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Viro-me na cama de um lado para o outro, sem conseguir dormir. Razão? O perfume dele ficou em mim. 

Apoio o queixo sobre os punhos fechados, tentando esquecer os pensamentos. Mas, todos me levam de volta ao seu abraço.

Não sei se já senti isso antes. De saber que há um lugar onde me sinto segura. 

Confesso que estou confusa…

Também não sei por que tive tanto medo hoje cedo.

Eu tinha muito pavor do escuro quando era criança, e até fiz terapia. Mas, achei que tinha superado o trauma.

Qualquer um, naquela hora, diria: “É só um medo bobo, você precisa enfrentar isso!”. 

Mas, não ele.

— Tudo bem! Todo mundo tem medo de alguma coisa. — Ele sorriu com empatia e fez meu coração balançar, quando eu me soltei dos seus braços e pedi desculpas pelo constrangimento.

Eu apostaria com quem quisesse. Ele fica ainda mais bonito quando sorri.

Eu o olhei com gratidão. É claro que os medos devem ser encarados e não escondidos; mas ali, eu me senti humana e não ridicularizada e foi muito reconfortante.

— Ah! Hm. é… eu meio que me arrependo do que disse antes. Você pode ser o meu tutor. — Forcei um sorriso sem graça.

Ele cruzou os braços e soltou um suspiro irônico.

— Tarde demais! 

— Qual é, Tutor Lee. — Brinquei com o fato de ele não ter dito o seu nome verdadeiro — Eu não vou conseguir sem você. Aliás, Tutor Lee? Fala sério! — Empurrei de leve o ombro dele para trás.

Ele abriu aquele sorriso de coiote.

— Um, você feriu o meu orgulho me dispensando daquele jeito. Dois, eu só queria te fazer uma surpresa, por isso não contei.

— Uma surpresa desagradável? — Provoguei.

Ele voltou a soltar um sopro e a rir alto.

— Eu sei que você gosta da minha companhia.

— Sonha… — Revirei os olhos — Agora, pare de se fazer de ofendido e me diga o que preciso saber sobre esse livro?

— Estou realmente ofendido. — Ele fez careta — Não vou te perdoar assim, tão fácil.

Uma ruga se formou entre as minhas sobrancelhas, com um olhar irritado.

— O que você quer de mim?

— Explique por que eu devo te aceitar de novo?

— Você é impossível! — Dessa vez, fui eu quem soltou o ar pela boca com força.

Peguei o travesseiro para cobrir o meu rosto, ao lembrar desse momento. Ele é tão convencido que às vezes, não sei o que pensar.

De linha em linha meus olhos se fecharam mais e mais, e no fim eu nem percebi quando dormi.



O dia amanheceu e fui despertada pela luz que entrava pela janela e tocava o meu rosto. Ajeitei o cobertor para descansar um pouco mais e me assustei ao ver as horas e notar que eram 7:45.

— Droga! — Resmunguei. 

Quinze minutos. Era o tempo que eu tinha para chegar na sala de aula. Com pressa desesperada, vesti a primeira roupa do armário, tentando arrumar o cabelo com a mão livre.

A aula foi cansativa e quase não consegui acompanhar, mostrando todas as dificuldades que tenho para aprender o idioma. Quando o alarme tocou, anunciando o fim da palestra, senti um alívio inesperado.

Amor de Algodão DoceOnde histórias criam vida. Descubra agora