Capítulo 37

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RAFAELLA

Acordei na manhã de quinta-feira, nosso penúltimo dia na Cidade, encontrando a cama vazia ao meu lado. Percebi que Gizelly já havia saído com o padrasto; uma vez que havia avisado ter que ir muito cedo até o interior. Sofia e Gabriel ainda dormiam no colchão, e a casa aparentemente estava silenciosa.

Levantei com cuidado, fazendo o menor barulho possível, seguindo para fora do quarto. Entrei na porta da frente, e fiz minha higiene no banheiro. Após alguns minutos segui para a cozinha, encontrando Márcia preparando a mesa do café.

- Bom dia, Márcia!- A cumprimentei suavemente, afim de não assusta-la, e ela sorriu carinhosa.

- Bom dia, Rafa! Vamos tomar café e acordar aqueles dois. Hoje o dia será somente nosso.-

- Que horas eles saíram?- Perguntei me sentando a mesa.

- Faltava pouco para amanhecer. Gizelly como sempre, de cara fechada.- A observação me fez rir. - Vai acostumando! Ela é sempre muito brava quando acorda.-

- Não só quando acorda.- Brinquei e ela riu, se sentando logo em seguida.

Iniciamos uma conversa tranquila durante nosso desjejum. Desde que cheguei aqui com Gizelly e as crianças, foram tempo suficiente para que eu construísse uma relação amena com Marcia e Madalena. As duas, incluindo Elton, me trataram com tanto afeto, que venho me sentindo parte da família. Cheguei ao ponto de não mais negar qualquer tipo de piada ou brincadeira saudável em ralação a Gizelly e eu. Tenho notado também os carinhos e a recepção a qual deram para minha filha. Sofia está adorando o início das férias aqui.

Quando terminamos, acordamos os dois e nos arrumamos para sair. Nosso destino seria a praia. Gizelly parece ter comentado com a mãe sobre o desejo do meu bebê, e pediu para que a mesma me acompanhasse com ela e o filho. Quando Márcia me contou, faltei sentir cãibra no maxilar de tão largo que eu sorri.

Talles chegou em sua camionete 4x4 para nos levar, e Márcia foi na frente. Eu, as crianças e os cachorros ficamos no banco traseiro. Chegamos na praia às dez da manhã, e nos acomodamos na areia.

O sol não estava tão escaldante. Então, após proteger os pequenos com a loção solar, deitei em uma das cadeiras alugadas e me permiti embarcar em minha leitura.

Gizelly ainda não havia me mandado mensagem, e certamente ainda estaria chateada. Não descarto sua razão, pois eu também ficaria. Porém não pude evitar... Ou melhor dizendo, eu tentei evitar, mas falhei miseravelmente. No momento em que vi a foto de Flávio em um restaurante romântico com Franciny, uma de suas clientes, um sentimento forte de ciúmes e revolta me tomou. Ciúmes por nunca tê-lo visto com alguém antes, nem mesmo em nossa mocidade. Conheci Flávio solteiro, e então começamos a namorar. E revolta por ele ter ignorado todas as minhas tentativas de comunicação durante todo o dia anterior, pela nossa filha.

Sofia anda enjoada desde que amanheceu no dia de ontem, perguntando pelo pai constantemente. Ela tem sentido falta dele, e convenhamos... Eles se vêem todos os dias. E essa semana em especial, ela ficaria sem encontrá-lo até o fim de semana. Quando tentamos ligar para ela ao menos matar a saudade por telefone, ele não atendeu.

- Ei, Rafa... Não vai entrar?- Talles perguntou, assim que chegou de algum canto onde ele esteve desde que chegamos. - Eu trouxe água de coco. Você gosta?-

- Sim! E obrigada, mas não precisava.- Me sentei e peguei o que ele me oferecia.

- Não precisa agradecer....- Ele disse se sentando na espreguiçadeira ao meu lado, e nos mantemos em silêncio, apenas bebericando o canudinho.
- E a Gigi? Não vem?-

Eu, Tu, Eles!Onde histórias criam vida. Descubra agora