11. Vamos começar

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"Você está me trocando, Freen Mali Sarocha Chankimha?"

As três viraram para encarar Nam que estava com as duas mãos na cintura em uma pose de "brava". Li pulou de cima de Becky no sofá e correu para agarrar Nam que se abaixou para pegar a menina nos braços.

"Freen Mali?" Becky perguntou divertida para Freen, que observava a cena de sua filha com sua melhor amiga. Com a pergunta, a modelo voltou sua atenção para advogada, revirando os olhos em um tom de divertimento.

"Nam chama ela assim, o nome dela não é esse não," falou rindo.

"Pois deveria!" retrucou Nam. "Olha como são idênticas," falou apertando as bochechas da mais nova levemente. A mesma fez cara feia para ela, fazendo a cantora soltá-la.

"Xerox reduzida," Becky respondeu rindo.

"Linda como a mãe," Freen se viu brincando e disse jogando o cabelo sobre os ombros.

Freen não percebeu Becky a encarando, mas Nam sim. A cantora riu internamente da amiga, mas decidiu não chamar a atenção para isso. Não era o momento e nem o lugar, e ela sabia. Preferiu, então, direcionar o grupo pro que elas deveriam fazer aquele dia.

"Bom, por que vocês duas não começam a conversar enquanto eu e a baixinha aqui vamos ver um filme no meu quarto. O que cê acha, mini Freen?" Nam estava ajoelhada no chão e encarava Li que respondeu a pergunta com entusiasmados "sim".

"Então é isso. Até mais, old ladies!" Nam disse indo para o quarto sendo seguida por Li.

Era possível ouvir a conversa empolgada das duas sobre qual filme começariam, Rei Leão ou Mulan, aparentemente favoritos.

"Elas são sempre assim uma com a outra?" Perguntou Becky , se levantando do sofá para cumprimentar Freen de maneira apropriada.

"Sim, elas juntas faz parecer que tenho duas filhas," Freen respondeu com um sorriso leve no rosto.

"Aposto que sim," Becky disse rindo. "Antes de começarmos, aceita um café?"

"Aceito sim, saí na pressa e acabei nem comendo nada," Freen respondeu seguindo Becky até a cozinha.

A advogada serviu duas xícaras e perguntou se a mulher queria comer algo, mas ela negou.

"Logo mais é a hora do almoço e a gente pode pedir algo," Freen respondeu. Becky não gostou muito disso, afinal o café da manhã era uma refeição importante e ainda faltavam quase 3h para o horário do almoço, mas preferiu não se intrometer na vida da outra mulher, afinal não eram tão íntimas assim.

"Você trouxe os documentos que eu pedi?" Becky perguntou e Freen prontamente lhe entregou a pasta que havia deixado sobre a mesa na sua entrada. "Eu vou só revisar eles enquanto você toma seu café, tudo bem?"

Freen concordou e Becky foi até a mesa para analizar os documentos. Freen observou a mulher a partir do balcão onde estava. Becky buscou sobre a mesa um estojo e de lá retirou seus óculos de leitura.

A maneira como a advogada lia atentamente os papéis agora portando os óculos no rosto, fez Freen reparar pela primeira vez no físico da mulher a sua frente. Não que ela não tivesse notado que a Becky era muito bonita, mas não tinha sido algo que havia lhe chamado a atenção em primeiro momento. Mas ali, no elemento dela, Freen notou que Becky era mais que bonita, era... Ela não sabia realmente dizer.

Pensando que teria tempo para descobrir, Freen terminou de tomar seu café e lavou as xícaras que estavam na pia com calma. Assim que enxugou suas mãos, decidiu se sentar ao lado de Becky na mesa e aguardar até a advogada terminar o que estava fazendo.

Não demorou muito para Becky descansar os papéis na mesa e levar seus olhos até Freen.

"Parece tudo em ordem, acho que tenho o que preciso caso você queira seguir com o plano," Becky falou, decidindo que era a melhor maneira de ter aquela conversa sem pressionar Freen, afinal a advogada sabia que Freen ainda estava tendo dúvidas se seguiria com o divórcio ou não.

A modelo desviou seu olhar para os papéis em frente a Becky e pareceu ficar pensativa por alguns segundos antes de respirar fundo e voltar a encarar a advogada.

"Eu quero saber minhas opções, quero saber se tenho chances de sair com tudo o que eu quero," falou Freen.

"E o que você quer?" Becky perguntou entrando em seu modo profissional.

"Só quero minha filha. Não quero bens materiais para mim. Quero sim que ele tenha direitos de vê-la, afinal não quero afastá-la dele, mas preciso saber se tenho chances de ter guarda dela, Becky. É só isso que eu quero!"

O tom um tanto desesperado da mulher, fez o coração de Becky apertar um pouco no peito. Devia ser uma situação muito difícil. Querer sair de um casamento infeliz, mas morrer de medo de perder a pessoa que mais ama.

"Calma, Freen," Becky disse tocando a mão da mulher sobre a mesa. Não era exatamente profissional, mas a advogada sabia que era necessário quando sentiu a mulher relaxar um pouco a sua frente. "É possível sim, se tudo o que a Nam me contou é verdade, é mais que possível."

"Mesmo com a família dele?" Freen perguntou. "Eu tenho medo que se eles não consiguirem me atacar legalmente, eles tentem afetar minha imagem e isso ia ser ruim tanto profissionalmente, quanto no caso da guarda, sabe?"

Esse era um dos maiores medos da modelo. Ela sabia do que a família de Kirk era capaz, afinal não se tinha aquele nível de influência sem tocar em algumas coisas sujas, e Freen tinha certeza que eles eram capazes disso. Ela temia perder Li mais que tudo, mas temia também ter sua reputação manchada, afinal trabalhava com isso e tinha trabalhado duro para chegar aonde chegou.

"Vamos de uma coisa de cada vez," começou Becky. "A gente monta o seu pedido de divórcio com as suas exigências sem que ninguém saiba. Antes de eu dar entrada, mas já com tudo pronto, você conversa com Kirk..."

"Como assim?" Freen falou sem entender.

"A melhor maneira ainda é pela conversa, Freen," tentou explicar Becky. "Eu vou estar lá com você e ele pode levar o advogado dele. A mediação ainda é a melhor maneira de resolver esse casos."

"Mas você não entende que ele age de maneira irracional toda vez que eu tento falar sobre separação," Freen respondeu, deixando transparecer mais dos seus medos do queria.

Becky voltou a pegar a mão da mulher na sua.

"Ele não vai poder agir com irracionalidade na nossa frente e se ele fizer, eu faço ele ir preso," falou Becky.

"Eu não quero ele preso, eu só quero recomeçar minha vida," respondeu Freen. Essa era a verdade, ela não queria o mal de Kirk, só queria o mínimo dele na vida dela.

"Eu vou fazer o que você me pedir, tá certo? Mesmo eu achando que mediação é a melhor maneira, a gente vai fazer do jeito que você escolher," Becky falou calmamente e Freen concordou.

"Ok, então vamos começar..."

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