Capítulo 21

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RAFAELLA

O restante dos dias passaram como um flash. Estive atolada de trabalho, pois minha marca lançaria uma nova coleção em dias. Essa que estamos trabalhando durante os dois últimos meses. Marcella veio para o Rio juntamente com Fernanda Curi, e juntas resolvemos muitas coisas durante dois dias seguidos. Na sexta-feira pela manhã minha prima se despediu, deixando minha amiga e eu.

Durante esses dias quase não vi Gizelly, pois ela precisou fazer seus serviços externos. Porém sempre nos falando através de mensagens ou ligações. Às tardes em que ela não esteve comigo em nossa 'ritual' do café, ela mandava os agrados. Um deles foi uma cesta pequena de café da tarde, com direito a uma rosa solitária. Fernanda, ao ver aquilo, Zombou de mim. Dizia ela, entre risos, que Flávio não estava para brincadeira e queria algo mal intencionado ao mandar aquilo. Eu apenas sorria amarelo sem dar uma resposta, já que nossa separação temporária estava entre nós dois. Não tinha o que responder.

Em contrapartida, continuei vendo o pai da minha filha durante toda a semana. Ele não deixava nunca de passar em casa para ver Sofia e saber como nós duas estava. Eu não achava ruim da parte dele, pois estamos sozinhos aqui na Cidade, sem nossos familiares. É normal ele ter essa preocupação. E em uma das noites em que ele apareceu, estava diferente. Ele trajava um conjunto esportivo de regata e short, e tênis nos pés. Todo de preto, com o símbolo da minha marca nos tecidos, da cor branco. Em sua cabeça, um boné também preto, e fones no ouvido. Dizia ele que optou em ir até minha casa caminhando pela praia.

Conversamos bastante, e procuramos saber como o outro estava. Eu sentia sua falta dentro de casa, porém não o deixei saber. E quando ele se despediu, fiquei me perguntando se o que eu estava fazendo seria certo. Se eu não me arrependeria mais na frente. No entanto, pensei sobre tudo que está acontecendo e me questionei. Me questionei sobre tudo isso estar me agradando. E a resposta foi sim. Eu realmente estou gostando de me relacionar com Gizelly, mesmo que o mínimo que seja. Ela tem sido paciente, carinhosa e atenciosa como sempre foi. Entretanto Flávio continua guardado dentro de mim. Acho que meus sentimentos pelos dois estão começando a se encontrar à mesmo nível. Basta saber quem vai ultrapassar e prevalecer. E toda vez que penso nisso, o medo bate na porta novamente. A possibilidade de deixar qualquer um dos dois seguir a vida sem mim, me dar calafrios.

Naquela mesma noite Flávio me ligou. Conversamos durante horas, e só nos despedimos pela madrugada. Parecia estarmos voltando na etapa do nosso namoro. Ele me elogiando, me deixando sem jeito, e com saudades. E mais uma vez me questionei. Estava tudo tão confuso, que tive a impressão de ter me perdido de mim mesma no meio da minha jornada. Ele me convidou para sair no fim de semana, porém era o fim de semana em que Gizelly me convidou. Dei uma desculpa qualquer e marcamos um jantar no decorrer dos dias.

Diante de tantos acontecimentos, o sábado chegou. E cá estou eu, às cinco e quarenta da tarde, terminando de me arrumar para o jantar com Gizelly. Havíamos combinado às seis, e fazia dez minutos que ela mandou mensagem dizendo estar chegando. Porém eu, ainda terminava os últimos retoques.

Me encarei através do espelho, satisfeita com o que eu vestia. Peguei minha bolsa e deixei meu quarto. Larissa ficaria com Sofia, e claro, receberia pela hora extra. Já Gabriel, segundo Gizelly, com Ivy. Me despedi de minha filha antes de sair de casa.

- Lari, me liga qualquer coisa ok?! Meu telefone está ligado.-

- Pode deixar, Rafa.-

Já no andar térreo, saí do elevador no mesmo instante em que o carro parou em frente a entrada do prédio. Aquele carro maravilhoso.

Gizelly arriou o vidro da janela do passageiro e sorriu no motorista. Abri a porta e entrei.

- Quando vai assim, volta?- Brinquei reparando em seus trajes e ela riu.

Eu, Tu, Eles!Onde histórias criam vida. Descubra agora