46

11 4 0
                                    

O silêncio que se seguiu parecia ensurdecedor, Catarina abriu a boca algumas vezes, mas nada saía.

Sua expressão, antes confiante, agora estava em frangalhos. O rubor em suas bochechas denunciava sua culpa ou, pelo menos, seu desconforto.

Daehyun franziu o cenho, seus olhos passando de mim para Catarina, e de volta para mim. Ele parecia tenso, seus lábios apertados como se estivesse tentando manter a calma. Finalmente, ele quebrou o silêncio, sua voz firme carregada de tensão.

— Ella, o que está fazendo? — Ele parecia tentar conter a raiva. — Isso não é justo.

Minha respiração estava acelerada, e o calor em meu peito parecia aumentar com cada segundo que passava. Eu sabia que tinha ido longe demais, mas não consegui parar.

O que saiu de minha boca foi um desabafo cheio de amargura.

Minha visão se desfocava, e os pensamentos caóticos em minha mente se entrelaçavam como um turbilhão descontrolado.

A dor latejava em minha cabeça, enquanto o mundo ao meu redor rodopiava fora de foco, cada vez mais distante e confuso.

— Não é justo, Daehyun? E você acha justo me fazer sentir como uma estranha ao seu lado? A Catarina está sempre por perto, e eu fico assistindo como se não tivesse lugar na sua vida! — Minha voz falhou no final, e lágrimas se acumularam em meus olhos, mas me forcei a continuar. — Eu não aguento mais!

— Ella... — ele começou, hesitante, como se escolhesse cuidadosamente cada palavra. — Não é o que você está pensando.

Eu ri, mas era uma risada amarga, cheia de dor. O nó na minha garganta apertava mais a cada segundo. — Então me diz, Daehyun... o que eu estou pensando?

Ele abriu a boca, mas hesitou. Catarina tentou intervir, sua voz fina e instável.

— Ella, você está entendendo tudo errado. Eu nunca... eu jamais faria algo para machucar você...

— Então por que parece que você já fez? — Minha voz saiu trêmula, mas com uma força inesperada. Senti meus olhos arderem, mas segurei as lágrimas com tudo o que tinha. Não queria parecer fraca diante deles.

A tensão entre nós era palpável, e o peso do que não estava sendo dito era quase esmagador.

Luana tentou intervir, colocando uma mão no meu braço como se quisesse me puxar de volta ao controle.

— Ella, calma. Vamos dar um tempo, ok? Talvez seja melhor respirar fundo e pensar no que está dizendo.

A cada inspiração, meus pulmões pareciam se esvaziar de ar, mas o ritmo frenético do meu coração não diminuía.

A garrafa de soju, gelada e convidativa, brilhava sob a luz fraca. Luana, com seus olhos cheios de preocupação, tentou tirar a bebida de mim, mas a batalha era desigual.

— Não! — murmurei, a voz rouca, — Eu preciso disso.

Eu precisava daquela bebida, precisava da ilusão de controle que só o álcool poderia me oferecer.

Daehyun virou-se para mim, os olhos cheios de frustração.

— Você acha que é fácil para mim? — Ele disse, a voz cortante. — Acha que não sinto o mesmo? Eu também estou lutando para fazer isso funcionar. Mas não posso mais lidar com suas suposições e essa desconfiança constante.

— O que está insinuando, Daehyun? — Minha voz saiu embargada, o álcool parecia dominar meus sentidos. Tudo ao redor girava incontrolavelmente.

Catarina estava visivelmente desconfortável, afastando-se da mesa enquanto tentava processar o que acabara de acontecer.

Amor de Algodão DoceOnde histórias criam vida. Descubra agora