30. Decisão

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Freen teve que ir para a China na quarta-feira, mas passou em seu horário habitual no dia anterior para tomar um café com Becky e jogar papo fora. A modelo pôde ver claramente que a advogada estava melhor e algo em seu peito se reconfortou com aquela informação. Aquele dia esperou até Nam chegar para ir embora e se despediu das duas até o dia de domingo, que era quando finalmente retornaria a Bangkok.

Deixar Li na cidade enquanto viajava ainda era difícil para a tailandesa, mas não havia nada que ela pudesse fazer. Essa era a única viagem longa que ela tinha marcado em meses na sua agenda e ela não podia perde-la. Era um contrato importante, afinal.

Beijou muito Li e encheu a mãe de recomendações, mesmo sem necessidade. Malee ouviu tudo, porque sabia o quanto a filha se preocupava e como estava aflita em ter que se separar pela primeira vez de Li durante tanto tempo.

Antes de Freen finalmente entrar no carro em direção ao aeroporto, Malee abraçou a mulher e disse que ficaria tudo bem e que elas se falariam todos os dias. Ainda assim, a modelo teve que segurar as lágrimas no caminho. Era difícil.

Os dias na China foram agitados. Eram reuniões de projeto, ensaios fotográficos, filmagens de campanhas, tudo isso enquanto mantinha suas redes sociais atualizadas e tentava manter sua conexão com seus fãs, que era uma das partes que mais amava em seu trabalho.

Todo dia Freen chegava no quarto de hotel extremamente cansada, mas ligava em chamada de vídeo para sua mãe e falava alguns minutos com Li. A saudade da menina era grande e Freen não via a hora de voltar para Bangkok.

Durante seu tempo longe, não falou com Becky e nem Nam, não tinha tempo. Falou algumas vezes com Kirk por ligação, mas eram conversas curtas que sempre terminavam em algum tipo de discussão. Na última dessas, a modelo acabou desligando na cara do marido e desde então não o respondia mais e muito menos atendia suas chamadas.

Era sábado de manhã, e Freen estava no intervalo de uma sessão de fotos, quando pegou seu telefone e viu que tinham seis chamadas não atendidas de sua mãe. O corpo da mulher paralisou e ela sentiu como se seu sangue estivesse gelado. Pânico era o que sentia quando retornou a ligação.

"O que houve? A Li tá bem?" Freen não deu tempo da mãe falar nada antes de disparar as perguntas.

"Calma, meu amor. Li está bem sim," respondeu Malee do outro lado da linha e Freen respirou aliviada.

"O que houve então, mãe? A senhora me assustou com o tanto de ligação," a modelo falou já mostrando mais leveza em sua voz. "Posso falar com a Li?"

"Então, filha, a Li tá bem," a hesitação na voz de sua mãe fez o coração de Freen voltar a acelerar. "Mas ela não está aqui. O Kirk passou mais cedo e a levou para a fazenda da família dele."

"ELE O QUE?" gritou Freen na linha, atraindo diversos olhares para si. Tentando evitar um escândalo, a mulher se encaminhou até um pequeno camarim improvisado, onde ela fazia a troca das peças para as fotos.

"Ele disse que você sabia, mas como você não tinha me dito nada, eu decidi ligar para saber. Mas ele a levou com todas as coisas," Malee falou e Freen estava vendo vermelho de tanto ódio que estava sentindo.

A conversa que havia terminado mal entre os dois era exatamente sobre aquilo. Kirk havia insistido que se Freen não quisesse participar de seu documentário, ela não participaria; mas que a filha iria, afinal era filha dele também. Aquilo havia despertado uma raiva inexplicável na tailandesa. Li não era uma propriedade como Kirk estava tentando usar. Não era um objeto para ele mostrar pro mundo em sua farsa de bom pai.

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