Capítulo 27

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RAFAELLA

Amanheci praticamente em Uberlândia na sexta-feira. O dia de quinta-feira foi tão bom, que me custava acreditar que encerraria da mesma forma. Estava bom demais para ser verdade.

Durante a tarde em que passei com Gizelly naquele hotel, meu telefone celular ficou de lado. Eu havia posto ele em modo avião, para que eu não fosse interrompida em meu momento de folga. Sofia estava na escola, e se acontecesse algo, a diretora ligaria direto para o meu número. No entanto, quando ativei os dados móveis, uma enxurrada de mensagens foi chegando. Incluindo um email que me deixou completamente chateada. Flávio havia entrado com pedido de divórcio. Eu sabia que mais cedo ou mais tarde isso aconteceria, só não sabia que seria cedo demais.

Eu não fiquei chateada pela atitude dele em si, até porque, o conhecendo bem, eu já esperava. Fiquei chateada com meus próprios sentimentos. Eu não queria estar mais casada, estava gostando do que vinha construindo com Gizelly. Entretanto me senti estranha, com sentimentos de perda. Foram seis anos juntos, e de repente tudo desandou.

Durante o caminho em que Gizelly fazia até a casa de sua ex mulher, na intenção de buscarmos a minha filha, eu entrava em contato com Rodolffo, meu advogado. Eu precisava dele mais que tudo agora.

Desembarquei no aeroporto de BH às seis da manhã. Eu literalmente madruguei, ansiosa por respostas. Havia combinado às oito com Rodolffo em seu escritório, e quando Marcella chegou para me encontrar, seguimos para a casa de nossos familiares. Sofia ficaria com sua irmã Flavina.

- Coitada da minha afilhada...- Minha prima dizia já na direção, apontando para minha filha dormindo em meu colo. - Que horas vocês embarcaram?-

- Cinco horas.- Respondi um tanto cansada.

- O que houve, afinal?-

- Flávio pediu o divórcio.-

- O quê????- Ela praticamente berrou em espanto.

- Na verdade já estávamos nos separando. Estamos afastados há um mês e pouquinho, só que na semana passada tivemos uma conversa definitiva.-

- E é por esse divórcio que você está aqui?-

- Sim, uai! Casamos aqui né?! Tudo tem que ser feito aqui. Ou desfeito... Rodolffo tá ciente de tudo.-

- Mas o Rodolffo é o advogado da empresa, ele não atua na vara da família e nem na área matrimonial.-

- Eu sei, mas ele disse que ia me ajudar. Quem cuidava de coisas burocráticas assim era o Flávio, e agora não sei nem por onde começar.-

- Eu sempre te disse ser uma má ideia deixar que seu marido resolvesse tudo por você.-

- Ele é meu empresário, uai. Ou era, não sei. Não conversamos sobre isso ainda. Mas desde que nos mudamos para o Rio, eu tenho resolvido tudo por mim mesma.-

- Menos mal... Mas então?! Temos aquele coquetel amanhã. Você já veio pra ficar?-

- Sim! É um contrato importante, não posso deixar de participar.-

Embarcamos no assunto trabalho e o possível contrato o resto do caminho. Por hora Marcella não perguntou mais sobre o divórcio e nem o motivo. O que me deixou tranquila, já que eu não tinha a intenção de falar sobre isso agora. E pensando no motivo, resolvi mandar uma mensagem para Gizelly avisando sobre o meu paradeiro. Porém vi que o aparelho havia desligado. Passei praticamente a noite conversando com o advogado e ele me explicando passo a passo do que aconteceria, e não me lembrei de pôr o mesmo para carregar. E quando ele me disse que tudo precisava ser feito na cidade onde me casei, eu apenas me permiti dormir algumas horinhas e já levantei arrumando as malas. Foi no aeroporto que vi o nível baixíssimo de bateria. Só deu tempo de avisar Marcella que eu havia chego.

Eu, Tu, Eles!Onde histórias criam vida. Descubra agora