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— E-Eu... eu precisava te ver — gaguejei, lutando contra o nó na garganta.

Ele suspirou pesadamente, passando as mãos pelos cabelos.

— Por que não esperou até amanhã, como eu pedi? Você está bêbada. Não é hora de termos essa conversa.

— Eu não sei se conseguiria esperar... — Minha voz falhou. Meu coração parecia apertado demais para continuar batendo.

Ele ficou em silêncio por alguns segundos, claramente ponderando o que dizer. Então, ele perguntou, com a voz grave e carregada de tristeza:

— Alguma vez, eu te fiz duvidar do meu amor por você, Ella?

Balancei a cabeça lentamente, os olhos marejados.

— Eu te faço sentir insegura? — Ele prosseguiu, sua voz ficando mais tensa. — Você acha que sou um canalha, um mau caráter?

— Não, Daehyun! — Minha voz quase se perdeu em meio às lágrimas. — Não é isso...

Mas por que eu estava tão confusa? Por que a insegurança estúpida estava corroendo tudo por dentro? Vê-lo ali, tão ferido, só aumentava minha culpa e dor.

Eu me sentia esmagada.

— Então por que, Ella? Por que você achou que eu poderia te trair?

— Não é isso... — tentei explicar, a voz trêmula. — É a Cat... Eu não me sinto confortável com a relação de vocês. Parece que ela sente algo por você além de amizade, e isso me consome.

Ele balançou a cabeça com frustração, os olhos fixos em mim.

— Já te disse, meus sentimentos por ela são de irmão.

— Os seus sentimentos, sim... Mas e os dela? Ela já namorou alguém? Ou está sempre do seu lado, como se... — minha voz se quebrou.

Ele fechou os olhos, apertando o punho.

— Eu não preciso falar da vida de outras pessoas. Prefiro focar na minha própria. E você, Ella... você é a minha vida. Nada mais importa pra mim.

— Mas você não negou que ela sente algo por você! — Minha voz saiu amarga, quase gritando.

— Que merda, Ella! — Ele explodiu, seus olhos agora cheios de raiva e frustração. — Você ouviu uma palavra do que eu disse? Estou dizendo que é com você que me importo, enquanto você só quer deduzir os sentimentos dos outros. Pergunte à Catarina se está tão curiosa!

Eu sentia minhas mãos tremerem, minha garganta seca.

— Daehyun, ela é nitidamente apaixonada por você. Qualquer um pode ver! Por que você finge que não?

— Deduções, Ella! Mais deduções! — Ele estava fora de si agora. — Quando você vai parar com isso?

Eu engoli em seco, sentindo o peso de suas palavras como um soco no estômago. Ele estava realmente magoado.

— Quando você vai parar de priorizá-la em vez de mim, então? Já que eu sou tão importante assim para você! — As palavras saíram antes que eu pudesse segurá-las, amargas e afiadas.

— Catarina está em Seul há duas semanas, Ella. Duas semanas! Um pouco de atenção à minha amiga e isso é o fim do mundo para você?

— Não é isso, Daehyun... — murmurei, minha voz falhando mais uma vez. — Por que é tão difícil entender o que estou dizendo?

A tensão entre nós era palpável. Eu podia ver no rosto de Daehyun a exaustão e o cansaço daquela discussão que parecia não ter fim. Mas, ao mesmo tempo, eu também estava cansada, ferida. Meu coração estava em pedaços.

Amor de Algodão DoceOnde histórias criam vida. Descubra agora