Amor de Algodão Doce

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Meus olhos cruzaram com os de Daehyun, por um instante; quase deixei cair o prato de porcelana branca. Minha pulsação tornou-se um tambor insistente, marcando o compasso acelerado do temor que se instalava. Limpei a garganta.

— Lucas é... um velho amigo. — Aproximei-me lentamente, tentando ocultar o medo em meu rosto.

Luana havia me advertido. Minha própria consciência também. A sinceridade com meu namorado era crucial, mas o receio de causar desconforto nele me levou a guardar covardemente a informação.

— Um velho amigo que sonha contigo? — Ele pressionou seu tom de voz — Por que não me contou sobre ele?

Daehyun ergueu os olhos escuros, observando meu rosto enquanto sua expressão transbordava indignação e confusão. Levantou-se da cama, devolvendo-me o celular, e eu olhei a mensagem sem absorver seu conteúdo.

Puxei o ar com força, sentindo o estômago revirar.

— Eu estava com medo — admiti. — Medo de como reagiria. Mas gosto de você, Daehyun. Lucas e eu somos só amigos.

A confusão nos olhos dele deu lugar à tristeza. Naquele momento, meu coração quebrou, não apenas isso, estava quebrando a confiança da pessoa que amo, tudo por uma maldita insegurança.

— Parece mais que amigo quando ele sonha contigo, Ella. O que está acontecendo? — Questionou, ele.

A tensão entre nós era palpável.

Ponderava se deveria contar tudo desde o início, admitir que já fui apaixonada por Lucas no passado e sofri por isso. Contudo, sentir meu corpo reagir com tremores à ideia de piorar as coisas me fazia hesitar. No entanto, não seria justo revelar apenas parte da verdade.

Preciso encarar as consequências para que nosso relacionamento seja baseado em honestidade e confiança. Não quero esconder nada dele; contei brevemente sobre Lucas e eu, mencionando que ele havia se declarado, mas concordamos em ser apenas amigos.

— Prometo, Daehyun, é apenas amizade. Não disse antes porque pensei que ficaria chateado. — Assegurei, buscando aliviar as preocupações dele.

Ele balançou a cabeça, pensando, parando por um segundo. Virou-se para mim, contraiu o maxilar, seu rosto tornando-se frio.

— E você acha que não existem motivos para eu não ficar chateado? — Franziu a testa. — Esse cara aparece do nada, tenta te roubar de mim, e acha que eu ficaria bem com isso? — Trincou os dentes, e eu mordi os lábios. Daehyun estava genuinamente aborrecido e com razão.

— E-eu sei… — Gaguejei, minhas pálpebras caíram.

— Sabe o que realmente me magoa? — Sua voz caiu alguns tons, rouca. — É o porquê de você preferir esconder isso de mim. Eu confio em você, Ella. Não confia em mim?

Levei meus olhos melancólicos aos dele. A tristeza pesava em seus ombros, seu sorriso desbotado como uma pintura ao sol, deixando vestígios de uma paleta cinzenta.

Senti meu coração quebrar ainda mais. Como eu posso ser tão imatura, correndo o risco de perdê-lo à toa?

— Sim, eu confio. É que… — Tentei me aproximar, acariciando delicadamente seu rosto, mas ele se esquivou. — Me desculpa, Daehyun, eu errei. Desculpa!

— Ainda sente algo por ele?

Seu olhar era um labirinto de enigmas indecifráveis. Vazio e distante.

— O quê? Não! Eu não sinto! — Prendi o ar, que queimou nos pulmões. — Absolutamente nada… é com você que meu coração está agora, Daehyun. — Envolvi meus braços em volta de sua cintura, encostando a cabeça em seu peito. Mas ele permaneceu imóvel. — Acredita em mim, por favor.