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Sinto que poderia me afogar em um mar de emoções que emergiram em mim.

É injusto ser vítima de calúnias sem a chance de me defender, chorando mais uma vez na frente dele.

E, meu Deus... por que estou aqui, presa em seus braços, agarrando sua camisa?

Não consigo me mover, nem desejo escapar, ficaria aqui para sempre.

— Eu disse que você tinha que desmentir os boatos. Por que não fez o que pedi? — Desfiro um tapa em seu peito com ferocidade, após finalmente secar a última lágrima.

Meus sentimentos oscilam de frágil para furiosa repentinamente. Odiando a mim mesma por permitir que ele me veja ceder tão vulnerável às minhas emoções.

Daehyun não se esquiva dos meus ataques, embora reclame de dor a cada tapa.

— Poderia ter apanhado igual em um ringue de luta livre, tudo por causa da sua teimosia orgulhosa. — Cessei os tapas por um momento, soprando uma mecha de cabelo que escorreu para o meu rosto após se soltar do rabo de cavalo, para recuperar o fôlego. — E o que passou pela sua cabeça ao dizer que sou sua namorada? Elas vão querer me matar por isso! E quando acontecer, espero que você se sinta profundamente culpado.

Ele encolhe os ombros.

— Ninguém vai fazer nada com você, eu te prometo. — Solta um suspiro pesado e passa os dedos pelos cabelos. — Caramba! Mesmo do tamanho de uma ervilha, você bate como um homem.

Ele acaricia o próprio peito.

— Qual garantia eu tenho de não acabar com um osso quebrado, um rosto deformado ou, quem sabe, morta?

— Eu sou a garantia! — Ele responde com desdém, cheio de si. — Não precisa ser dramática, enquanto você for minha namorada, estará segura.

— Você ficou louco? — Minha voz reflete confusão e raiva. — Não sou sua namorada, jamais serei!

Com rapidez, as mãos fortes de Daehyun envolvem minha cintura, puxando-me para perto. Tão perto que posso sentir sua respiração suave.

Sentindo minha hesitação, ele sorri e diz:

— Você seria uma garota de sorte por namorar alguém como eu. Admita! Você sonhou com o meu beijo.

Ele solta aquele maldito sorriso de coiote que me faz querer socá-lo. No entanto, não posso negar que aquele sorriso é cativante, e desde quando ele tem um par de covinhas?

— Ah, sai fora! — Impulsei seu corpo para longe de mim, fazendo-o rir alto. — Eu sou uma piada para você?

— Você é meio raivosa. Parece um Pinscher, pequena e perigosa — Ele toca minha bochecha, passando o polegar pela minha pele.

— Engraçadinho… — Arranquei sua mão do meu rosto. — Você vai desmentir esse boato ridículo e me deixar em paz. Eu não tenho interesse em ser sua namorada.

— Olha, eu também não tenho interesse amoroso em você, estou apenas tentando te salvar. — O sorriso em seu rosto desapareceu, dando lugar a uma expressão séria.

— Me salvar? — Bufei, indignada. — Você me jogou de um penhasco e agora quer me salvar?

Ele me deixa absolutamente louca.

Perto dele, minha montanha-russa de emoções não para quieta. Por momentos, sinto que há algo nele que merece ser explorado, como quando ele me consolou em Busan e agora há pouco.

Às vezes ele é afável e gentil, outras vezes, um perfeito idiota. Quem ele é afinal?

— Não age como se fosse eu que espalhei esses boatos idiotas. — Seu rosto está sério agora, e percebo através de seus olhos que ele lamenta o ocorrido.

— Você só devia ter agido imediatamente para desmentir aqueles boatos. — Tentei um tom de voz mais empático. — Fiquei surpresa com a quantidade de gente que começou a especular sobre nós.

— Eu não me daria o trabalho de ficar desmentindo fofocas ridículas. — Fez uma expressão entediada no rosto.

— Por que você está tão tranquilo? Eu fui ameaçada por seu fã clube.

— Porque não acho que seja para tanto. Daqui a um tempo, elas esquecem, só vamos fingir que estamos juntos por um tempo e depois eu termino com você. — O sorriso de coiote retornou, fazendo meu sangue subir para as bochechas.

— Eu acabei de ser agredida. Você me viu chorar, acha que isso não é para tanto? — De repente, minha voz falha. — Eu não vou fingir nada! Só quero ficar o mais longe que eu puder de você.

Uma lágrima escapa dos meus olhos, enxugo-a me recusando a voltar a chorar.

— Tá certo! — Algo em seu olhar parece vazio, e penso que posso tê-lo magoado.

— Vai desmentir os boatos?

Ele assentiu, me fazendo soltar o ar que não sabia estar segurando. Aliviada, dou de ombros e rapidamente rodei a maçaneta da porta.

— Ella?! — Ele coloca a mão sobre a minha, me impedindo de prosseguir. Regresso e acidentalmente nossos olhos se encontram. Desvio o olhar tentando disfarçar. — Me desculpa, eu sei que foi um erro. Eu deveria ter protegido você disso.

Arregalei os olhos, incrédula com o pedido inusitado.

— Na verdade, eu só tentei evitar mais confusão, e... — Ele respira pesado e pausa por um segundo.

— Entendo que você estava tentando evitar mais confusão, mas, às vezes, enfrentar esses boatos é a melhor forma de lidar com eles. As pessoas estão começando a acreditar nisso.

— Você está certa! Eu sinto muito, por você ter sido agredida daquela maneira. — Ele passa as mãos gentilmente por meus cabelos, me causando arrepios — Você se machucou? Claro que sim, que pergunta tola!

Ele repreende a si mesmo e me sinto tonta durante o tempo em que ele dispara as palavras.

Jamais esperaria vê-lo se desculpar por alguma coisa um dia. Talvez, eu esteja longe de saber quem ele realmente é.

Permaneço em silêncio, processando suas palavras sinceras.

— Me desculpe mais uma vez. Prometo que vou consertar as coisas. Você pode confiar em mim? — Daehyun pergunta, esperando uma resposta.

Minha mente está atordoada, mas assinto em concordância.

Ao entrar em meu quarto, encontro Luana estudando na escrivaninha. Assim que me vê, ela fecha o notebook e se retira. Penso em abordar a questão entre nós, mas não parece ser o momento adequado.

Deito na cama, com a esperança de encontrar algum relaxamento. Meu peito está pesado com tudo o que aconteceu. Meus dias na Coreia do Sul têm sido intensos e desgastantes, e agora minha mente está cheia de pensamentos tumultuados.

Meu estômago parece um enxame de borboletas inquietas. Não consigo tirar da mente o abraço dele e suas palavras aveludadas prometendo consertar as coisas.

— Meu Deus, Ella, aquele cara é completamente maluco! — Murmuro para mim mesma, sacudindo a cabeça na tentativa de afastar os pensamentos. No entanto, a pergunta persiste: será que posso realmente confiar nele?

Amor de Algodão DoceOnde histórias criam vida. Descubra agora