40. Mini Freen

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Freen chegou rapidamente na escola integral da filha. Não era muito longe do centro de Bangkok, já que Freen queria que fosse perto do seu trabalho quando estivesse na cidade.

Ela esperou um pouco ainda até que a turma de Li fosse liberada e assim que o grupo de crianças começou a sair em conjunto, a modelo apenas aguardou ser reconhecida. Não demorou muito para ouvir um grito animado de sua filha. Sempre que podia buscar a menina na escola, era recebida desta maneira, e a tailandesa amava cada minuto disso.

Freen pegou Li em seu colo, enchendo o rostinho da menor de beijos.

"Como foi o seu dia, bebê?" perguntou, animada.

"Muito bom!" a menina respondeu, se alongando na primeira palavra, o que fez Freen rir.

"Ótimo! Agora vai ficar ainda melhor," a mãe prometeu.

"Como assim?" Li quis saber, seus olhos grandes e curiosos.

"Vamos comer lasanha com a Nam e a Becky," Freen respondeu e esperou a reação, que claro veio como um grito agudo que acabou fazendo a mulher fechar os olhos de dor. "Imaginei que essa seria a reação," disse rindo e ignorando os olhares ao seu redor.

Caminhou até o carro em uma conversa animada, mas antes de poder entrar no carro, foi interrompida por uma presença indesejada. Kirk estava escorado no carro. Ele tinha uma pose despojada e despreocupada com seus óculos escuros. Freen suspirou. Hoje não.

"Papai!" Li gritou animada, se mexendo no colo da mãe para se libertar. Freen deixou a filha no chão com cuidado, que prontamente correu em direção ao pai.

"Oi, filha," Kirk se ajoelhou para pegar a menina nos braços e Freen pode ver o sorriso sínico se formar em seu rosto. Aquilo a irritou infinitamente.

Ela se aproximou dos dois e ficou de lado, esperando o cumprimento entre pai e filha terminar.

"Eu vim buscá-la para passar o final de semana comigo na fazenda de meus pais," Kirk disse assim que se levantou e encarou Freen.

"Não," foi a resposta curta e grossa da mulher.

"Ela também é minha filha, Freen," ele falou tirando os óculos e a encarando com raiva. Aquilo não a intimidaria.

Freen ignorou o homem a sua frente e se ajoelhou para ficar na altura da filha.

"Li, mamãe vai pôr você na cadeirinha no carro e colocar um vídeo no celular enquanto conversa com seu pai sobre coisas de adulto, ok?" a menina concordou, claramente confusa com o que estava acontecendo.

Depois de fazer exatamente o que prometera, puxou Kirk para a parte traseira do carro, onde estaria longe dos olhos e ouvidos da filha.

"Você teve duas semanas para pedir para vê-la, Kirk. Eu te falei desde o início que não queria que vocês se afastassem, porém você tem que avisar antes, não simplesmente aparecer aqui na escola dela," a mulher tentou se manter calma, afinal não queria fazer um escândalo na frente da escola.

"Eu não preciso da sua autorização para ver minha filha," no tom de voz dele estava claro que ele só estava fazendo aquilo por pura picuinha. Estava provocando e querendo briga.

"Não é questão de autorização, é questão de não bagunçar com a rotina dela, não confundir a cabecinha dela mais do que já está confusa. Você não pensa nisso? Não pensa em como suas atitudes podem prejudicar a vida da nossa filha?" Freen falou num misto de raiva e tristeza. Como alguém podia ser tão alheio as coisas? Ela se recusava a acreditar que ele fosse apático.

Os olhos de Kirk suavizaram e a mulher soube que o havia tocado com suas palavras.

"Está sendo horrível ficar sem vocês," ele disse.

Claro que ele viria com uma dessas, ela pensou. Típico.

"Olha, Kirk. Aqui não é hora nem lugar para esse tipo de conversa. Na verdade, já tivemos essa conversa e eu não quero tê-la de novo. Eu te peço mais uma vez que respeite minhas escolhas e que se quiser ver Li, que avise antes para podermos organizar. Agora eu tenho que ir," falou com finalidade, indo em direção a porta do motorista. Quando viu que o homem havia ficado parado, se virou com um suspiro cansado. "Dá tchau para sua filha," pediu.

Kirk a encarou sério por algum tempo e depois se dirigiu até a porta traseira do carro e a abriu. Se despediu rapidamente de Li e sem olhar para Freen, fechou a porta e foi para seu carro.

Freen controlou seus sentimentos um pouco, antes de entrar no carro e se virar em direção a filha com um sorriso no rosto.

"Pronta para ir ver tia Nam e Becky?" Ela perguntou e aquilo trouxe animação de volta ao rosto da pequena.

"Sim!" foi a resposta.

POV Freen

Chegamos no apartamento e eu tentei disfarçar que meu humor não estava dos melhores, afinal não queria estragar a noite que Becky estava preparando com tanto carinho.

Assim que entramos, ela nos recebeu com abraços e disse que Nam estava no banho. Prontamente, Li foi para o seu lado e começou a contar tudo sobre o seu dia, falando a mil por hora como uma criança animada. Becky a pegou nos braços e a colocou sentada sobre o balcão da cozinha, longe do fogo.

"E você sabia todas as músicas?" Becky perguntou depois que Li terminou seu grande monólogo, se fazendo de impressionada.

Apesar do meu humor abalado, eu não consegui deixar de sorrir para cena.

Me aproximei das duas e Becky me olhou sorrindo, enquanto minha filha agora listava todas as músicas novas que havia aprendido naquela tarde. Retribui o sorriso de Becky e uma vontade enorme de estar em seus braços me tomou. Essa era uma das novidades em minha relação com a advogada. Gestos simples e pequenos como aquele me dispertavam desejos malucos. Ou não tão malucos assim.

"Meu pai veio me visitar depois da escola também," ouvi Li dizendo e aquilo me fez sair do meu transe.

"Foi mesmo, bebê?" Becky perguntou em uma voz falsamente animada, mas que passou despercebida pela minha filha.

Seus olhos foram rapidamente até mim e eu apenas neguei com a cabeça. Eu sabia que ela estava me perguntando com eles se algo tinha acontecido.

"Ele queria que eu fosse pra fazenda, mas mamãe disse que eu vou outro dia," Li continuou. "Eu fiquei feliz, porque queria vir pra cá comer lasanha."

Aquilo fez eu e Becky rirmos.

"Ah, então o seu interesse é só na lasanha. Assim você parte meu coração, mini Freen," a advogada fingiu tristeza usando o apelido que dera a Li.

"Naaaaão, Becky!" minha filha respondeu, esticando os braços na direção da mulher que se aproximou para que Li não acabasse caindo do balcão na tentativa de alcançá-la. "Você e Nam também," ela finalizou quando as suas duas mãos seguravam o rosto de Becky.

"Agora sim," Becky falou rindo e deixando um beijo na bochecha da menina antes de se virar para mim com um sorriso gigante nos lábios.

Ainda assim, eu sabia que seu sorriso não poderia ser maior que o meu naquele momento.

Notas da autora:

Por hoje é só, pessoal. Espero que estejam gostando.

O próximo é bem significativo. Até lá!

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