43

31 4 2
                                    

Daehyun e eu raramente discutimos. Na maioria das vezes, nos damos muito bem, mesmo quando ele me provoca sem razão, só pelo prazer de ver minha cara emburrada – que, para ele, é adorável. 

Apesar de termos nos reconciliado após nosso último desentendimento, ainda sinto que algo dentro de mim não está completamente resolvido.

É a amizade dele com a Cat que continua me incomodando. Ela sempre encontra uma desculpa para se aproximar fisicamente dele, seja entrelaçando o braço no dele ou ajeitando seu cabelo. Eu tento ignorar, mas um desconforto profundo me atinge toda vez que ela faz isso.

No geral, Cat é amigável comigo, sempre simpática e sorridente. Mas a cada história que ela conta sobre ele, sinto como se houvesse partes de Daehyun que eu desconheço, o que só me deixa mais frustrada.

Ele, por outro lado, parece não perceber meu ciúme, talvez eu o disfarce bem demais. 

Contudo, minha irritação com a situação permanece inabalável. Principalmente quando lembro da reação negativa dele ao descobrir sobre Lucas, e agora ele finge que a proximidade com Cat é tão natural quanto respirar, como se a amizade deles não fosse um espinho cravado na minha garganta.

Não me considero obsessiva, mas a imagem dela se agarrando a ele, envolvendo-se em sua cintura e segurando sua mão, me deixa com um nó na garganta. É como se ela estivesse tentando se apropriar de um espaço que não lhe pertence, um espaço que, na minha cabeça, é meu.

Acho que estou começando a perder o juízo. Essa pontada verdejante de ciúmes está se transformando em uma selva densa e incontrolável, e eu não sei mais como sair dela.

Tentei falar com Lilly algumas vezes, pedir um conselho, mas ela está tão ocupada com os preparativos do noivado que acabei desistindo de incomodá-la.

As aulas voltaram e, com elas, o tempo de Daehyun para mim se tornou escasso. É o último semestre dele na faculdade, e ele está focado em tirar notas excelentes. 

Ainda nos vemos durante o almoço e ele me liga todas as noites, mas, nas últimas duas semanas, não tivemos nenhum momento realmente nosso. 

Isso me deixa magoada, embora não tanto quanto quando ele me disse que iria a Hongdae com Cat. Ela precisava comprar utensílios para o apartamento novo, aparentemente, e, claro, ele precisava ir junto.

Eles ficaram por lá o dia todo, e eu ainda tento entender a confusão de sentimentos que borbulham dentro de mim.

De repente, lembrei de Lucas. Estava sentada na biblioteca, já no fim da tarde, tomando um café gelado – um sabor que aprendi a tolerar porque Daehyun sempre me comprava. O ar estava sufocante, a atmosfera pesada. E foi então que cometi o que talvez tenha sido o meu maior erro: decidi que, se Daehyun pode ter uma amiga tão próxima, então não deveria haver problema se eu também tiver um amigo íntimo.

Peguei o celular e mandei uma mensagem para Lucas.

"Uau, nunu... não esperava uma mensagem sua. Pensei que não iríamos mais nos falar", ele respondeu. Logo em seguida, outra mensagem: "Mas estou feliz que tenha me procurado. Como você está?"

Eu sabia que estava sendo imatura, tentando usar Lucas para provocar ciúmes em Daehyun ou, no mínimo, fazê-lo perceber o quanto essa situação me machuca.

A verdade é que eu não faço ideia do que estou fazendo. Se Lilly estivesse aqui, ela provavelmente me daria um bom conselho. Mas acho que, em algum momento, preciso aprender a resolver as coisas por conta própria.

Desde então, Lucas e eu trocamos mensagens intermináveis.

Agora, aqui estou eu, de pijama amarelo de algodão com mangas longas, acomodada na minha cama num sábado à noite, usando uma máscara de argila verde no rosto enquanto tento ler meu romance favorito. Mas sou interrompida pelo toque do meu celular.

Amor de Algodão DoceOnde histórias criam vida. Descubra agora