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Após finalizar a dobra da última muda de roupa, organizo meticulosamente tudo na minha mala.

Suspiro profundamente, com certo arrependimento por não ter aproveitado ao máximo minha estadia em Busan. No entanto, dois dias nesta cidade parecem ter se estendido por semanas.

Guardarei boas lembranças, apesar de enfrentar desafios. E, no meio dos acontecimentos desastrosos, fiz uma nova amizade. Cat e eu compartilhamos contato e planejamos nos encontrar em Seoul em um futuro próximo.

Entro no ônibus, e ao que parece, todos estão ocupando os mesmos lugares.

Ao lado de Matthew, Luana finge não me ver enquanto caminho em direção aos mesmos assentos disponíveis ao fundo do transporte.

Maysane ergue as sobrancelhas com um ar provocador, talvez esperando que eu reivindique uma justificativa para a sua "generosidade".

A ignoro, não lhe darei o prazer de saber que sua ação me atingiu, mesmo que eu não saiba o que a levou a fazer o que fez.

— Desta vez, ficarei ao lado da janela — Digo a mim mesma entusiasmada. Afinal, não existe nenhum acordo que nos obrigue a sentar nos mesmos lugares.

A temperatura cai inesperadamente, arrumo-me colocando meu casaco e máscara tapa-olhos, porque não há outra coisa que desejo mais do que dormir.

Ouço alguém mencionar que ainda não chegou um aluno e sou tomada por alívio ao saber que existem pessoas piores do que eu.

Com os olhos fechados, tento esvaziar minha mente, mas todos os meus pensamentos giram em torno de uma única pessoa.

Sua beleza impressionante torna-se alvo de qualquer um, os olhos são suas características mais marcantes, e não consigo esquecer o quão intensos são.

Em contrapartida, seu ego é forte e sua personalidade singular — se é que posso dizer — o "maníaco de Busan". É assim que o chamo desde que presenciei a cena romântica e bizarra mais cedo.

Cada vez que rememoro a forma afetuosa que ele se dava a ela, sinto náuseas. Ela é apenas uma adolescente, isso não é crime? Por sorte, não precisarei vê-lo novamente, pouco me importo com seu caráter duvidoso.

No entanto, é inexplicável essa percepção de que já o conheço.

Deixo escapar um suspiro exausto, pronta para adormecer, quando percebo alguém me cutucando hesitante e repetidamente. "Me deixe em paz", respondo em pensamento, e direciono-me para o lado da janela.

— Com licença, por favor... este lugar é meu. — Sou atordoada com uma voz suave e familiar — Com licença.

Ele continua me incomodando, e mesmo que o toque não seja agressivo, pelo contrário, é delicado, estou extremamente aborrecida e finjo não ouvir.

Não existem normas que nos obriguem a ir e voltar nos mesmos lugares. Não me retirarei daqui por nada.

Mas ele permanece irredutível.

— Ei, sai do meu lugar.

— Desde quando os lugares têm proprietários? — Gritei rudemente ao retirar a máscara dos olhos.

Trocamos um rápido olhar, e meu coração acelerou de uma forma que nunca senti antes. Pisco os olhos algumas vezes para ter certeza de que não estou alucinando.

— Este lugar é meu. Pode se retirar, por gentileza? — Salienta o dono dos olhos de ônix.

Paraliso como se o meu cérebro tivesse sido atingido por um tijolo. Foi preciso um tempo até que eu recuperasse a habilidade de pensar.

Ele é o coreano que dormiu em meu ombro? O mesmo a quem empurrei a cabeça, fazendo-a colidir com força?

De repente, minhas bochechas ficam rubras, e sinto meu rosto queimar.

Minha intuição estava correta. De fato, eu o "conheço" há mais tempo do que imaginava.

Amor de Algodão DoceOnde histórias criam vida. Descubra agora