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A noite descia suave, pintando o céu em tons alaranjados e lilases. Depois de passarmos horas nos refrescando na cachoeira, decidimos voltar para o acampamento. Catarina, sempre preparada, trouxe um fogão portátil e preparou Tteokbokki, bolinhos de arroz imersos em um molho picante de gochujang.

Cat e Harry partiram para uma trilha na montanha, voltando horas depois, suados e exaustos, mas com sorrisos que contavam histórias de aventura. Já Luana e YeJun estavam inseparáveis. O casal não desgruda, nem para respirar.

Eu ria internamente ao observar como eram melosos, mas, se fosse honesta comigo mesma, sabia que se Daehyun e eu ainda estivéssemos juntos, estaríamos iguais a eles.

Daehyun passou o dia em silêncio, apenas aproveitando o ambiente, enquanto eu mergulhava nas páginas do meu livro, sentada à sombra de uma árvore.

O som das folhas se agitando suavemente ao vento misturava-se ao farfalhar das páginas. De repente, fui arrancada da minha imersão literária pela presença de Daehyun que, sem aviso, se sentou ao meu lado.

— Poderia ser nós dois, se você não tivesse me dado um pé na bunda — disse ele com um sorriso de canto, apontando para Luana e YeJun, que trocavam beijos como se o mundo tivesse desaparecido.

Luana, acomodada no colo de YeJun, estava tão envolvida na troca de saliva que não percebia nada ao seu redor.

Eu olhei de relance para Daehyun, meu coração batendo um pouco mais rápido. Parte de mim queria responder, mas outra parte não sabia o que dizer. Claro que eu queria estar naquela situação, só não tinha coragem de admitir.

O perfume natural de Daehyun, uma mistura suave de algo fresco e amadeirado, fazia com que fosse ainda mais difícil manter a cabeça no lugar. Eu o admirava de perto, sentindo a intensidade de seu olhar fixo em mim. A cada segundo ao seu lado, eu desejava mais estar como Luana e YeJun, beijando-o, sentindo suas mãos nas minhas costas, provando o sabor doce dos seus lábios.

— Talvez eu nem queira te beijar mesmo — menti, tentando soar brincalhona, mas era óbvio que meu desejo estava estampado no rosto.

Ele sorriu, aquele sorriso travesso que sempre me desmontava.

— Sabe, quando eu dormi no seu ombro no ônibus, tive um sonho estranho... Sonhei que você me beijava enquanto eu dormia — disse ele, com um tom cheio de malícia.

Senti meu rosto queimar. Eu realmente o tinha beijado, mas pensei que ele estivesse completamente apagado.

— Que sonho maluco, né? — tentei disfarçar, sorrindo de forma nervosa.

— Pois é... parecia bem real — ele continuou, me olhando com aquele sorriso maroto, sabendo muito bem que o sonho não era apenas fruto da imaginação.

— Talvez seja só a sua saudade de mim — provoquei, fingindo indiferença.

— Ou talvez você me beijou porque achou que eu estava dormindo — ele rebateu, arqueando uma sobrancelha.

— Acho que você está viajando — falei, tentando desviar o olhar.


Agora, todos estávamos reunidos em torno de uma fogueira.

Cat preparava algumas bancetas de porco sobre as brasas, enquanto espetos de vegetais eram passados de mão em mão. O cheiro da carne assada misturava-se ao frescor do ar noturno, que trazia consigo o aroma de pinheiros.

O céu, um espetáculo à parte, estava repleto de estrelas brilhantes, e a lua cheia iluminava a paisagem ao redor.

— Vamos brincar? — sugeriu Catarina, com um sorriso travesso no rosto.

Amor de Algodão DoceOnde histórias criam vida. Descubra agora