GIZELLY
Voltei para o meu escritório um tanto esperançosa. Minha conversa com Rafaella e sua decisão de deixar o sentimento rolar, me deixou com uma pontinha de esperança. Não que eu parta para o ataque, mesmo sabendo de sua condição civil, longe disso. Todavia, eu também não daria bobeira. Simplesmente continuaria fazendo o que sempre fiz desde que nos conhecemos.
Depois desse dia, voltamos com o nosso momento às tardes na cafeteria. Conversávamos coisas aleatórias e amenas. As risadas frouxas e as implicâncias, nos acompanhavam sempre. E quando eu não conseguia chegar a tempo, Rafaella sempre ia sozinha e me mandava foto; uma vez que as mensagens trocadas também voltaram, e mais que isso, intensificaram. Trocávamos fotos quando estávamos cozinhando, ou assistindo algum filme com as crianças, e sempre prometendo nos encontrar para fazermos aquilo juntos. Os quatro. No entanto, Rafaella não se viu satisfeita quando neguei seu convite para ir até sua casa. Os dois primeiros convites eu dei uma desculpa esfarrapada, e ela aceitou. Porém os outros seguintes ela já não concordou muito. Até eu finalmente ser sincera e dizer que eu não me sentiria bem estando lá, sabendo que o marido poderia chegar a qualquer momento.
"Mas Gi, o que tem ele chegar? Não vamos estar fazendo nada demais, uai."
"Rafa, só o fato de estarmos envolvidas sentimentalmente de alguma forma, já estamos fazendo muito. Seria demais eu estar na casa dele. Sou praticamente sua amante..."
Essa foi uma das pautas em uma de nossas ligações noturnas. Após rir do meu comentário descontraído, ela insistiu por mais algum tempo antes de se dar por vencida e fechar a cara. Depois dessa noite ela ficou bicuda durante o dia seguinte inteiro.
Aquele mês em si passou rápido. Consegui arquivar alguns processos ganhos, e de forma satisfeita, fechar alguns honorários também. A semana foi tranquila, trabalhei todos os dias no escritório, saindo apenas para visitar alguns clientes. E também os cafezinhos à tarde. É a parte preferida do meu dia.
Rafaella e eu avançamos em nossa intimidade, não só como amigas, mas como quem quer e de alguma forma precisa da proximidade. Digo sobre estarmos mais confortáveis em relação aos abraços e contato físico. Entretanto eu ainda continuava respeitando todos os limites que ela pusera sobre nós. Os cheiros no pescoço e os carinhos rosto no rosto prevaleciam. Mas sempre tomando muito cuidado.
- Mamãe, posso jogar?- Gabriel chamou minha atenção assim que entramos em meu escritório. Dei o meu aval, e ele foi para trás de minha mesa, onde o computador já estava ligado.
Eu havia saído para busca-lo na escola mais cedo, pois segundo Thelma, a diretora, ele deu grise de dor de barriga. E por conta disso, não pude vir à tempo de encontrar Rafaella em nosso intervalo de lanche.
Me sentei em uma das cadeiras dos clientes, de frente para minha mesa, e voltei aos meus afazeres. As quais trabalhava antes de precisar sair. E enquanto lia alguns processos, ouvia os sons do jogo de meu filho. Passei longos minutos ali, inerte àqueles papéis, até que ouvi batidas em minha porta.
- Posso entrar?- Era Jaqueline.
- Entre, doutora Jaque.-
Larguei os documentos e virei minha atenção para ela.
- Vim aqui agora pouco, mas você não estava.-
- Precisei ir até a escola desse moço.- Apontei para o meu filho, escondido atrás do monitor maior que ele, e então ela o enxergou.
- Tudo bem, Bielzinho?-
- Ele fica cego, surdo e mudo quando está jogando.- Brinquei e ela riu. - Mas diga...- Tomei impulso e levantei, suspirando cansada, indo em direção a cafeteira.
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Eu, Tu, Eles!
FanfictionDona de uma vida aparentemente tranquila, uma carreira de sucesso, um marido perfeito e uma filha linda, Rafaella se ver em uma linha cruzada entre o comodismo da vida cotidiana e uma experiência recém-descoberta. No auge dos seus 3 anos de casament...