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- O que te levou a escrever isso? - Ele ergueu uma das mãos, apontando para o bilhete que eu havia enviado.

Em um instante, ele está tão próximo que consigo sentir o frescor mentolado de sua respiração em meu rosto. Sinto meu coração bater ainda mais forte do que antes.

Seu rosto fica vermelho, e sua respiração se torna pesada enquanto ele proferi suas palavras.

- Por que você está importunando minha família? - Seu tom é áspero - Não se aproxime de nós novamente, ou chamarei a polícia.

Com essas palavras, ele amassa o papel e o joga longe, me deixando perplexa com a magnitude do meu erro.

- Eu só... - Minha voz desaba - Eu só queria me desculpar... - Uma lágrima escorre discretamente pela minha bochecha.

Sinto minhas pernas enfraquecerem; parece que a qualquer momento posso cair.

- Que tipo de desculpa é essa, ofendendo uma idosa? - Ele está indignado.

- O-ofender? - Gaguejo com lábios trêmulos - Eu não queria isso e não sabia como resolver as coisas. Pedi a uma colega para escrever o bilhete, e... não tinha a intenção de causar mais problemas.

Minhas pálpebras caem quando perco a coragem de encará-lo nos olhos. O que estava pensando, afinal? Não conheço as tradições deste país; talvez tenha quebrado inúmeras regras de etiqueta.

- Você sabe o que está escrito aqui?

Pelo canto do olho, noto uma ruga surgindo entre suas sobrancelhas. Tento controlar as emoções antes de responder.

- Que enviei uma refeição deliciosa como um pedido de desculpas e prometi ser mais cuidadosa a partir de agora e...

Ele passa a mão no rosto, parecendo confuso, e então começa a ler:

"Velha desvairada, preste atenção por onde anda. Não aguento que vocês, velhos, pensem que são donos da razão. Passe mal com a comida!"

Não posso acreditar no que estou ouvindo. Isso é cruel e astuto. Como alguém pode ser tão malvada sem motivo? Nunca fiz absolutamente nada contra ela.

Todas as forças que me mantêm de pé parecem evaporar. Me abaixo no chão, abraçando minhas próprias pernas, e choro até que não reste mais lágrimas.

Agora estou no ponto em que me pergunto se tudo de ruim está acontecendo de uma vez só.

As pessoas tentando entrar e sair do restaurante olham, curiosas. Alguém comenta: "Ela está bêbada?"

Ele se agacha ao meu lado e toca meu ombro suavemente. Percebo que ele hesita, mas mesmo assim, o faz.

- Você deveria reconsiderar suas amizades.

- Sua avó, ela leu o bilhete?

Luto contra as lágrimas que insistem em cair, tentando não parecer ainda mais patética.

Ele solta um sorriso amigável, e não posso deixar de notar o quão angelical ele parece quando sorri. Ele é tão bonito.

- Não, ela não leu - ele diz enquanto se levanta e se dirige à porta de entrada. -E, ah! - Ele tira um celular do bolso, que reconheço como o meu. - Guardei para o dia em que tivesse a infelicidade de te ver novamente. - Ele entrega o celular nas minhas mãos. - Espero nunca mais ter essa experiência desagradável.

Idiota. Por um momento, pensei que por trás da fachada de ferro houvesse um coração.

Amor de Algodão DoceOnde histórias criam vida. Descubra agora