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Kira chega em casa um pouco receosa para conversar com seu pai que trabalhava em seu escritório.

Kira: Pai, precisamos conversar?

Yves: O que houve?-Perguntou desviando a atenção dos documentos.

Kira: Sabe, eu...nem sei como te dizer isso.-Disse com uma feição triste se sentando de frente a ele.

Yves: É algo muito grave?

Kira: Sim.

Yves foi até sua filha e sentou-se ao lado dela.

Yves: Princesa, o que houve?

Kira: H-hoje eu dormi na sala e eu tive um sonho bem estranho. Sonhei que estava em uma floresta escura e vazia, as árvores eram mortais e eu estava sozinha. Não havia mais nada além de árvores secas. Até que eu enxerguei desenhos em algumas árvores e em seguida vi um homem alto, magro, ele trajava terno e não tinha face. Seu rosto era branco sem nada. Ele tinha tentáculos e me enforcou.

Ela fez uma pausa sentindo sua mão levemente trêmula.

Kira: Quando eu acordei senti dores no estômago, mas pensei que não fosse nada, mas quando eu estava voltando pra casa eu não aguentei a dor que estava sentindo e fui até o banheiro mais próximo que tinha e alguns tentáculos negros saíram de trás das minhas costas e vi que meu rosto estava ficando sem cor. Eu não sei o que está acontecendo, mas acredito que seja o início da vida de uma nova criatura que eu inventei.

Yves: Como assim? Você não rasgou o caderno?

Kira: Eu queimei, mas eu acho que ele conseguiu vir para dentro de mim antes de eu deslizar meus dedos para o mundo invertido. Eu senti uma sensação de vida mais poderosa e acho que ele deve ser bem parecido com o devorador de mentes.

Yves: E por que você não disse sobre esse desenho antes?

Kira: Eu não lembrava, papai.

Yves: Puta merda, mas que caralho. Quantos desenhos você fez, garota?

Kira: Eu não lembro.

Yves: Você sabe que provavelmente algumas pessoas irão morrer por causa desse monstro que você criou, não sabe?

Kira: Eu sei. Mas você acha que eu quis isso?

Yves: Não era você que dizia que odiava todo mundo que não suportava ficar perto de ninguém?

Kira: Mas você sabe muito bem que eu me sentia sufocada e não estava preparada psicologicamente para lidar com pessoas. Talvez se o senhor tivesse conversado comigo e arrumado uma terapeuta pra mim ao invés de me internar no hospício e me abandonar lá durante por 1 ano, nada disso teria acontecido.

Yves: Agora você quer me culpar pelos seus transtornos mentais? Eu por acaso tenho algo haver de você ter mudado sua mentalidade depois que sua mãe morreu?

Kira: Não, mas apenas saiba que você me ignorou e não me deu atenção durante por um bom tempo. Tudo o que eu fiz foi tentando chamar a sua atenção e mais tarde eu só queria mostrar a minha imaginação pro mundo.

Yves: Foi exatamente por causa disso que a sua colega morreu, que a namorado do Eddie morreu, que a amiga da Nancy morreu e que o namorado da Joyce morreu.

Kira: Para de colocar a culpa em mim! Eu não sabia disso.

Yves: Deixa eu te fazer uma pergunta: se você já soubesse disso desde do dia que você ganhou aquele caderno. Você teria feito algo bem pior ou melhor?

Kira: Eu não acredito que você pensa assim de mim. Talvez deveria ter me deixado apodrecer dentro daquele manicômio com a Michelle, aquele monstro do inferno.

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