Capítulo 9

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RAFAELLA

Acordei bem cedo na manhã seguinte. Na verdade eu nem dormi. Minha cabeça latejava com o misto de pensamentos, e a ressacada da noite passada. Flávio ainda dormia profundamente ao meu lado apenas de cueca. Resultado de uma madrugada agitada, onde somente ele aproveitou. Sim, pois eu não tinha cabeça para nada, a não ser pensar nas coisas que ouvi de Gizelly. Enquanto ele distribuía beijos pelo meu corpo e se saciava com atritos libidinosos, eu não conseguia deixar de pensar em tudo que aconteceu horas atrás. Resumindo em não me entregar em nossa noite de amor.

Depois que Gizelly disse aquelas coisas para mim, me senti um tanto surpresa. Em choque. Eu não fazia ideia de que aquelas coisas estavam acontecendo com ela. Gizelly sempre me respeitou, sempre fez de tudo para me ver bem e tranquila aqui na Cidade. E o mais importante, conquistou minha filha de uma forma a qual nunca vi. Sofia adora ela e o filho. É triste ver as coisas por esse ângulo agora, pois eu realmente estava curtindo a nossa amizade. Porém diante das circunstâncias, o melhor seríamos nos afastar mesmo. E ela sempre esteve certa!

Durante o dia inteiro eu me senti mal por suas fugas. Me senti até um pouco enciumada por ver ela e Fernanda tão amigas, a ponto de ignorar minha presença ali. No início eu achei que estava com ciúmes da minha amiga de infância, mas no fim me dei conta de que o ciúme duplicou. Pois eu também senti ciúmes de Gizelly. Sou ciumenta não só com meu marido, mas sim com meus pais e amigos. E Gizelly agora faz parte do meu ciclo de amizade.

Ou pelo menos fazia.

Depois do parabéns eu resolvi vir pra casa. Fernanda e Flávio estranharam minha decisão repentina, porém não questionaram. E eu agradeci por isso, pois não estava afim de tocar no assunto. Talvez mais tarde eu conversaria com Flávio.

Na volta para casa eu vim no banco de trás com Sofia dormindo em meu colo, enquanto os dois conversavam animadamente no banco da frente. Por sorte Flávio não bebeu durante a festa, apenas durante o dia. E eu agradeci mentalmente por isso. Ao menos ele pôde dirigir tranquilo. Ele não esteve satisfeito por voltar tão cedo, já que fez amizade com Júlio e Pedro. Mas também não reclamou. Nunca reclama das minhas decisões.

Agora estou eu aqui, sem ter conseguido pregar os olhos, pensando em tudo que aconteceu. Até sentir os braços fortes me agarrar pela cintura e me puxar para perto.

- Vamos levantar?- Chamei de forma carinhosa, alisando seu braço.

- Prefiro ficar aqui o domingo todo.- Sua resposta preguiçosa me fez rir, virando de frente para ele.

- Ta esquecendo que tem uma criança de três anos pela casa, que come de hora em hora? E daqui a pouco ela entra aqui pedindo mamadeira.-

Ele logo abriu os olhos, me encarando com aquelas bilhas azuis.

- Já que não tem outra opção, vamos pelo menos tomar um banho juntos, antes que ela apareça?-

No mesmo instante a porta se abriu.

- Tarde demais.- Respondi rindo, vendo nossa filha entrar no quarto.

Ele bufou desanimado, me fazendo rir ainda mais. Então sentei no colchão, com Sofia subindo na cama.

- Bom dia, mamãezinha!- Chamei sua atenção, vendo-a coçar os olhos. - Vamos lavar esse rosto pra tomar o cafezinho da manhã?-

Ela logo agarrou o pai, e se enfiou de baixo do edredom.

- Acho que alguém concorda com o papai, quando disse que queria passar o domingo aqui.- Flávio brincou me fazendo revirar os olhos.

- Então eu vou pra mesa sozinha.-

Eu, Tu, Eles!Onde histórias criam vida. Descubra agora