei escapar o ar que estava segurando — Não está se comportando muito diferente de mim. Pensa que é o Superman? — Daehyun ri e balança a cabeça com o meu comentário.
— Eu não estou interessado em salvar o mundo. Só em salvar você…
Mantenho o ar preso em meus pulmões novamente e fico arrepiada, não sei se foi o vento que sopra à noite ou se foram as suas palavras que me impactaram.
— Eu não pedi por um guarda costa. — De repente, sou rude. Talvez, ingrata. Contudo, não suportaria vê-lo ser agredido mais uma vez, ou se envolvendo em problemas por minha culpa.
— Você acha que eu permitiria que ele te machucasse, sem fazer nada?
— Por que você se importa? — Estou com um nó na garganta.
— Eu me preocupo com você, Ella.
Meu coração está batendo a mil por hora. Espero que ele não me sinta corar.
— Por quê? — Não sobrou nenhum pensamento na minha cabeça.
— Você leu o bilhete que escrevi? — Dessa vez é ele que enrubesceu envergonhado e minhas bochechas queimavam.
— Eu li a sua brincadeirinha, boba.
— É o que pensa? Que eu estou brincando com você?
Limitei-me a fazer um sinal com a cabeça, e sinto que posso tê-lo magoado que apenas oscila os ombros, e diz: beleza, então…
— Você poderia ter saído daqui com uma ficha criminal. — Mais uma vez, trago à discussão.
— Que se dane! Não se preocupa com isso. — Sua expressão denota irritação.
— Então, não se preocupe comigo também.
— Tá. — Ele está chateado, e seu olhar se tornou indistinto. Após isso, dá de ombros e me deixa sozinha aqui.
Inesperadamente, a temperatura cai drasticamente, me deixando com uma impressão de vazio e aperto no peito.
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Amor de Algodão Doce
RomanceElla, sempre acreditou no amor dos livros, aquele que faz o coração disparar. Seu melhor amigo, Lucas, parecia ser a pessoa certa, o encaixe perfeito. Mas o roteiro tomou outro rumo quando ele se apaixonou por alguém que conheceu na faculdade. Decid...