Capítulo 29

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RAFAELLA

Às nove da manhã meu pai chegou em Uberlândia. Sofia faltou pular de alegria ao ver o avô. Flávio também estava ali, pois na noite passada quando fui buscar nossa filha na casa de seus pais, avisei que iria para a chácara e na segunda-feira voltaria para o Rio. Ele, por sua vez, prometeu vir vê-la antes disso.

Os dois esteve grudados até a hora em que meu pai chegou. E depois do mesmo falar com todos, fomos em direção ao seu carro. As malas foram postas no porta-malas e Sofia na cadeirinha de minha sobrinha. Logo me despedi de minha prima, seu marido e Flávio.

Já na estrada, meu pai e eu batíamos um papo gostoso. Estávamos morrendo de saudades dos nossos momentos assim. Ele sempre foi muito meu amigo.

- Mas filha, o pai reparou numa coisa...- Ele mudou o assunto repentinamente, fazendo com que eu parasse de trocar mensagens com Gizelly para encara-lo. - O Flavinho não veio, e nem vi vocês trocando chamego. Estão brigados?-

- Pai, na verdade não, mas estamos passando por um momento novo e complicado. Aliás, é pra isso que eu preciso da sua ajuda.- Falei um tanto apreensiva e ele me encarou rapidamente.

- Diga, meu bem!-

- Estamos nos separando.-

- Separando?- Franziu o cenho.

- Estávamos um tempo em crise. Três meses pra ser mais exato. E nada dava certo, só piorava. Então decidimos nos afastar. Na sexta-feira eu vim pra Uberlândia pra assinar o pedido do divórcio.-

- Mas como assim, minha filha?-

- Eu sei que é chocante, mas eu preciso que vocês me entendam a partir de agora.-

- Quer que o pai te ajude a contar sobre isso pra sua mãe e seu irmão?-

- Não só para isso. Eu estive pensando muito se eu conto o motivo de toda essa situação, ou deixo para mais a diante.-

- Quer contar para o papai? Te ajudo a pensar.-

- É que eu me interessei por outra pessoa.- Falei um pouco mais baixo, por conta de Sofia que estava concentrada nos desenhos em seu tablet. Meu pai, por sua vez, se manteve em silêncio por alguns instantes, antes de me encarar rapidamente mais uma vez e perguntar com cuidado:

- Aconteceu alguma coisa nesse período. É isso?-

- Não, pai! Não traí ele.-

- Entendi... Menos mal, meu bem... Estou em choque pois gosto muito do Flavinho, ele sempre foi um bom menino. Mas se você não ama mais ele, não tem o porquê de estar junto. Correto?-

- Sim.- Respondi para dentro, engolindo em seco.

- E quem é o outro rapaz?-

- Não tem outro rapaz.- Praticamente me encolhi no banco ao responder, e ele me encarou confuso.

- Não?-

- Olha pai, assim que chegamos ao Rio eu fiz muitas amizades com as mães da creche onde a Sosô estuda. Fiz uma em especial, onde estivemos bastante juntas, fazendo as mesmas coisas quase que diariamente... O nome dela é Gizelly e ela tem um filhinho da idade da Sosô. Os dois são muito amiguinhos, e por um acaso foi através deles que viramos amigas assim. Por coincidência o meu escritório fica no mesmo prédio que o dela, e isso foi nos aproximando ainda mais. Quando vi, já estava envolvida, sabe?! Foi muito rápido.-

- O pai está tentando entender. Mas continue.-

- O Flávio já sabe! Eu fui sincera com ele desde o início. Tentei reverter a situação, mas foi impossível. Então entre estar com ele, dividida, e pedir um tempo para colocar a cabeça no lugar, eu preferi a segunda opção. Só que fomos nos afastando ainda mais.-

Eu, Tu, Eles!Onde histórias criam vida. Descubra agora