Whisper

34. Momentos

Freen acordou tarde aquele dia. Esticou seus braços na cama, em busca de sua "costelinha" favorita e encontrou apenas o espaço vazio. Se levantou rápido, um tanto preocupada. Saiu do quarto em busca da filha e encontrou uma cena adorável.

Becky e Li estavam sentadas no chão da sala, entre o sofá e a televisão. Ambas ainda em suas roupas de dormir, estavam escoradas na mesa de centro de Nam, cada uma concentrada em papéis e lápis coloridos.

"Você pode me emprestar o vermelho, Becky?" Li pediu e Becky prontamente entregou o lápis a menina. "Obrigada!"

"Pois de nada. Isso é uma rosa?" Becky perguntou apontando para o desenho que a menina trabalhava. Antes que ela pudesse responder a advogada viu que não estavam mais sozinhas. "Bom dia, Freen!" ela falou, fazendo Li virar em direção a mãe.

"Mamãe, estamos colorindo!" a menina falou empolgada correndo até Freen que a tomou em seus braços.

"Bom dia, bebê," a mulher disse num abraço carinhoso.

"Bom dia," ela respondeu, já tentando sair do abraço e correndo para voltar a sua pintura.

Freen riu da animação da filha e sorriu agradecida a Becky que apenas deu de ombros.

"Tem café," Becky disse indicando a cozinha para Freen.

"Você tem que terminar o seu desenho também, Becky," a mais nova falou, claramente incomodada que a advogada havia parado com a atividade.

"Sim, senhora," Becky falou divertida e voltou a colorir.

Freen ficou mais um tempo observando as duas, com uma sensação tranquilo no peito. Decidiu que aproveitaria que a filha estava distraída e tomaria um banho rápido antes de tomar café. Anunciou isso e Becky disse que estava tudo bem, que ela podia demorar o tempo que quisesse.

Freen usou daquele momento para pensar no que faria a seguir. Sabia que tinha que voltar para casa e encarar as coisas com Kirk. Havia pensando bastante na noite anterior. Claro que havia se deitado e rolado muito na cama antes de dormir. No meio disso, decidiu que tentaria mediação. Becky insistiu nisso e talvez essa fosse a melhor solução para Li. Afinal, essa era sua única preocupação.

Assim que tomou banho e vestiu roupas frescas, se sentiu um pouco melhor. Falaria com Becky assim que tivessem um momento a sós. Pediria para Nam ficar com a filha e iria conversar com Kirk naquele dia mesmo.

Quando saiu pela segunda vez do quarto, encontrou Nam sentada no sofá observando a atividade das duas outras. A cantora ria de alguma coisa no desenho e Becky e advogada fazia um bico, que Freen achou fofo.

"Eu acho que está muito bonito, Becky," Li falou e aquilo fez a advogada sorrir grande para a menina.

"O seu está muito mais bonito, mas muito obrigada," ela respondendo, fazendo careta na direção de Nam que revirou os olhos. Freen riu do comportamento infantil das duas e isso fez com que ela ganhasse a atenção do restante dos ocupantes da sala.

"Bom dia, amiga," falou Nam se levantando e indo em sua direção.

"Bom dia, Nam," Freen respondeu entre o abraço rápido que a amiga lhe deu.

"Já tomou café? Vem que eu ponho pra você," falou Nam indo em direção a cozinha sem nem esperar a resposta. Freen estava sendo claramente cuidada, e mais uma vez se sentiu melhor ali. "Quer que prepare alguns ovos a la Nam para você?"

"Sempre!" a modelo respondeu sorrindo, se sentando no balcão e tomando a xícara que era oferecida a ela pela menor. "Já comeu, bebê?" Freen perguntou a filha.

"Comemos muito!" Li falou rindo para Becky, como se tivessem alguma piada interna. Isso fez Freen arquear os olhos para advogada, que de repente preferia olhar para todos os lugares menos para Freen. Elas tinham aprontado, com certeza.

"Becky fez café pra elas e elas comeram iorgute, cereal, ovo, pão... O que mais?" entregou Nam.

"Mais?" falou Freen claramente assustada.

"Queijo e presunto," completou Li.

Freen olhou para Becky e encontrou a mulher tímida.

"Eu tomei cuidado pra ela não comer mais do que aguentasse, eu juro!" a advogada se defendeu e Freen pensou em fingir que estava brava, mas decidiu contra. A reação de Becky era adorável, mas ela não queria assustar a mulher. Afinal, era muito grata pelo o que ela estava fazendo pela filha e por ela.

"Vocês são duas monstrinhas!" Falou Nam, colocando o prato em frente a Freen.

"Obrigada," Freen agradeceu e Nam apensas sorriu em retorno.

Quando a modelo terminou de comer, Li e Becky estavam colocando seus desenhos na porta da geladeira.

"É como uma galeria de arte," Becky falou enquanto as duas olhavam os seus trabalhos finalizados.

"Você é o próprio Picasso, Becky," falou Nam rindo mais uma vez do desenho da amiga.

Freen se aproximou para observar de perto. O desenho de Li era uma mistura de pessoas como palitos e cores pra todo lado, no que pareciam flores. A menina podia ser o que quisesse na vida, mas Freen duvidava que ela teria carreira como artista. Mas obviamente, Freen amava todos os desenhos e tinha vários guardados. O de Becky, no entanto, era uma pobre tentativa de borboletas. E quem não soubesse, acreditaria fácil que tinha sido feito por uma criança de 5 anos também.

Freen tentou segurar a risada, mas não conseguiu.

"Você também, Freen?" a advogada falou, ofendida.

"Desculpa, Becky. Tá lindo!" tentou mentir, mas não deu certo.

"E o meu, e o meu?" Li perguntou e Freen lhe pegou no colo, enchendo o seu rostinho de beijos.

"The most beautiful," Freen falou no seu sotaque mais arrastado, ainda beijando a filha, que ria do jeito bobo da mãe.

Becky e Nam observavam as duas com sorrisos no rosto. Era bom ver elas assim, felizes.