38

49 5 0
                                    


O relógio mal marcava meio-dia quando as tão esperadas férias de julho começaram a se desenrolar numa terça-feira ensolarada. Lá fora, o calor era abrasador com uma sensação térmica sufocante de 32 graus. Apesar disso, nuvens pesadas pairavam no horizonte, anunciando tempestades iminentes para o fim da tarde.

Diante desse cenário, Luana e eu decidimos dedicar a tarde inteira a nós mesmas. Enquanto ela delicadamente pintava suas unhas dos pés com um tom de rosa floral, eu relaxava com uma máscara facial intensiva, imersa na música. Foi então que batidas na porta interromperam nossa tranquilidade.

— Pode ver quem é? — Ela apontou com a cabeça, completamente concentrada em sua tarefa de remover o excesso de esmalte com um palito. Eu fiz uma careta sob a máscara, tentando transmitir que também não estava disposta a atender a porta. — O quê? Estou ocupadíssima!

Bufei, revirando os olhos, e acabei removendo a máscara, já que as batidas não cessavam. 

Atendi a porta e uma jovem simpática entregou um imenso buquê de rosas amarelas, envolto em papel claro com um laço colorido e um delicado cartão entre as pétalas. Era uma visão verdadeiramente adorável.

Luana lançou um olhar desdenhoso e fez uma careta, reclamando da cafonice de receber flores e expressando sua preferência por chocolates ou qualquer coisa comestível. Eu ri ao ler o nome escrito em letras coreanas no verso do cartão: "Para minha querida florzinha".

— Bem, nesse caso, posso ficar com elas? — brinquei, cheirando as rosas enquanto segurava o riso. Minha colega de quarto, me olhou perplexa, quase se engasgando ao tentar falar:

— São para mim?

Encolhi os ombros, soltando uma risada contida. Embora também estivesse encantada com o buquê que minha amiga recebeu, vê-la sem palavras, quase incrédula, foi hilário.

— Sim, é o que diz no cartão. Luana, a florzinha — respondi, gargalhando enquanto entregava as flores para ela.

Luana recebeu o buquê com um misto de surpresa e encanto, seus olhos brilhando diante da inesperada demonstração de carinho. Ela segurou as rosas delicadamente, como se não acreditasse que eram realmente para ela.

— Yejun… — ela murmurou, examinando o cartão mais uma vez. — Nunca imaginei receber flores. Amarelo é a minha cor favorita, é tão… belo.

Seu sorriso irradiava gratidão, suavizando seus traços.

— Pensei que fosse algo brega… — provoquei, divertida com a situação. Ela retribuiu com um olhar de desdém, uma expressão que eu conhecia bem. Seria brega se fosse um presente para mim, não para ela.

Apesar disso, senti uma alegria genuína ao saber que finalmente ela encontraria alguém que a amasse e a tratasse como uma rainha.

Semanas atrás, descobrimos por acaso que Matthew havia partido para a Europa; seu contrato como modelo em Seul havia terminado e ele assinará com uma agência em Milão.

Notei a tristeza da minha amiga quando recebeu a notícia, mas como ela mesma disse, foi melhor assim.

Yejun era um verdadeiro cavalheiro, extremamente gentil e amoroso, muito mais do que Daehyun, que, quando de mau humor, transformava-se em um velho rabugento.

Ao cair da tarde, ainda não havia recebido nenhum contato de Daehyun. Talvez não fosse motivo para alarme, mas ele costumava me enviar mensagens logo que acordava, dizendo que sonhara comigo pela milésima vez, e durante o dia perguntava se eu já havia almoçado ou o que estava fazendo. 

À medida que a noite avançava, aguardava sua ligação habitual antes de dormir, quando ele me pedia para sonhar com ele também. Um nó se formou em minha garganta.

Amor de Algodão DoceOnde histórias criam vida. Descubra agora