Com o passar dos minutos, Becky finalmente conseguiu relaxar um pouco sua postura e até pegou algumas informações do filme, mesmo que ainda não conseguisse se concentrar totalmente. Só tinha entendido que era um filme adolescente, onde uma menina recebia dinheiro por fazer o trabalho escolar dos outros.
Os dedos longos de Freen percorriam seus cabelos em um ritmo lento e algumas vezes a modelo repousava sua mão sobre a cabeça de Becky e arranhava levemente alí com as suas unhas. Esses eram os momentos preferidos e mais temidos pela advogada, porque era quase impossível não reagir e a mulher acabava arrepiada e se movendo um pouco desconfortável. Numa dessas, Freen parou com seus toques e Becky percebeu que ela a encarava.
"Desculpa," a londrina falou, fazendo menção em se levantar do colo da outra. Freen negou e a segurou na mesma posição.
"Por que você está pedindo desculpas?" falou divertida e negando com a cabeça. "Não tem necessidade. Só que eu acho que você não está gostando muito desse meu cafuné não."
"Claro que eu tô," falou rapidamente. Rápido até demais. O que claro, fez Freen rir mais uma vez. Achava fofo como Becky, que se mostrava confiante, se desmanchava em timidez às vezes.
"Então tá bom. Eu vou voltar um pouco o filme," disse voltando sua atenção para a tela e voltando os minutos do filme que perderam por conta da conversa.
Becky se forçou a relaxar, fechando os olhos e contando até dez. Dessa vez quando Freen voltou com os carinhos, ela já estava mais preparada e conseguiu aproveitar o conforto que estava recebendo. Ela sempre amou cafuné e carinhos de maneira geral, e os de Freen podiam facilmente se tornar seus favoritos.
Nam retornou a sala eventualmente com um sorriso estranho no rosto, na opinião de Freen, e de quem "queria morrer", na opinião de Becky. A cantora ocupou o lugar aos pés de Becky e se acomodou para ver o filme.
"Ele já pediu para ela ajudar com a menina?" perguntou Nam.
"Já sim," falou Freen e Becky percebeu que havia perdido grande parte do filme, então se concentrou.
De vez em quando, Freen e Nam comentavam uma coisa ou outra.
"Acho que ela se apaixonou pela menina também. Que fofo!" comentou Freen.
"Se ela ficar com o boy, eu vou te matar, Nam," disse Becky olhando com cara feia para a amiga.
"Sem spoiler," disse a mais velha, dando de ombros e rindo baixo.
Continuaram vendo o filme, até que o mesmo se aproximou do final e Becky se sentou no sofá, parecendo revoltada.
"Não acredito que não vai rolar um beijinho entre elas," a advogada falou, fazendo as outras duas rirem.
"Amiga, sua gayzice tá aparecendo," brincou Nam.
"Ah, então a minha também, porque também quero beijo," falou Freen.
Antes que alguma das duas pudesse responder, o beijo finalmente aconteceu na tela e Becky e Freen começaram a dar pulinhos animados no sofá.
"Ah, que fofas, amei!" disse a tailandesa quando o filme finalmente terminou.
"Sim, ficou tipo com uma abertura para continuação. Gostei," falou a londrina.
"É tão bom ter representatividade na mídia, né?" disse Nam, iniciando um assunto que ela sabia que Becky amava e não conseguia parar de falar a respeito.
"Sim, com certeza!" a advogada disse empolgada. "A representatividade LGBTQIA+ para os jovens é tão importante para quem ainda está se descobrindo."
"Eu nunca havia pensado nisso," falou Freen. "Deve ser difícil sentir coisas diferentes do que as pessoas consideram normal e ainda ter a mídia ajudando nessa normalização do casal hétero," a mulher disse claramente pensando sobre o assunto. Becky nunca quis beijar tanto Freen como naquele momento e ela nem teve medo de admitir para si mesma.
"Sim, é complicado, porque o jovem, principalmente, busca essa identificação; procura se encaixar e quando ele recorre à mídia para isso, ele ou não se vê representado ou se vê representado de uma maneira errada, estereotipada," disse Becky.
"Isso é tão importante, Becky," disse Freen. "Você teve problemas em se aceitar?" perguntou curiosa.
"Bastante. A minha família de Londres é muito rigorosa e de mente fechada. A minha avó daqui, no entanto, sempre me aceitou muito bem," respondeu a londrina.
"Mas hoje, a sua família já está bem sabendo da sua orientação?" perguntou a tailandesa.
"Hoje em dia sim, demorou um pouco, mas já estamos num bom patamar," respondeu Becky contente. Foram alguns anos difíceis, mas ela ficava feliz em saber que tinha a aceitação e amor de todos os familiares que importavam para ela de verdade.
"Eu não sei como minha família reagiria se eu fosse gay," Freen disse e aquilo chamou a atenção das duas outras mulheres. "O meu pai seria mais fácil e minha mãe provavelmente aceitaria eventualmente, eu acho."
"Você nunca teve curiosidade de ficar com uma mulher?" Nam perguntou na cara e Becky quase se afoga com a água que estava bebendo no momento. A cantora sorriu sínica para advogada, enquanto Freen pareceu não notar.
"Não sei," ela respondeu rindo. "Eu já achei mulheres bonitas e atraentes, mas nunca passou disso. Eu passei muitos anos com Kirk e eu nunca olhei para mais ninguém com esse tipo de intenção depois que começamos a ficar juntos," disse com um ar triste no final. Pensar na relação falida dela com o cantor era difícil.
"Eu entendo. Quando eu gosto de alguém, só tenho olhos para a pessoa," disse Becky tentando consolar a mulher ao mesmo tempo falando a verdade.
"Isso é verdade. A Becky é a pessoa mais cadelinha que eu conheço!" Nam disse rindo da cara da advogada que a encarou séria.
"Ser cadelinha é bom, Becky, fica assim não," defendeu Freen rindo da cara feia da advogada também.
"Quando a cadelice é correspondida é ótimo," disse Nam fazendo Freen concordar e Becky a olhar desconfiada.
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Whisper
FanfictionFreenBecky Universo Alternativo (AU) Essa fanfic é uma adaptação de uma outra obra de autoria minha. Não é uma conversão, é uma adaptação, ou seja, haverá mudanças. Sinopse: Freen era uma modelo de 27 anos, casada com um ator de sucesso chamado Ki...