Capítulo 33

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RAFAELLA

Foram oito horas cravadas do Rio de Janeiro até Vitória. Fora as paradas nos postos de gasolina onde precisamos ir ao banheiro, e levarmos os cachorros para beber água e fazer as necessidades. Saímos de casa às oito da manhã, paramos para almoçar e seguimos viagem, entre um intervalo e outro com as possíveis paradas. O relógio agora alcançava às quatro e cinco da tarde, e estávamos já no bairro onde os pais de Gizelly mora.

Ela havia me explicado que sua mãe mora com o padrasto em um apartamento na cidade, e a avó em um sítio com três ajudantes. Ficaríamos na casa de sua mãe, pois quando disse que alugaria um quarto em algum hotel da cidade, a mesma fez questão que ficássemos no quarto a qual lhe pertencia.

Eu estava deveras nervosa, não sabia o que me esperava ali, porém sabia que seria divertido. Apenas pelas histórias que Gizelly me contou sobre as duas mulheres de sua vida. Senti ela apertando seus dedos nos meus. Esses que vieram praticamente o trajeto inteiro cruzados sobre o apoio de braço em nosso meio, e deixou um beijo na costa de minha mão. Sorri apreensiva e ela mais uma vez me encorajou. O carro foi parando aos poucos, até soltarmos as mãos e ela fazer a curva, entrando no portão de garagem de um dos prédios.

Até que não foi de tão ruim essa viagem longa. Pode até ter sido cansativa, mas foi agradável. Conversamos bastante, e quando me vi cansada demais para continuar, Gizelly me incentivou a tirar um cochilo. Assim eu fiz, aproveitando o silêncio das crianças e dos cachorros. Ambos estavam desmaiados. Despertei com ela repousando sua mão em minha coxa, concentrada na estrada. Segurei a mesma e ela me encarou com um sorriso ameno. Aquele ato era novo para mim, como tantas outras coisas que Gizelly vem fazendo. Pois eu nunca viajei à carro, tendo a mão de Flávio me dando carinho o tempo todo. Conversávamos sim durante o caminho, porém Gizelly é bem mais atenciosa. Em um dado momento, após a parada para o almoço, revezei a direção com ela, e ela se permitiu também descansar. Lógico, depois de me implicar dizendo ter medo de minhas habilidades no volante.

Foi mais uma experiência gostosa que tive com ela.

- Finalmente...- Seu suspiro cansado tirou-me de meus devaneios.

Percebi que o carro já havia sido desligado e já estava parado em uma das vagas.

Desafivelamos os cintos e descemos. O veículo é tão grande, que nos tornamos pequenas perto dele. Sofia e Gabriel dormiam nas cadeirinhas. Pluma no chão, embaixo do meu banco. Jack Bacon entre as duas cadeirinhas, e Ana Mortadela, nas pernas de Gabriel, em seu colo.

- Quem a gente pega primeiro?- Perguntei num tom baixo, rindo da cena. Gizelly também riu e tirou a cachorrinha de cima do filho. E enquanto ela o soltava para pegá-lo no colo, eu fazia o mesmo com minha filha.

Os cachorros despertaram com as movimentações.

- Vamos subir, e depois eu desço com o Elton pra pegar as malas.-

Assenti em concordância, pegando apenas minha bolsa de mão. Fechamos as portas e fomos em direção ao elevador. Os cachorros entraram primeiro, e nós depois com os dois moles em nosso colo.

Quem nos atendeu na porta foi um jovem senhor, com um sorriso largo e receptivo. Ele era bem garotão, deveria ser o padrasto. Nos cumprimentou com cuidado para não acordar às crianças, e nos deu espaço para entrar.

- Essa é a Rafa, Elton... Rafa, esse é o marido da minha mãe. Ele acha que ainda tem vinte anos, então não liga se ele aparecer de boné para trás ou para o lado.-

As palavras divertidas de Gizelly me fez rir, porém sem jeito dela zombando dele.

- A Bilu finalmente achou quem aguente esse jeito ranzinza dela?-

Eu, Tu, Eles!Onde histórias criam vida. Descubra agora