Capítulo 17

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RAFAELLA

Acordei sentindo um peso sobre mim. Era Flávio. Eu estava deitada de bruços, com o edredom cobrindo apenas da cintura para baixo. Sentia seus beijos em toda minha costa. Estava nua, como na maioria das vezes eu dormia. Porém, noite passada depois que Pocah e eu chegamos, os três já dormiam. Flávio e as crianças. No entanto, eu o acordei para o meu bel prazer. Todavia eu fiz todo o trabalho, já que eu estava empolgada, e ele sonolento.

Quando abri os olhos e finalmente despertei, vi que tinha uma bandeja de café da manhã na cama.

- Bom dia, quase tarde, Bela adormecida!-

- Bom dia! Que horas são?-

- Já passou das onze.- Ele dizia com ar de risos.
- Pelo jeito foi bom ontem. Você chegou pior que a outra vez, quando saiu com as meninas.-

Acabei rindo de sua fala, enquanto me sentava e prendia o cabelo em um coque.

- Pega o robe pra mim, meu bem?- Pedi e ele passou os olhos por todo o quarto, antes de visualizar o mesmo pendurado na cadeira da penteadeira. Em seguida ele o alcançou e me entregou. - Obrigada!-

- Agora come e me conta como foi sua noite... Cantou muito?-

- Não ria de mim.- Falei enquanto me servia. Flávio logo soltou uma gargalhada.

- Uai, meu amor, como não rir? Você cantou mesmo?-

- Cantei.- Dei de ombros, mordendo um pedaço de misto quente. - E ganhei nota alta, tá?-

- Acredito! Essas máquinas....-

- Não ouse concluir!- Serrei os olhos e ele gargalhou mais uma vez. - Teve gente lá, pior que eu.-

- Você como cantora, é uma ótima empresária, e uma ótima esposa, meu amor. Continue!- Peguei uma uva e joguei sobre ele, fazendo-o rir alto, e logo se aproximar selando nossos lábios.
- É brincadeira.-

- Não é! Eu canto mal, eu sei... Fizeram questão de zombar de mim ontem.-

- Pelo menos fez todos riem?-

- Pelo menos isso...- Soltei uma risada, e ele riu junto.

-Isso que importa. Mas olha, vamos almoçar fora. Deixei a mesa arrumada, e depois você acorda a Pocah, pra ela comer também.-

- Ela já deve ter acordado, mas tá no celular. Vou terminar de comer e chamar ela.-

- Ok. Eu vou lá pra sala...-

Depois que ele saiu, voltei a degustar do meu desjejum. Ainda pensava sobre a noite no karaokê e acabei rindo de mim mesma, lembrando da minha cantoria. Quando terminei, peguei em meu telefone celular para me comunicar com Pocah, porém vi uma mensagem que me fez lembrar instantaneamente do episódio no banheiro do bar. Gizelly havia me chamado mais cedo, e queria falar comigo. Me vi sem jeito em respondê-la, pois eu lembrava exatamente do que aconteceu. Ou do que quase aconteceu. Eu havia confessado meu conflitos internos para ela, e se não fôssemos interrompidas, o pior teria acontecido. No mesmo instante, encarei a bandeja de café da manhã e me senti horrível. Como se tivesse traído meu marido.

Ao mesmo tempo me senti aliviada, como se houvesse removido um peso de minha costa. Demorei para descobrir, acreditar, e aceitar que de alguma forma, Gizelly estava mexendo comigo. Não sei quando e nem como isso aconteceu, sei que ela não sai mais da minha cabeça.

Mandei uma mensagem para minha amiga e avisei que o café da manhã dela estava pronto na mesa, e que eu tomaria um banho para encontrá-la em seguida. Avisei também que comeríamos na rua antes de deixarmos ela no aeroporto mais tarde. Depois disso, criei coragem e respondi Gizelly.

Eu, Tu, Eles!Onde histórias criam vida. Descubra agora