Whisper

102. Mundo inteiro

POV Becky

Acordei cedo no outro dia, com meu rosto encaixado no vão do pescoço de Freen e meus braços em sua cintura, enquanto nossas pernas se misturavam debaixo da coberta. Sorri involuntariamente, deixando um beijo estalado no ombro da minha namorada. Era tão bom acordar com ela em meus braços. As vezes eu sentia que nunca me acostumaria com aquela sensação.

Freen parecia dormir pesado ainda, então me desvencilhei com cuidado de seu corpo e apesar de ela se mexer, não acordou. Sorri pensando na nossa noite e imaginando que ela deveria estar realmente cansada. Olhei no relógio do meu celular e vi que era relativamente cedo, mas Li acordaria a qualquer momento e eu queria que Freen descansasse um pouco mais, afinal ela merecia. Estava trabalhando demais.

Peguei seu celular e desliguei seu alarme, tomando cuidado para não infringir a privacidade dela. Afinal, apesar de já termos tido essa conversa da outra vez que acabei mexendo em seu celular sem querer, eu ainda acreditava fielmente que não era legal mexer em seu celular. Esse não era o tipo de relacionamento que eu queria ter co Freen.

Deixei o celular de volta ao seu lado na cama e conferi fechei o máximo possível as cortinas, para que o sol não a despertasse quando se tornasse mais intenso. Fui até o banheiro e tomei um banho, escovando meus dentes em seguida. Coloquei uma roupa casual para quem não tinha planos se sair de casa e prendi meu cabelo em um coque, no topo da minha cabeça.

Quando voltei para o quarto, Freen ainda estava na mesma posição que eu a havia deixado. Andei com cuidado para fora do quarto e fechei a porta lentamente, indo em direção a cozinha para preparar café para minha miniatuarazinha que já devia estar para acordar e também para Freen quando ela despertasse mais tarde.

Como eu suspeitava, não demorou para Li aparecer na cozinha, ainda em seus pijamas e coçando seus olhinhos inchados de sono.

"Bom dia, meu bebê," falei quando a vi vindo em minha direção. Ela não falou nada, apenas se aproximou de mim, esticando seus braços para que eu a pegasse no colo. Sorri abertamente para a minha baixinha e a carreguei, lhe abraçando em meu peito.

"Bu dia," ela falou abafado em meu pescoço e eu ri. Passando a mão que eu não a segurava em seus cabelos de forma carinhosa.

"Dormiu bem?" perguntei, caminhando com ela até o balcão, onde a coloquei sentada, mesmo sem sair do nosso abraço. Ela já estava grande demais para eu aguenta-la no colo daquela forma. Como o meu bebê tá ficando grande. Ainda era estranho para mim pensar assim, mas eu não conseguia evitar.

"Muito," ela respondeu, se afastando um pouco do meu corpo. Eu fiz o mesmo, ainda a segurando levemente para ela não cair.

"Que bom, princesa. O seu café tá quase pronto. Vai la na mesa esperar que já levo pra você," falei, a descendo do balcão e ela assentiu, indo em direção a mesa da cozinha.

Preparei o meu café e o dela nos pratos e levei para a mesa, voltando apenas para buscar seu suco e minha xícara. Comemos em meio a conversas bobas e logo depois, eu a a ajudei a tomar banho, escovar os dentes e se vestir para o novo dia. Eu estava terminando de trançar seus cabelos, quando Freen apareceu na porta do quarto de Li.

"Bom dia," minha namorada falou sonolenta, me lembrando da pequena há algum tempo mais cedo.

"Bom dia, mamãe," Li respondeu, sorridente.

"Bom dia, amor," respondi. "Seu café está no balcão da cozinha."

Freen entrou no quarto e deixou um beijo estalado na bochecha de Li, que estava sentada no chão, entre as minhas pernas enquanto eu fazia seu penteado.

"Obrigada, meu amor," Freen disse, agora ficando na minha altura na cama e beijando o canto da minha boca. "Pelo café e por ter me deixado dormir mais um pouco," ela completou, sorrindo ao mesmo tempo que voltada a ficar ereta.

Eu apenas pisquei para ela ao mesmo tempo que terminava a trança no cabelo de Li.

"Prontinho, mini Freen," falei dando um tapinha leve na cabeça da menina que prontamente se levantou e foi correndo até a sala — provavelmente para ver desenhos — apenas gritando um "obrigada, Becky" para mim.

Freen negou com a cabeça pela atitude da sua filha e eu ri, me levantando da cama e indo em direção a ela. A expressão em se rosto suavizou e ela me abraçou pelos ombros, quando entrelacei sua cintura.

"Dormiu bem?" eu questionei, roçando meus lábios nos dela.

"E tinha como não dormir bem?" foi a sua retórica divertida. Dei de ombros, lhe lançando um sorriso também divertido.

"Vai saber, né?" falei me fazendo de desentendida.

"Até parece, né Becky? Depois da nossa noite perfeita e de ter você me abraçando, como que eu não ia ter um sono dos deuses?" ela disse mordiscando meu queixo, me fazendo rir.

"Para," falei afastando nossos rostos, fugindo das suas mordidas e ela riu junto comigo. Dessa vez quando ela se aproximou foi para deixar um beijo gentil em meus lábios.

Fomos até a cozinha para que ela pudesse tomar seu café e eu aproveitei para lavar a louça que havia por ali. Ela tentou protestar que eu já havia cozinhado e que ela lavaria, mas eu dei de ombros. Ela podia comer enquanto eu fazia companhia e já ia limpando logo.

"Eu pensei uma coisa enquanto estava fazendo o café hoje," falei, mordendo meu lábio inferior em um leve receio. Eu havia pensando bem sobre o que eu iria propor a Freen, mas não queria que ela entendesse de forma errada o que eu iria dizer.

"O que, amor?" ela perguntou do seu lugar na mesa.

Eu, que havia terminado de lavar a louça, enxuguei minhas mãos e fui me sentar ao seu lado.

"Deixa eu falar tudo antes de você responde, pode ser?" eu pedi e ela arqueou as sobrancelhas.

"Tá bom," concordou, mesmo eu perdendo que não queria muito.

"Pelo o que eu vi ontem, a repercussão do nosso relacionamento tá sendo bem positiva depois da sua entrevista," comecei. Ela pareceu que queria falar algo, mas se conteve, me deixando continuar. "Eu não sei se é só impressão, já que não entendo nada disso, você sabe. Mas se não for, eu quero te dizer que eu estou disposta a te ajudar."

"Como assim?" ela perguntou.

"Eu sei que disse que não queria me meter no meio da mídia, mas se for pro seu bem, da sua carreira, eu estou disposta a fazer o que você precisar. Entrevistas, fotos, barraco com sua ex sogra, qualquer coisa..." a última parte a fez rir.

Ela deixou a xícara que tinha em mãos sobre a mesa e se virou melhor na cadeira que ocupada, para me encarar.

"Mas você odeia se expor," ela repetiu o que eu havia dito para ela algumas vezes.

"Eu sei, mas com você eu não me importo. Eu sou sua namorada sim e não ligo que o mundo inteiro saiba," fui intencionalmente melosa para lhe roubar um sorriso e consegui.

E só isso importava.