Capítulo 7

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GIZELLY

O relógio marcava exatos três e quinze da manhã. Eu já estava de pé, procurando por algo a qual pudesse vestir enquanto falava com Rafaella ao telefone. E após minha insistência, ela aceitou minha companhia e desligou. Eu não tinha muito tempo, então optei apenas por vestir um conjunto de moletom, jogar uma água no rosto, e seguir para sua casa.

Em poucos minutos estacionei em frente ao seu prédio. Pelo horário, o fluxo estava calmo na Cidade, quase nada. Portanto consegui fazer um tempo recorde até meu destino.

Como minha entrada havia sido liberada, só precisei me identificar com o porteiro de plantão, e subir para o andar indicado. Assim que saí do elevador, fui direto para a porta e toquei a campainha. Não demorou muito para a mesma ser aberta, e Rafaella aparecer em meu campo de visão com sua filha no colo.

- Oi Gi. Vamos?-

- Não precisa de mais nada?- Perguntei reparando também na mochilinha infantil em seu ombro.

- Acho que está tudo aqui.-

Assenti e peguei a mochila. E assim que ela trancou a porta, fomos em direção ao elevador.

Durante o trajeto até o térreo, Rafaella falava com o marido ao telefone. Eles estavam em chamada de vídeo, e pelo que pareceu, ele estava em algum evento. Um desfile, talvez. Sofia resmungava manhosa no colo da mãe quando o pai pediu para falar com ela, mas não mantiveram a ligação por muito tempo. O homem garantiu que não voltaria para casa pela manhã, mas sim, assim que o evento terminasse. Já estávamos dentro do carro quando os dois falaram mais algumas coisas e se despediram.

Após Rafaella ter se acomodado com a filha ao meu lado, prendi meu cinto e dei partida no motor.

O hospital não ficava tão longe de seu apartamento. Em questão de meia hora chegamos no mesmo. Enquanto eu estacionava, ela entrou com a filha na ala emergencial. Logo peguei a bolsinha a qual ficou no carro, minha carteira e celular, e saí do mesmo.

Ao entrar na recepção, vi Rafaella esperando pelo atendimento no balcão. Fui até ela.

- Ei, quer me dá ela? Assim você resolve as coisas melhor.-

Ela assentiu e tentou me passar a filha. Mas a mesma estava grudada nela.

- Filha, deixa a mamãe ver as coisas aqui... Fica com a tia Gi.- Seu pedido carinhoso fez a pequena me encarar, ainda deitada em seu ombro. E quando a mãe tentou me passar ela mais uma vez, ela cedeu.

Com isso fomos até onde todos os outros pais estavam sentados, esperando ser chamados, e também me sentei com ela em meu colo.

- Ta sentindo alguma dor, bebê?- Me arrisquei em puxar assunto, mas Sofia apenas balançou a cabeça negativamente.

Passei a mão em sua testa, sentindo sua temperatura ainda quente. Durante o caminho Rafaella havia dito que a medicou em casa, mas nada adiantou. Suspirei preocupada, me colocando no lugar da mineira. Pois eu também tenho um filho e muita das vezes me vi nessa situação de agora, estando sozinha com ele.

- Gi?- Fui tirada de meus devaneios quando a mesma me chamou. - Vou precisar ir em casa. Você pode ficar só mais um pouquinho com ela aqui?-

Franzi o cenho com seu pedido.

- Eu posso ficar com ela sim. Mas por que precisa ir em casa?-

- Eu saí tão corrida, que eu não vi que minha carteira estava ficando.-

- O cartão do plano dela não está com você?-

- Sim, mas o problema é a carência. Ela só tem três semanas na creche. Tenho que esperar os três meses.-

Eu, Tu, Eles!Onde histórias criam vida. Descubra agora