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Senti-me paralisada por um momento, observando a cena à minha frente. Tentava reunir coragem para me aproximar e entender o que estava acontecendo, mas a ansiedade me consumia. As risadas de Daehyun e Catarina soavam como uma mistura de melodia e agonia nos meus ouvidos.

Finalmente, respirei fundo e dei um passo à frente, aproximando-me deles. Daehyun me viu antes que eu pudesse chamá-lo e, ao perceber meu olhar perplexo, seu sorriso vacilou momentaneamente. Catarina, por outro lado, manteve uma expressão amigável, mas seus olhos traem uma curiosidade que eu não conseguia ignorar.

— Oi, Daehyun — disse eu, tentando manter a voz firme, embora meu coração estivesse em frangalhos.

Daehyun se aproximou rapidamente, um pouco nervoso.

— Oi, minha princesa! Eu estava com muita saudade. — Ele me envolveu em seus braços, depositando um beijo em minha testa. — Esta é Catarina, minha melhor amiga. Nos conhecemos no Brasil, acho que no sétimo ano? — Ele fez uma careta, fingindo pensar.

Catarina sorriu com uma naturalidade impressionante.

— Ei, Ella! Que coincidência! Daehyun falou muito de você, mas não imaginei que fosse... você. — Ela riu.

Eu tentei sorrir de volta, mas foi um esforço, e a insegurança era visível.

— O quê? Vocês se conhecem? — Daehyun perguntou, esboçando um sorriso curioso.

— Sim, nos conhecemos em Busan — respondi, tentando manter a calma.

Daehyun comentou sobre como o mundo é pequeno e como estava feliz por já sermos amigas. Contudo, naquele momento, eu não tinha muitas certezas sobre essa amizade. Lembrei-me do dia em que nos conhecemos na aula de culinária coreana.

Catarina mencionou que o motivo de estar naquela aula era seu melhor amigo. Na época, tive a impressão de que era alguém por quem ela estava apaixonada. Eu não posso ser amiga de alguém que está apaixonada pelo meu namorado.

Enquanto conversávamos, tentei me concentrar na situação e manter a compostura, embora a sensação de desconforto e insegurança permanecesse, corroendo cada pensamento racional que tentava formular.

Daehyun continuava a conversar animadamente, eu lutava para manter minha mente presente. As palavras dele se misturavam com os meus pensamentos inquietos, e meu sorriso forçado começava a doer. A presença de Catarina, apesar de amigável, era uma constante lembrança da minha insegurança.

Daehyun, sem perceber meu desconforto, sugeriu que fôssemos todos tomar um café para colocar a conversa em dia. Eu assenti mecanicamente, sem conseguir expressar meus verdadeiros sentimentos.

Sentados em uma cafeteria próxima, Daehyun e Catarina continuaram a relembrar histórias antigas, rindo juntos de memórias compartilhadas. Cada gargalhada parecia um golpe no meu coração, e eu me sentia cada vez mais deslocada.

Finalmente, Catarina se levantou para pegar mais café, deixando Daehyun e eu a sós por um momento. Ele se inclinou para mim, seus olhos cheios de preocupação.

— Você está bem, Ella? Você parece um pouco distante — disse ele, segurando minha mão.

Eu respirei fundo, tentando encontrar as palavras certas. — Só estou... surpresa. Não esperava encontrar você com uma amiga tão íntima. Você nunca me falou sobre ela.

Daehyun apertou minha mão, seus olhos cheios de sinceridade. — Eu entendo. Mas você não precisa se preocupar com Catarina. Ela é só uma amiga de longa data.

Embora suas palavras fossem reconfortantes, a dúvida ainda pairava no ar.

— Eu pensei que teríamos um momento juntos. Só nós dois. — comentei. — Senti tanto sua falta…

Amor de Algodão DoceOnde histórias criam vida. Descubra agora