87. Voltando pra casa

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POV Becky

No início daquela semana eu havia encontrado um ótimo lugar no centro de Bangkok para instalar meu novo escritório. Não era nada muito grande, muito menos luxuoso, pelo contrário, parecia muito com o primeiro que eu e as meninas abrimos logo depois de formadas. Para alguém de fora podia parecer um retrocesso, mas pra mim era eu tomando coragem de ir atrás da minha felicidade. Eu tinha força de vontade e experiência para recomeçar, não deixaria as coisas me abalarem tão facilmente.

Yha, a prima e assessora comercial de Freen, havia me ajudado a encontrar o lugar e também disse que me ajudaria com meu cartão de visitas, além de dar meu nome para algumas pessoas que ela conhecia. Fiquei sem graça no início e agradeci muito, mas ela me calou com um abraço espontâneo e algumas palavras que eu não entendi muito bem, mas que soaram muito com "continue fazendo elas felizes". Eu teria que conversar com Freen sobre isso.

Freen queria me auxiliar financeiramente a mobiliar o escritório e me ajudar a dar meu começo, mas eu neguei. Ela já pagava meus honorários em relação ao seu caso e eu ainda tinha algum dinheiro guardado, além de alguns bens que pretendia vender na minha viagem para o Reino Unido. A verdade é que antes de vir para Bangkok, eu vivia como uma viciada em trabalho, então eu tinha uma vida financeira confortável, não tendo tantos gastos assim.

Nam se ofereceu para ir comigo pra londres, para me ajudar na mudança, algo que estava preocupando minha namorada mais que o normal. Ela não poderia fazer a viagem comigo, pois estava bastante enrolada no trabalho. Eu não me importava em viajar sozinha, mas fiquei feliz com a companhia.

Eu iria uma semana antes de Nam, porque ainda tinha muitas coisas para resolver. Eu tinha que arrumar um corretor para lidar com meu apartamento, além de resolver coisas do escritório e aproveitar para ver como estavam Charlie e sua família.

Eu acabei apressando a minha viagem, porque a nova audiência de Freen tinha sido marcada para daqui um mês e eu não queria que nada ficasse na frente disso. O divórcio dela e garantir a guarda da Li eram minhas prioridades, obviamente que porque eu queria ver Freen feliz, mas devo confessar que eu também não conseguia mais imaginar a minha vida sem Li.

Assim que cheguei em londres, não tive tempo pra nada. Passava o dia no escritório resolvendo as burocracias necessárias para sair da sociedade com as meninas sem causar nenhum tipo de inconveniente a elas. No horário de almoço, eu me encontrava com o corretor que Irin havia me indicado e resolvia outras coisas pendentes. Marquei de passar aquele final de semana com minha família no interior e contar a novidade. Queria muito poder levar Freen e Li comigo, sabia que minha família ia amar Freen e babar por Li.

Todas as noites eu falava com Freen, como era normal, e adicionamos à nossa rotina de distância as minhas conversas diárias com Li. Ela gostava de me falar sobre o seu dia e me encantava ouví-la e matar a saudade também.

Quando chegou sexta-feira, eu já tinha resolvido a maioria das coisas no escritório e empacotado a maior parte dos meus pertences com a ajuda de Mary, que assim que soube, tinha insistido em ir me ajudar. Eu tentei negar, porque sabia que ela já estava muito ocupada com sua própria vida, além de ajudar Charlie — que estava em casa recebendo tratamento totalmente pago pelo governo —, mas a mulher insistiu.

Estávamos empacotando as coisas da minha cozinha, quando ela falou algo que me surpreendeu:

"Você parece mais feliz, minha filha. Ela faz bem pra você", a mulher disse, fazendo eu largar algumas panelas que colocava em uma caixa para encará-la.

Ela me olhava com olhos doces e um sorriso gentil no rosto. Suas palavras somadas às suas expressões me disseram que ela sabia exatamente do que estava falando. Ela sabia de mim e de Freen. Não sei porque aquilo me emocionou um pouco e eu senti algumas lágrimas se formarem em meus olhos. Mary andou passos lentos até mim e me tomou em seus braços.

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